Mendes Júnior começa a quitar dívida com ex-funcionários
Após cerca de dois anos e meio de espera, ex-funcionários da Mendes Júnior Trading e Engenharia começaram a receber seus acertos trabalhistas. A primeira parcela foi depositada anteontem. As parcelas mensais têm limite de até R$ 1 milhão, sendo quitados os valores devidos do menor para o maior. Consultada, a equipe do escritório do advogado José Murilo Procópio, que representa a Mendes Júnior, confirmou que o pagamento foi feito e que serão mantidos conforme previsto no plano de recuperação judicial.
Em abril de 2016, a Controladoria-Geral da União (CGU) declarou a inidoneidade da empresa, acusada de fraudar licitações, pagar propina a agentes públicos e outros atos investigados na Operação Lava Jato. Com isso, a empresa entrou em processo de recuperação judicial. Em 16 de abril deste ano, foi aprovado o plano de recuperação judicial da construtora, evitando uma possível falência da companhia. O valor total das negociações ficou próximo de R$ 500 milhões. Ao todo, a empresa negocia com 3.311 credores habilitados.
Com o acordo de abril, a expectativa era que os pagamentos começassem a ser feitos ainda no primeiro semestre. Entretanto, o plano foi suspenso em junho pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), após recurso do Banco Bradesco, alegando que a proposta da empresa não prevê a liberação de garantias a pagamentos. Também foram questionadas a carência para início de pagamento, que nesse caso específico é de cinco anos, e a ausência de juros sobre o valor devido, estando prevista apenas a correção monetária.
Desde então, não havia tido uma definição sobre essa pendência, tendo havido questionamentos por parte dos representantes da construtora e também da administradora-judicial da recuperação da Mendes Júnior, a advogada Maria Celeste Morais Guimarães.
Contas judiciais – Mas nova decisão judicial de novembro definiu pelo pagamento dos credores trabalhistas e demais créditos de pequeno valor, com liberação dos valores bloqueados em contas judiciais. O prazo para o pagamento venceu este mês. O efeito suspensivo fica valendo somente para uma cláusula do plano de recuperação que é questionada pelo Bradesco.
Ex-funcionário da Mendes Júnior, Marcos Paulo Bahia foi um dos que começou a receber seu acerto esta semana. “Vamos agora acompanhar o cumprimento do acordo”, disse. Ele ressalta que seu desligamento da empresa ocorreu em março de 2016, mas ele estava sem receber salário ou acerto desde fevereiro daquele ano. Ele descreve que nesse período, muitos funcionários ficaram em dificuldades. “Havia funcionários com 40 anos de casa que contavam com o acerto como aposentadoria”, ponderou.
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