Economia

Lucro não é a única forma de medir o sucesso de um negócio

Lucro não é a única forma de medir o  sucesso de um negócio
Sair do Casulo vai vender a arte produzida em instituições na RMBH - Divulgação

A sustentabilidade – baseada no tripé desenvolvimento econômico, responsabilidade ambiental e responsabilidade social – fez surgir, já há algum tempo, o chamado setor 2.5, formado por empresas que não são destinadas apenas ao lucro, mas que também não são organizações não-governamentais (ONGs) ou entidades sem fins lucrativos. Empresas desse tipo também são chamadas B.

Embora não existam muitas pesquisas sobre o tema no Brasil, é nítido o crescimento do que é também chamado setor B. Um relatório sobre Sustentabilidade do Sistema de Inteligência Setorial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicado em 2013, mostra que este modelo de negócios vem crescendo no País. Do total de empresas que procuravam o Sebrae naquela época, entre 20% e 30% eram projetos com este perfil.

No início do ano passado, a Pipe Social divulgou o 1º Mapeamento Brasileiro de Negócios de Impacto Socioambiental. O estudo mapeou 579 negócios sociais. 38% deles no setor de educação; 23% em tecnologias verdes; 12% em cidadania; 10% em saúde; 9% em finanças sociais e 8% em cidades.

Sair do Casulo – Em Belo Horizonte, algumas iniciativas têm dado bastante resultado. Criada há seis anos, a Sair do Casulo já se consolida como uma consultoria em gestão e educação para a sustentabilidade e tem o objetivo de auxiliar pequenas e médias empresas, organizações do terceiro setor, instituições de ensino e também famílias, oferecendo alternativas, conteúdos e produtos que contribuam com um mundo melhor.

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A empresa, de acordo com a sua idealizadora, Luana Ferreira, entra em uma segunda fase com a inauguração da sua primeira loja física, instalada no bairro Santa Teresa, na região Leste da Capital. “Trabalhando com treinamento e consultoria conheci muitas pessoas que criam produtos sustentáveis. Percebi também que o acesso a esses produtores nem sempre é fácil, então por isso criei o e-commerce. A inauguração da loja física agora é mais um passo. Na relação com o artesanato as pessoas querem tocar, ver de perto, então a loja vem atender esse público”, explica Luana Ferreira.

Na loja um mix com mais de 300 itens estará disponível entre produtos da Associação Futurarte, criada pelo Instituto Ramacrisna, que visa promover geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade que moram na área rural de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), da Cooperarvore, também de Betim e Cia. Candongas da Capital.

Já em outubro, a Sair do Casulo lança mais um serviço: a Caixa de Presente. Com ele o cliente que quiser presentear alguém vai poder enviar as características dessa pessoa e receber em casa uma caixa com sugestões de presentes selecionados de acordo com o perfil. Ela pode escolher uma ou mais peças e pagar apenas pelo que ficar. Não existe taxa de transporte da caixa.

“A loja vai oferecer uma gama de produtos muito maior do que o que é exposto no site. Teremos linhas exclusivas, como a para pets, por exemplo. De outro lado, a ideia da caixa é também mais uma maneira de nos aproximarmos das pessoas que querem ver de perto os produtos, mas não tem como ir à loja”, pontua a idealizadora da Sair do Casulo.

Costuras – Na mesma região, no bairro Santa Inês, a designer Cíntia Caroline expõe os produtos que desenvolve para a marca Costuras do Imaginário, que se caracteriza por imprimir mensagens em braile em produtos diversos como camisetas, objetos de decoração e acessórios. Surgida há dois anos, a Costuras nasceu de um projeto acadêmico que tinha como produto um livro. A vontade de torná-lo acessível a todo perfil de público levou a artista a pesquisar formas, texturas e formados.

“Depois disso, em conversas com amigos cegos entendi a dificuldade que eles passavam para organizar e reconhecer suas roupas no armário e pensei que eu poderia aplicar as libras sobre tecidos. Fui pesquisar, fazer testes e desenvolvi a técnica e os produtos”, relembra Cíntia Caroline.

Além da loja, as peças podem ser adquiridas pelo site da marca e em feiras que a idealizadora do projeto participa em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Em setembro foi lançada a Coleção Botões, feita em parceria com as mulheres do Lar das Cegas, instituição que busca a socialização de deficientes sociais no bairro Floresta, mantida pela Associação de Cegos Louis Braille.

Perfil

“Ter um endereço físico é importante para um negócio como esse porque muitas vezes o preço do frete para a entrega é mais caro que o próprio produto, o que inviabiliza o negócio. A parceria com o Lar das Cegas é uma forma de gerar renda para um grupo de pessoas que tem muita dificuldade de encontrar trabalho. O que buscamos todo o tempo é ressaltar a ideia de inclusão e sustentabilidade em cada um dos nossos mais de 100 produtos catalogados”, completa a designer.

Não há limites bem definidos para o setor 2.5, mas existem valores em comum entre os empreendedores:

– Ter impacto social e ambiental e viabilidade econômica
– Estar alinhado com a realidade local
– Causar impactos diretos na sociedade
– Gerar valor para as comunidades
– Promover o desenvolvimento das pessoas
– Manter a finalidade lucrativa

Sistema B

Sistema B é um movimento global que pretende redefinir o conceito de sucesso nos negócios e identificar empresas que utilizem seu poder de mercado para solucionar algum tema social e ambiental. Criada nos Estados Unidos, a iniciativa tem o objetivo de apoiar e certificar as empresas que criam produtos e serviços voltados para resolver problemas socioambientais.

Para conseguir uma mudança sistêmica na economia, onde se conheça e se valore as Empresas B, é necessário gerar conexões críticas entre os principais atores, para a construção de Comunidades de Prática, que serão o motor da mudança para novas economias.

As Comunidades de Prática são grupos de pessoas com uma paixão comum, que interagem regularmente para melhorar suas práticas e articulam condições favoráveis aos seus interesses, é um grupo com vida própria (organização, agenda e metas) e construirão uma visão conjunta da economia com finalidade social e ambiental que se quer compartilhar e os meios para alcançá-la.

As empresas que formam o Sistema B se distinguem por:
Resolver problemas sociais e ambientais a partir dos produtos e serviços que vendem, e também com suas práticas laborais, socioambientais, as comunidades, os fornecedores e os públicos de interesse.

Para demonstrar isso passam por um rigoroso processo de certificação que examina todos os aspectos da empresa. Devem atender aos padrões de desempenho mínimos, além de assumir forte compromisso com a transparência ao relatar publicamente seu impacto socioambiental.

Também fazem as mudanças legais para proteger sua missão ou finalidade comercial e, portanto, combinar seu interesse público com o privado.

Fonte: http://nossacausa.com/sistema-b-o-que-e-isso/

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