Setor de serviços lidera abertura de empresas em Minas Gerais no primeiro semestre

O setor de serviços continua exercendo um papel relevante na economia mineira. De acordo com dados divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Minas), 59% das quase 287 mil empresas abertas no primeiro semestre em Minas Gerais são de prestação de serviços. Porém, o número de fechamentos também aumentou no período e acende um alerta sobre sustentabilidade dos negócios.
De acordo com os números levantados pelo Sebrae Minas, ao todo foram 286.923 novas empresas entre janeiro e junho deste ano no Estado. A maioria delas foi aberta em Belo Horizonte (53 mil), seguido por:
- Uberlândia, no Triângulo Mineiro (16,3 mil)
- Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (12,2 mil)
- Juiz de Fora, na Zona da Mata (8,8 mil)
- Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (7,5 mil)
No mesmo período, foram encerradas 168 mil empresas em Minas Gerais, gerando um saldo de quase 119 mil empresas, 30% maior que o saldo de 2024 que foi 90,8 mil.
Em todo o Estado, o setor de serviços foi o que mais atraiu o interesse dos empreendedores, sendo responsável pela abertura de 167,8 mil novos empreendimentos. As atividades relacionadas à promoção de vendas, serviços de beleza como cabeleireiro, manicure e pedicure, serviços administrativos e transporte de cargas são as mais escolhidas pelos empresários.
Apesar do saldo positivo no setor de serviços no período analisado, o número de empresas encerradas cresceu 17,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado, passando de 71 mil para 84 mil. Fato que indica que a saúde financeira dos negócios ainda é um desafio.
A analista do Sebrae Minas Juliana Viana Martins explica que o aumento nos fechamentos mostra que abrir empresa é “apenas” o primeiro passo. “Muitos empreendedores ainda enfrentam dificuldades no planejamento, na gestão, no acesso ao crédito, na adaptação ao mercado e na inovação”, diz.
De acordo com ela, os motivos principais para o maior número de empresas fechadas podem ser atribuídos aos custos financeiros elevados, sobretudo o crédito, à retração da economia e à redução do consumo.
Número de micro e pequenas empresas fechadas no setor de serviços sobe 54% no Estado
Quando analisadas apenas as micro e pequenas empresas, a situação se repete em Minas. No primeiro semestre, conforme estudo do Sebrae, foram 59,3 mil aberturas e 47,4 mil fechamentos, gerando um saldo de 11,9 mil micro e pequenas empresas. Porém, o saldo apresenta queda de 43% em relação ao mesmo semestre de 2024, quando chegou a 20,9 mil.
Da mesma forma, entre as micro e pequenas empresas, o setor de serviços também se destacou com cerca de 38,2 mil novos empreendimentos no primeiro semestre (64,3% do total). Entretanto, o fechamento de empresas subiu 54,23% em relação ao mesmo período do ano anterior. No primeiro semestre de 2024, 14,6 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas ante 22,5 mil neste ano. Números que geram saldo líquido 11% menor em 2025, mostrando uma desaceleração dos negócios. Enquanto o saldo do ano passado foi de 17,5 mil empresas, este ano está em 15,5 mil.
Ainda entre as micro e pequenas empresas, os setores de comércio e indústria apresentaram saldo negativo, com mais fechamentos do que aberturas no primeiro semestre. No setor de comércio foram 14,2 mil aberturas e 16,1 mil fechamentos, gerando saldo negativo de quase 2 mil empresas. Já no setor industrial, foram cerca de 6 mil empresas abertas no período e 8,2 mil fechamentos, um saldo negativo de quase 2,2 mil empresas.
Para Juliana Martins, apesar dos desafios macroeconômicos como juros elevados, inflação acima da meta e baixo dinamismo do Produto Interno Bruto (PIB), os empreendedores mineiros têm mostrado uma capacidade de adaptação, além de uma retomada moderada da confiança ao longo do semestre. Mesmo em um contexto de política monetária restritiva e crescimento econômico moderado, ela considera que os empresários seguem se adaptando, desconcentrando as economias e se fortalecendo, sobretudo no setor de serviços.
“As micro e pequenas empresas continuam demandando políticas públicas mais estruturadas de apoio à sobrevivência e à inovação, já que reforçam um quadro de vulnerabilidade frente ao custo do crédito e às pressões operacionais. Especialmente nos setores mais impactados como indústria e comércio”, afirma.
Na avaliação da analista do Sebrae, muitas vezes o empreendedor demora para buscar orientação. Ela recomenda que os empresários procurem apoio qualificado para auxiliar na jornada empreendedora. “Muitos deixam para procurar auxílio apenas quando a situação já está muito ruim. Mas é importante que busquem informação de potencial de mercado, de educação financeira, de marketing e inovação para garantir a sustentabilidade do negócio”, conclui.
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