Economia

Manutenção da Selic pelo Copom já era esperada por economistas

Especialistas consultados pelo Diário do Comércio apontam que manutenção da Selic não deve mudar de forma significativa as projeções para este ano
Manutenção da Selic pelo Copom já era esperada por economistas
Batista lembra que movimento do Copom foi sinalizado já em maio passado Foto: Arquivo Pessoal / Alisson Batista

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), de interromper o ciclo de cortes da taxa Selic, os juros básicos da economia, já era aguardada pelos economistas ouvidos pelo Diário do Comércio. A taxa foi mantida em 10,5% ao ano e não deve alterar, de forma substancial, as estimativas de crescimento para 2024.

Para o economista e professor da Una, Fernando Sette Júnior, a manutenção da Selic não causou surpresa e está relacionada ao desempenho da inflação. “A decisão do Banco Central foi acertada, tanto que foi unânime”, observa. Ele acrescenta que a medida não deve alterar as perspectivas de crescimento.

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em maio, o IPCA registrou alta de 0,46%. O indicador acumula alta de 3,93% em 12 meses, cada vez mais distante do centro da meta deste ano. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

No último boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras feita pelo BC, a estimativa de inflação para este ano subiu de 3,8% há quatro semanas para 3,96%.

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Assim como o professor da Una, o economista e consultor Carlos Caixeta também avalia a decisão do Copom como correta, já que o Banco Central identificou um pequeno aumento na inflação deste ano. Ele também destacou a unanimidade da decisão, diferente da reunião anterior que aconteceu em maio, que teve um placar dividido.

Caixeta ressalta que o último relatório Focus, divulgado na segunda-feira (17), já captou a “leve redução” do Produto Interno Bruto (PIB), a projeção passou de 2,09% para 2,08%. “Eu creio que em função desse aperto monetário que continua, o PIB deve girar em torno de 2%, é uma pequena redução”, diz.

Na análise do economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Wallace Pereira, o principal fator que influenciou na decisão do Copom pela manutenção da Selic foi o “humor do mercado em relação à política monetária” do País.

“A decisão poderia ser direcionada no sentido de uma queda de 0,25 ponto percentual da taxa Selic”, defende. Para ele, ainda é cedo para fazer uma revisão do crescimento da economia brasileira para o ano de 2024 e aposta numa alta no patamar de 2,5%.

Manutenção da Selic pelo Copom não deve mudar projeções para o PIB

O coordenador do curso de economia e professor do Ibmec BH, Ari Francisco de Araújo Júnior, afirma que as previsões de crescimento para os próximos meses, bem como para 2025 não devem sofrer grandes impactos devido especificamente à última decisão do Copom. “De qualquer forma, está claro que o mercado enxerga a economia com bastante incertezas no curto e médio prazos”, diz.

Para o professor de Ciências Contábeis e diretor da Estácio Floresta, Alisson Batista, a ausência de corte na reunião do Copom de quarta-feira (19) era aguardada, já que no encontro ocorrido em maio já foi sinalizado que não haveria novas baixas. Em maio, a taxa foi cortada em 0,25 ponto percentual. Ele observa que os impactos da Selic na economia não são imediatos e são sentidos num prazo de quatro a seis meses.

A manutenção da Selic em 10,5% ocorre após o Copom reduzir a Selic por sete vezes seguidas. Na última reunião, em maio, a velocidade dos cortes diminuiu. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião.

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