Lucro líquido da MRV sobe 64% no terceiro trimestre

A belo-horizontina MRV Engenharia Participações S/A, uma das 100 maiores empresas globais da construção civil e maior construtora residencial da América Latina, apurou lucro líquido de R$ 231 milhões no terceiro trimestre deste ano – resultado 64% maior que o verificado na mesma época do ano passado. O grupo, agora representado pela marca MRV&CO – que engloba as empresas MRV, Urba, Luggo, AHS e Sensia, também registrou, nos últimos três meses, Receita Operacional Líquida (ROL) de R$ 1,8 bilhão.
De acordo com o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da MRV, Ricardo Paixão, o resultado é fruto da contínua expansão da plataforma habitacional desenvolvida pelo grupo. Tanto que o desempenho do trimestre foi puxado pela venda de mais dois empreendimentos da AHS por R$ 669 milhões. A AHS é o braço de construção que atende as famílias da classe média norte-americana, a chamada workforce.
A empresa surgiu como investimento do fundador e principal acionista da MRV, Rubens Menin, em conjunto com alguns sócios, e, no começo do ano passado, o negócio foi vendido à MRV. A AHS constrói prédios residenciais, aluga os apartamentos e administra os empreendimentos, para depois vendê-los a grandes investidores.
“Estamos com uma participação bem importante da AHS. A empresa está ganhando relevância nos resultados. Há um espaço para crescimento absurdo lá fora, e acreditamos que esse desempenho será multiplicado nos próximos anos. Antes, os investidores olhavam com desconfiança para o negócio, porque não o conheciam. Passaram a conhecer e esperaram a recorrência dos empreendimentos. Agora que já temos um pipeline, a demanda está crescente”, explica.
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Para se ter uma ideia, considerando apenas os atuais empreendimentos já em construção ou em estabilização, a AHS possui um total de 2.648 unidades, equivalentes a um Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 3,5 bilhões.
No terceiro trimestre foi concluída a venda dos empreendimentos Banyan Ridge e Tamiami Landings, localizados na Flórida, com VGV de R$ 669 milhões, representando um Recebimento Líquido de R$ 327 milhões. Além desses e dos demais empreendimentos já vendidos em 2021, a companhia ainda detém outros quatro já em negociação para venda, que correspondem a 811 unidades e US$ 200 milhões de VGV, com Margem Bruta média de aproximadamente 28%.
Paixão lembra que a diversificação de produtos, mercados de atuação e fontes de funding da plataforma permite adaptar a estratégia de atuação conforme o contexto de cada mercado. E que a MRV&Co alcançou seu recorde histórico de vendas acumuladas nos últimos doze meses no último trimestre, totalizando R$ 7,7 bilhões, sendo 38,9% fora do programa Casa Verde e Amarela – o antigo Minha casa, minha vida. Dentro deste 38,9%, apenas a AHS responde por 16,2%.
Custo da construção impacta MRV
Já em relação ao mercado brasileiro, o destaque ficou por conta de uma estabilização nas pressões de custos dos materiais que, aliada à política de repasse de preços implementada a partir do mês de julho, resultou em uma margem bruta em linha com a reportada no trimestre anterior. O resultado no terceiro trimestre foi de 27,1%. Em igual época do ano passado foi de 28,1%. “Tivemos uma margem bruta menor no mercado interno, mas bem maior no externo, o que equilibrou o resultado”, explica o diretor.
A perspectiva para os próximos trimestres é de que a margem bruta permaneça estável, no mesmo patamar atual, até que o ciclo das obras atuais se complete e a estratégia de aumento dos preços dos produtos impacte positivamente o resultado.
Além disso, conforme o balanço da construtora, os lançamentos do terceiro trimestre somaram VGV de R$ 2,089 bilhões contra R$ 2,074 bilhões no mesmo período do ano passado. As unidades somaram 10.789 contra 11.575 na mesma ordem.
De maneira detalhada, foi lançado o segundo empreendimento da Sensia, o Horizontes do Atlântico, em Maceió (AL), totalizando 240 unidades e R$ 101 milhões em VGV. Com o início das negociações para a venda, oito empreendimentos da Luggo foram lançados, em um total de 1.647 unidades e R$ 390 milhões em VGV. E a Urba lançou mais um empreendimento no Estado de São Paulo, o Villa América, com um VGV total de R$ 48 milhões e 220 unidades.
Em termos de vendas, no geral, foram R$ 2,014 bilhões em VGV entre julho e setembro de 2021 contra R$ 1,968 bilhão em 2020. As unidades chegaram a 8.455 no terceiro trimestre deste ano e 12.303 na mesma época um ano antes.
Por fim, os lançamentos somaram R$ 6,2 bilhões no acumulado dos nove meses de 2021, representando um aumento de 14,1% frente a 2020. Já as vendas, R$ 5,7 bilhões, aumento de 4,4% frente aos nove meses do exercício passado.
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