Materiais elevam custo da construção civil em um cenário de instabilidades

Após avanços no preço de materiais, o custo da construção civil em Minas Gerais apresentou leve alta de 0,06% em fevereiro. No período, o preço total por metro quadrado atingiu R$ 1.713,28, sendo R$ 985,21 referentes aos materiais e R$ 728,07, à mão de obra, conforme aponta o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Caixa Econômica Federal.
De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá, o resultado é reflexo da valorização do dólar frente o real, o que afetou significativamente o custo de insumos. Somente nos últimos 12 meses, a variação no Estado chegou a 5,92%.
Os avanços, segundo o dirigente, devem ser repassados ao consumidor final, com lançamentos de imóveis mais caros em decorrência do ajuste de custos das construtoras. “Estamos em um cenário de instabilidades, com altas nos juros, no preço de insumos e a tendência é aumentar o preço para equacionar o custo”, destaca.
A apreensão do setor, segundo ele, é ainda maior após a cobrança de 25% sobre importações de aço nos Estados Unidos para diversos países, como o Brasil – segundo maior fornecedor da matéria-prima para o país norte-americano. A medida poderá trazer instabilidade para grandes players locais, o que pode afetar o fornecimento do insumo no mercado nacional.
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“Não sabemos como as indústrias irão reagir. Se não conseguirem vender para os Estados Unidos, pode ser que observaremos o fechamento de plantas e a redução na produção, o que pode levar a um aumento ainda mais expressivo no preço desses materiais”, ressalta Lafetá.
Setor está apreensivo com liberação de uso do FGTS
No Brasil, o avanço observado de custos do setor foi de 0,23% em fevereiro e 4,39% no acumulado anual. No último mês, o preço médio do metro quadrado em território nacional foi de R$ 1.803,90, com menor valor observado em Pernambuco (R$ 1.603,44) e maior valor observado em Santa Catarina (R$ 2.039,26).
Para os próximos meses, a expectativa é de apreensão em função de aumentos de insumos e manutenção da taxa de juros elevada. Entretanto, o dirigente destaca que o fator de maior preocupação é a mudança nas regras do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O governo federal editou uma medida provisória que autoriza trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário, até a data de publicação da MP, a acessar os recursos retidos no fundo.
A iniciativa é encarada como uma “bomba” para o setor de habitação, já que reposição do montante é a longo prazo e pode levar a um extremo desequilíbrio estrutural no fundo. “Estamos tentando conversar com o governo e isso é uma questão de sobrevivência da atividade da construção e da oferta de habitação”, conclui Lafetá.
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