Economia

Marketing de influência soma US$ 24 bilhões em investimentos no mundo; saiba mais sobre o setor

O marketing de influência pode servir como ferramenta para aproximar as marcas dos consumidores
Marketing de influência soma US$ 24 bilhões em investimentos no mundo; saiba mais sobre o setor
Foto: Adobe Stock

O mercado de marketing de influência está em plena expansão no Brasil. O setor tem atraído cada vez mais profissionais e empresas interessadas nos benefícios que essa área pode proporcionar. No entanto, esse segmento ainda precisa superar alguns desafios para se consolidar de forma definitiva no País.

De acordo com as estimativas de relatório publicado pela We Are Social e pela Meltwater, o setor somou US$ 24 bilhões em investimentos em todo o mundo no ano passado. Já o estudo “ROI & Influência 2024”, da Youpix e Nielsen, aponta que 61% das marcas pretendem aumentar o investimento em marketing de influência ao longo deste ano.

Para o fundador da agência Non Stop, e um dos maiores empresários do ramo digital na América Latina, João Mendes Miranda, o segmento já é uma realidade bastante sólida no Brasil, porém, ainda longe de atingir todo o seu potencial. Ele lembra que, além dos influenciadores digitais, o mercado também conta com empresas que adotam inteligência artificial (IA), tecnologias de automação e estratégias on-line para se aproximarem dos clientes.

“A pandemia acelerou muito a digitalização de todos os setores, fazendo com que o público estivesse ainda mais conectado. Esse cenário abriu espaço para marcas grandes e pequenas explorarem novas frentes no marketing de influência, seja colaborando com criadores de conteúdo ou usando ferramentas tecnológicas para personalizar campanhas”, relata.

Portanto, Miranda reforça que o mercado de marketing de influência já está bem estabelecido no País, mas que ainda tem muito a crescer, principalmente, considerando o avanço da inovação e a adoção de novas plataformas.

A CCO da agência Chango, Amanda Caliari, também acredita que esse mercado está cada vez mais estabelecido. Ela ainda ressalta que, devido ao dinamismo da internet e do mundo digital, esse setor tem se renovado constantemente e encontrando novas possibilidades para crescer.

“É um mercado que já atrai muito investimento e gera muito resultado, mas que ainda pode ser muito mais explorado com novas tecnologias, experimentações de linguagem e novos formatos de conteúdos”, avalia.

Uma pesquisa realizada pelo Opinion Box, em parceria com a Influency.me, aponta que a porcentagem de marcas que investem neste setor passou de 54%, em 2023, para 64% no ano passado.

Maioria dos consumidores já compraram após recomendação de influencers

O marketing de influência é um fator poderoso no mundo do consumo de produtos e serviços. A Opinion Box e a Influency.me também produziram um relatório que aponta que a maioria (69%) dos consumidores entrevistados pelo estudo afirmam já ter comprado algo após recomendação de um influenciador nas redes sociais.

Dentre os integrantes desse grupo, 45% adquiriram cosméticos. Outros destaques foram as roupas e os cursos e demais conteúdos educacionais, ambos os segmentos com 40% dos respondentes.

Quanto aos motivos para a compra, 48% das pessoas relatam que já tinham o desejo de adquirir, mas o fato de o influenciador testar e aprovar o produto foi algo decisivo. Além disso, 37% dos entrevistados apontam para os preços baixos e 34% para a curiosidade a respeito de um item, até então, desconhecido.

O levantamento demonstra as vantagens de apostar nas parcerias com influenciadores digitais. Isso porque 77% dos brasileiros que compraram algo recomendado por um influencer demonstram algum nível de satisfação. Além disso, 75% consideram provável que voltem a comprar por indicação.

Sabendo da força que o marketing de influência possui, muitos influenciadores digitais acabaram criando suas próprias marcas. No entanto, 49% dos entrevistados disseram que ainda não compraram produtos deste tipo de marca, contra 33% que já adquiriram.

Homem gravando um vídeo para a internet.
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Crescimento do mercado e perfil do público

Para Amanda Caliari, existem vários fatores que levaram o mercado de marketing de influência a atingir o patamar atual. Dentre eles está o período da pandemia de Covid-19, que acelerou a potencialização dos criadores de conteúdo.

Além disso, há também a necessidade das marcas e grandes players se reinventarem para alcançar os consumidores por meio do digital, e os creators acabaram se tornando os novos rostos para publicidades e campanhas.

Já João Mendes Miranda aponta para a digitalização acelerada durante a pandemia e a expansão das redes sociais e das ferramentas de análise de dados como dois principais fatores que contribuíram para esse avanço.

