Mercado livre de energia cresce mais de 32% em Minas

No primeiro semestre deste ano, 216 empresas mineiras aderiram ao mercado livre de energia. Na comparação com os primeiros seis meses do exercício passado, o volume de companhias do Estado que ingressaram no ambiente cresceu 32,5%. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
De acordo com a pesquisa, o número de migrações em Minas Gerais, entre janeiro e junho, foi o quinto maior do Brasil. Apenas São Paulo, com 1.009 novos pontos de consumo; Rio Grande do Sul (343); Paraná (236) e Rio de Janeiro (217) ficaram à frente. Entre os dez primeiros ainda ficaram os seguintes estados: Santa Catarina (186), Pernambuco (137), Bahia (134), Goiás (121) e Ceará (109).
A vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE, Talita Porto, destaca que o ritmo de adesões ao mercado livre de energia está mais acelerado em 2023 em todo o País. Ela explica que esse avanço mostra que o ambiente tem se tornado cada vez mais atrativo. E que os clientes veem não só a possibilidade de economia e flexibilidade de contratação como também um caminho para avançar em direção a uma operação mais sustentável com a compra de energia renovável.
Segundo ela, o crescimento das unidades consumidoras ainda reflete os preços mais baixos praticados pelos fornecedores do segmento ao longo de 2023. De acordo com Talita Porto, diferentemente do que ocorre com a tarifa das distribuidoras, os valores no ambiente livre variam com maior frequência, e o cenário positivo de chuvas, ocorridos desde o final de 2021, ajudaram a reduzir o custo da energia negociada. Isso, conforme a executiva, atrai potenciais clientes.
“Especificamente com relação a Minas Gerais, a própria força da economia do Estado, que faz com que a região conte com grandes e importantes grupos industriais e empresariais, ajuda a explicar a sua posição no ranking. Considerando que, atualmente, apenas grandes e médios consumidores de energia podem optar pelo segmento livre, é natural que os locais com maior concentração de indústrias e empresas reúnam um volume significativo de migrações”, afirma.
Comércio, serviços e indústria alimentícia se destacam
O balanço da CCEE também mostrou que a maioria das novas unidades consumidoras em Minas foi oriunda de empresas do ramo comercial, seguido por serviços e indústria alimentícia.
Talita Porto esclarece que cada ponto de consumo representa um estabelecimento comercial, um escritório ou uma fábrica. Logo, uma rede de restaurantes, por exemplo, pode ter várias de suas unidades comprando energia no segmento livre. Segundo ela, esse cenário é mais comum nos setores de comércio e serviços por serem mais pulverizados do que nos ramos industriais.
“Além disso, vale notar que os grandes consumidores eletrointensivos, como é o caso da indústria metalúrgica e química, já aderiram ao mercado livre há anos. Portanto, o que temos percebido, é que as migrações atuais são compostas por unidades de menor porte, o que justamente é o caso dos setores como comércio, serviços e fábricas de alimentos”, ressalta.
Tendência para o segundo semestre e potencial de migração a partir de 2024
Os números de janeiro a junho foram positivos, porém existe a dúvida se haverá uma diminuição do movimento no segundo semestre. Isso porque, a partir de janeiro de 2024, a regra de adesão ao ambiente livre passará por mudanças, permitindo que todos os consumidores conectados na alta tensão, independentemente do quanto consomem de energia, possam optar pelo segmento.
Conforme Talita Porto, não há sinais de que acontecerá uma desaceleração incomum do ritmo de avanço na segunda metade do ano. Ela ressalta, no entanto, que é válido observar essa alteração no regulamento. E destaca que, segundo estimativas da associação, existe um potencial de migração de até 72 mil cargas para o mercado livre de energia após a implementação da medida.
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