Mercado regulado de carbono tem potencial de movimentar US$ 2,7 bilhões por ano em Minas
Minas Gerais pode se tornar um dos principais polos do mercado regulado de carbono no Brasil, com potencial para movimentar até US$ 2,7 bilhões por ano. O montante projetado para os próximos dez anos deve ser concretizado com a operacionalização do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).
A iniciativa será tema de audiência pública nesta quarta-feira (22), no Senado Federal, com expectativa de ser encaminhada ao Executivo em seguida. Se avançar, a operacionalização do mercado deve ocorrer nos próximos três anos e, a partir de 2030, as empresas terão obrigatoriedade de compensar emissões.
As informações foram detalhadas pelo diretor de tecnologia da Braspell Bioenergia, Afonso Bertucci, escolhido como orador da audiência. Com a obrigatoriedade de compensar, a empresa precisará adquirir créditos para emitir, seguindo critérios metodológicos estabelecidos com registro e acompanhamento para cada segmento de atividade econômica.
A proposta divide metas de neutralidade de carbono por setor, considerando as particularidades de cada segmento entre 2030 e 2050. Entre 2030 e 2035 estão previstas ações contra o desmatamento ilegal e a redução das emissões de cimento e carvão importado.
Até 2040, a meta se estende ao carvão nacional e ao setor de mobilidade. Em 2045, a neutralidade deve ser alcançada na siderurgia e no petróleo, e, por fim, em 2050, nas emissões de gás natural. “O Senado deve lançar o desafio e iniciar a discussão. Muitas companhias já anunciaram a intenção de se tornar carbono zero até 2035”, pontua Bertucci.
Se concretizadas, em 10 anos, o mercado regulado de Carbono deve movimentar US$ 18 bilhões por ano no Brasil. Minas Gerais deve concentrar entre 14% a 16% das transações no segmento, totalizando US$ 2,7 bilhões anuais exportando biomassa para o mundo, como hidrogênio verde, etanol 2G, metanol e biomassa carbonizada.
Maior segurança jurídica deve destravar investimentos
Segundo Bertucci, os recursos de carbono em Minas Gerais devem ser inicialmente voltados à formação florestal, aproveitando que o Estado conta com fortes bases nos setores de mineração e siderurgia, ambos pressionados a comprovar suas emissões de CO2. “O Estado e as empresas têm muito a ganhar. Isso deve facilitar a expansão do mercado de mineração e siderurgia no cenário global”, destaca.
Com a operacionalização, o executivo acrescenta que os produtores rurais também poderão se beneficiar, obtendo novas fontes de renda ao utilizar áreas subutilizadas para o plantio florestal. A tendência a partir da regulação é que o agricultor seja financiado para a formação dessas florestas e poderão comercializar o manejo florestal, gerando ganhos para o próprio setor e para o Estado.
“Hoje, o mundo busca segurança jurídica para investimentos em carbono e energias renováveis, e a estruturação desse mercado deve oferecer justamente essa garantia. Qualquer empreendimento depende de energia, e aqueles que já iniciam suas operações com fontes renováveis se tornam mais atrativos para investidores, garantindo maior confiança e entrada de capital no setor”, conclui.
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