Maioria dos brasileiros vai pagar dívidas com a restituição do IR; veja como usar o dinheiro

Com o início do calendário de restituição do Imposto de Renda (IR) marcado para 30 de maio, uma pesquisa encomendada pela Serasa e realizada pelo Instituto Opinion Box revela que 67% dos brasileiros pretendem usar o recurso para quitar dívidas, pagar contas básicas ou resolver pendências financeiras inesperadas.
Confira como os brasileiros pretendem usar a restituição do Imposto de Renda
- 25% declararam que vão pagar dívidas
- 23% devem quitar contas do dia a dia
- 11% pretendem usar o valor para cobrir despesas não planejadas
- 8% vão limpar o nome
- 16% vão poupar o dinheiro
- 14% têm a intenção de investir
- 3% vão reformar um imóvel
Segundo o especialista em educação financeira da Serasa, Thiago Ramos, o uso da restituição do Imposto de Renda para o pagamento de dívidas aponta para uma mudança de comportamento entre os brasileiros.
“Isso revela maior consciência do consumidor sobre a importância de ter o nome limpo, principalmente para conseguir crédito, que é a principal barreira encontrada pelos inadimplentes: a dificuldade de conseguir um empréstimo ou um cartão de crédito, por exemplo”, explica Ramos.
Crescimento no uso da restituição para quitar dívidas
O aumento no número de pessoas que pretendem utilizar a restituição do IR para quitar dívidas é expressivo: em anos anteriores, 45% dos contribuintes tinham esse objetivo, contra os 67% apontados na pesquisa deste ano.
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Segundo Ramos, o Brasil vive um cenário preocupante, com mais de 76 milhões de brasileiros inadimplentes, o que representa cerca de 46% da população adulta.
“A Serasa tem feito parceria com mais de mil empresas para oferecer descontos, inclusive fora de época dos feirões, para ajudar os consumidores a negociarem suas dívidas”, ressalta o especialista.
Educação financeira ainda é desafio contra as dívidas
Apesar da importância da restituição do IR no alívio das dívidas, a baixa adesão à poupança e aos investimentos ainda é um obstáculo para grande parte da população. Para Ramos, essa realidade está diretamente ligada à falta de educação financeira nas escolas e no ambiente familiar.
“Poucos brasileiros buscam investir por falta de educação financeira. Não é um tema presente na grade de ensino, tanto das escolas públicas quanto de muitas instituições privadas. E também não é cultural, não é normal ser um assunto de pai para filho”, destaca.
O especialista recomenda a aplicação da regra 50-30-20 como um caminho simples e eficiente para o controle do orçamento familiar:
- 50% da renda para despesas essenciais (como água, luz, gás, supermercado, aluguel),
- 30% para lazer e parcelamentos (compras parceladas do cartão de crédito),
- 20% para poupança ou investimentos.
“Quando o consumidor guarda 20% todos os meses, ao final de cinco meses ele tem um mês completo de renda. Isso diminui muito a chance que o primeiro imprevisto leve ao atraso de uma conta e consequentemente a inadimplência. Mesmo que não consiga os 20%, o importante é começar”, reforça.
Veja dicas para usar bem a restituição do IR
De acordo com o especialista, a forma como a restituição do IR será usada deve levar em conta a situação atual do consumidor. “A ordem é definida pelo momento do consumidor. Se ele estiver precisando de crédito, o importante é priorizar o pagamento de dívidas”, explica Ramos.
Dívidas com menos de cinco anos, que negativam o nome e impedem o acesso a crédito, devem ser as primeiras a serem quitadas. No entanto, as dívidas com maiores juros ou maiores descontos também devem ser priorizadas.
Para quem possui mais de uma dívida, o especialista orienta começar por aquela que for possível pagar primeiro. A restituição do IR pode ser usada para quitar algum débito ou, pelo menos, começar o pagamento.
“O brasileiro, em média, possui três dívidas ou mais. Ele pode priorizar aquela que ele consegue no momento, terminar de pagar, negociar a segunda e a terceira. Ao longo do ano, aparecem oportunidades de negociação através da Serasa e seus parceiros”, diz.
Ele destaca que a Serasa oferece canais digitais e físicos, como site e aplicativo, além de parcerias com agências dos Correios, para facilitar o acesso às informações e negociações de dívidas.
Restituição também é oportunidade para limpar o nome
A restituição do Imposto de Renda também representa uma excelente oportunidade para quem está com o nome negativado. A recomendação é fazer um diagnóstico financeiro, listando receitas e despesas, para entender quanto do valor pode ser destinado ao pagamento ou parcelamento de dívidas.
“O consumidor pode usar esse valor para pagar uma dívida à vista ou como entrada em um parcelamento. Lembrando que, ao pagar a primeira parcela, a dívida já sai do nome”, afirma Ramos.
Além disso, é fundamental usar o restante da restituição com cautela, guardando parte do valor para futuras parcelas ou emergências reais.
Restituição do IR deve entrar no planejamento financeiro
Por fim, o especialista recomenda que o Imposto de Renda seja incluído no planejamento anual do consumidor, tanto no momento da declaração quanto na previsão de restituição.
“É importante que ele tenha isso como uma simulação, mas que não leve em consideração já para fazer dívidas. O consumidor deve esperar o valor ser depositado ou pelo menos aparecer na ferramenta do imposto de renda”, alerta.
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