A digitalização possibilitou a manutenção do relacionamento com os consumidores, enquanto as ferramentas de análise de dados permitiram às marcas medir o real impacto das suas ações digitais.

“Nesse meio tempo, muitas profissões se fortaleceram, como estrategistas de conteúdo, gestores de tráfego on-line e especialistas em inteligência artificial aplicada ao marketing. Toda essa movimentação impulsionou a popularização e a eficiência do marketing de influência e de outras estratégias digitais”, diz.

A pesquisa realizada pelo Opinion Box, em parceria com a Influency.me, aponta que o público dos influenciadores nas redes sociais é formado, principalmente, por mulheres (84%) e jovens com idade entre 16 e 29 anos (89%).

Dentre as diferentes redes sociais, o Instagram se destaca, sendo utilizado por 91% dos seguidores de influencers no Brasil. Outro destaque foi o YouTube, com mais da metade (54%) do público utilizando essa mídia para acompanhar determinados influenciadores.

O estudo também aponta que 65% do público seguem influenciadores que falam de assuntos que são de interesse pessoal. Características como simpatia e carisma (46%), conteúdo atraente (46%) e experiência em determinada área ou assunto (44%) também podem influenciar na decisão de seguir um influencer.

Por outro lado, apesar de ser um trabalho que envolve imagem, a aparência física tem pouca influência nessa tomada de decisão, sendo citada por apenas 7% dos entrevistados.

A perda da qualidade do conteúdo produzido é apontado como o principal motivador para que alguém pare de seguir determinado influenciador digital, sendo mencionada por 56% das pessoas. Opiniões e posicionamentos distintos do público (44%) e o grande número de propagandas e posts patrocinados (36%) também podem impactar negativamente.

Um ponto curioso, apresentado pelo levantamento, é que 14% dos entrevistados disseram que seguem influenciadores que não gostam ou admiram. Além disso, 14% admitem interagir com o conteúdo desses influencers, expressando críticas ou insatisfações.

Para 34% dos respondentes, a opinião pessoal dos influenciadores é importante ou muito importante. Quanto ao posicionamento político e relacionado a questões sociais, esse resultado sobe para 41% dos brasileiros atribuindo algum nível de importância a esses aspectos.

Digital influencer
Crédito: Reprodução Pexels

Desafios para o crescimento do marketing de influência

Apesar de ser um mercado muito promissor no Brasil, o marketing de influência ainda necessita superar algumas barreiras para seguir crescendo nos próximos anos. A CCO da Chango ressalta que o segmento exige cada vez mais profissionalismo por parte das pessoas envolvidas nesse mercado.

Amanda Caliari relata que o mercado sofreu com uma baixa profissionalização tanto por parte dos criadores de conteúdo quanto das agências e das marcas. Além de uma diretriz guiada pelo feeling e percepções particulares, muitas vezes, sem embasamento em pesquisas de comportamento, análises de consumo e interpretação de métricas e dados.

“O próprio dinamismo do mercado cria um constante estado de ‘estamos aprendendo fazendo’ para muitas pessoas e marcas, que acabam executando sem processos e estratégias definidas”, explica.

Enquanto Miranda acredita que o setor precisa avançar em três aspectos principais. Uma delas é a profissionalização e regulamentação, por meio do desenvolvimento de regras claras, contratos bem estruturados e políticas de transparência para o público e para os parceiros.

Inclusive, um estudo realizado pela agência Brunch, em parceria com a consultora Youpix, aponta para a necessidade de uma visão mais empresarial deste grupo. O número de criadores que não tem empresa aberta mais do que dobrou na comparação com 2023, chegando a 20,87% no ano passado.

Além disso, só 9,22% dos pequenos influenciadores digitais, com até 10 mil seguidores, apontam o apoio jurídico como uma das necessidades urgentes. Esse resultado é ainda mais baixo entre os creators com mais de 10 mil seguidores, em que apenas 7,89% se atentem aos cuidados jurídicos.

O levantamento ainda demonstra que 74% dos influenciadores menores do País trabalham sozinhos, e que apenas 7,15% têm equipes formadas por mais de duas pessoas. O cenário muda entre os grandes creators, em que somente 31,58% não possuem uma equipe.

Outro aspecto mencionado pelo o fundador da Non Stop é o uso estratégico da tecnologia. Para Miranda, as ferramentas de IA, automação e análise de dados precisam ser usadas de maneira mais ampla e aprofundada. “Para que as campanhas sejam mais eficientes e personalizadas”, completa.

Ele ainda destaca a importância da formação de talentos, já que a velocidade das mudanças exige profissionais cada vez mais preparados em todas as áreas. Para o especialista, investir em educação continuada é essencial para acompanhar esse ritmo de transformações.

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