Economia

Mercado consumidor em BH continua ancorado por emprego e renda

O mercado de trabalho aquecido é um dos fatores que evitam uma retração muito acentuada da intenção de consumo das famílias
Mercado consumidor em BH continua ancorado por emprego e renda
Crédito: Alessandro Carvalho

O mercado consumidor em Belo Horizonte (BH) ainda se mantém aquecido mesmo com a redução do índice da pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que registrou queda de 1,0 ponto em janeiro. O indicador geral foi de 89,4 pontos, abaixo do nível de satisfação que é considerado no patamar de 100 pontos.

Os dados são da pesquisa ICF, analisada pelo núcleo de Pesquisa & Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG) e aplicada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e mostram que a renda e a segurança no emprego também perderam pontos no primeiro mês do ano, mas seguem acima dos 100 pontos em nível de satisfação.

Para a economista da Fecomércio MG Gabriela Martins o mercado de trabalho ainda bastante aquecido é um dos fatores que evitam uma retração muito acentuada da intenção de consumo das famílias.

“Apesar do mercado de trabalho aquecido, com níveis muito baixos de desemprego, a intenção de consumo das famílias se encontra em um patamar abaixo do nível de satisfação. O custo elevado do crédito, influenciado pelo aumento expressivo da taxa Selic, é um dos principais fatores para influenciar negativamente no consumo, afetando, principalmente, a compra de bens duráveis”, avalia.

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Mesmo com a retração do indicador geral do ICF, os indicadores para o consumo cresceram no mercado de Belo Horizonte. O indicador do nível de consumo subiu 2,6 pontos em janeiro atingindo 82,0 pontos. A somatória dos que estão comprando igual (25,9%) ou mais (28%), em comparação com mesmo período de 2024, é maior do que o percentual que aponta que a família está comprando menos este ano e que totaliza 46,0%.

A perspectiva de consumo para a população e para a família nos próximos seis meses aumentou 0,5 ponto em relação a dezembro atingindo 105,4 pontos. Veja o que apontou a pesquisa:

  • Para 42,9% o consumo deverá ser igual ao segundo semestre de 2024,
  • para 31,2% será maior
  • e para 25,8% o consumo será pior nos próximos meses.

O índice do consumo de duráveis de janeiro ficou abaixo de dezembro, registrando 63,3 pontos, em comparação com os 64,4 pontos do mês anterior. Para 67,4% dos entrevistados o momento não é bom para o consumo de duráveis.

o indicador que mede a segurança quanto ao emprego atual está em nível de satisfação com 109,2 pontos, mas registra queda de 3,9 pontos em relação a dezembro quando chegava a 113,0 e em relação ao mesmo período de 2024 quando era de 123,4 pontos.

Para 49,3% dos entrevistados, o nível de segurança no emprego está como em janeiro de 2024 e outros 27,4% dizem que estão mais seguros atualmente. O indicador mostra que, entre as famílias que ganham acima de dez salários mínimos, a segurança no emprego chega aos 126,7 pontos; entre as que ganham menos cai para 106,4 pontos.

“Entretanto, a perspectiva profissional vem diminuindo consideravelmente ao longo dos meses. Esse efeito pode estar associado as incertezas do consumidor quanto a situação econômica futura, principalmente no que tange as possíveis restrições de investimentos por parte dos empresários devido ao aumento dos juros, o que pode afetar diretamente o mercado de trabalho”, comenta a economista da Fecomercio MG.

Expectativas do consumidor de Belo Horizonte sobre mercado de trabalho e renda

O ICF de janeiro do mercado de trabalho em Belo Horizonte mostra que 52% dos entrevistados não acreditam que o chefe do domicílio terá melhora profissional nos próximos seis meses. Outros 40,2% acreditam que haverá essa melhora.

O indicador da perspectiva profissional caiu 7,8 pontos em relação a dezembro de 2024 reduzido a 88,2 pontos. Famílias com ganhos acima de dez salários têm índice satisfatório, de 118,2 pontos; as que ganham abaixo da faixa de renda ficam bem abaixo, com 83,5 pontos em relação à perspectiva de melhora profissional.

A comparação da renda atual com mesmo período de 2024 subiu 0,1 ponto sobre o indicador de dezembro chegando a 95,8 pontos em janeiro. Para 53,5% dos entrevistados a renda atual está igual à de janeiro de 2024 e para 21,1% está melhor; para 25,4% a renda atual está pior neste ano. Famílias com renda acima de 10 salários apresentam satisfação com a renda atual, com 113,5 pontos, enquanto as de renda menor demonstram insatisfação aos 93,0 pontos.

O ICF mostra que o acesso ao crédito subiu 2,1 pontos percentuais de dezembro para janeiro, chegando aos 81,8 pontos. Para os dois grupos de família entrevistados, o acesso ao crédito está em nível de insatisfação.

“O nível alto de endividamento das famílias é um dos motivos que vem afetando o nível de consumo dos agentes. Estando endividados, os consumidores se tornam mais cautelosos e muitos adiam os gastos para momentos mais oportunos. Desta forma, a perspectiva de consumo se eleva, alinhado, provavelmente, com o planejamento dos gastos após o cumprimento dos compromissos financeiros já existentes”, explica Gabriela Martins.

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