Mercado de investimentos oscila após eleições, mas aponta oportunidades. Saiba quais são!

Passada a eleição presidencial mais acirrada de toda a história do Brasil, ocorre no cenário de investimentos uma grande volatilidade, com várias ações disparando acima de 10% de valorização e outras derretendo na mesma proporção, segundo analistas ouvidos pela reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO.
De acordo com o consultor de investimentos do Capital Investidor, Bruno Sprada, de um lado o mercado opera com a estabilidade da taxa Selic fixada em patamar de 13,75% enquanto do outro há uma inflação ainda bastante alta. “Precisamos analisar algumas questões macroeconômicas do Brasil, como, por exemplo, o risco de retorno e se está compensando investir no País”.
“Na prática, após as eleições os indicadores indicam que está cada vez menos arriscado investir no Brasil. Por outro lado, precisamos observar a inflação, tendo em vista que, no acumulado dos últimos 12 meses, o nosso IPCA está muito alto ainda, ou seja, acima de 7%”, informa Sprada.
Segundo ele, é importante aguardar a composição do novo governo, com os ministérios, que será revelada nos próximos dias. “É importante que saibamos quem será o novo ministro da Economia, principalmente, pois é um fator que pode nortear esse cenário de investimentos. Contudo, as ações de companhias educacionais tendem a dar uma valorizada com o novo cenário de governo e podem ser uma excelente escolha”, aponta.
O CEO da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, contextualiza que dentro de um governo mais à esquerda em que conste as privatizações e que tem um interesse mais intervencionista no uso de companhias do Estado federativo, os investidores podem esperar por um cenário desafiador.
“Será um cenário difícil para as estatais e para as empresas de economia mista. Mas, por outro lado, a gente pode esperar também que exista, pelo menos no curto prazo, uma melhoria do poder de compra das famílias das classes C, D e E, tendo em vista a expansão dos auxílios e do salário mínimo. Os investimentos nos segmentos de varejo, principalmente produtos mais essenciais, tendem a ser favorecidos e, para além disso, o segmento da construção civil, a depender do nível de atividade econômica, será um setor um pouco mais arriscado”, explica Paulino.
Segundo o CEO, o setor de construção, de forma geral, ganha políticas de apoio à infraestrutura e de incentivo à habitação. “Esses fatores tendem a favorecer esse setor. No entanto, tem que ver se na prática haverá espaço no orçamento para conseguir esse tipo de medida”, analisa.
Bruno Sprada, que reforça os holofotes para o setor de construção civil, acredita que haverá uma variável determinante para um momento positivo. “Com o governo Lula, teremos principalmente um maior foco na baixa renda, como é o caso dos investimentos da MRV, da Direcional e da empresa Tenda. No caso da MRV, por exemplo, os rendimentos já subiram mais de 10% nesta semana. E essa tendência é de alta se compararmos com as últimas semanas. No caso da Direcional, os rendimentos chegam a 8%, e da Tenda, a 5%. Portanto, é uma boa escolha”, diz.
Paulino destaca também que a Vale, com o setor de aço e minério, pode ganhar uma ênfase no mercado, mas que esse resultado vai depender muito do desempenho da China, principal parceiro comercial do País. “A China, diante das medidas inclusive relacionadas ao sucesso no controle da Covid, dá sinais de melhora. Com isso, vamos acompanhar a maior atividade da economia chinesa, que, em última instância, vai determinar o nível de demanda dessas commodities”, pontua.
Aplicações recorde em setembro
De acordo com o balanço mais recente divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), somente em setembro, o volume financeiro investido por pessoas físicas chegou a R$ 4,9 trilhões. O montante representa um crescimento de 8,5% ante dezembro de 2021, quando o total era de R$ 4,5 trilhões. Essa foi a maior variação percentual registrada desde setembro de 2018.
Quais os investimentos mais populares do momento?
As aplicações em renda fixa seguiram como o principal destino dos investimentos dos brasileiros, concentrando 60,6% do total, enquanto a renda variável respondeu por 17,6%.
Já a poupança, que representa 19,2% do montante alocado entre todos os produtos, registrou queda de 4% na comparação entre dezembro de 2021, quando estava no patamar de R$ 989 bilhões, e setembro, quando chegou a R$ 948 bilhões.
Os CDBs responderam por 14,1% do total investido por pessoas físicas, seguidos por fundos multimercados, com 13,8%, e ações, com 13,2%. Em uma participação menor (6%), as LCAs registraram aumento de 62,7% no total, com R$ 113,1 bilhões, enquanto os LCIs (3,6%) cresceram 37,7%, para R$ 48,8 bilhões.
Já o volume aplicado em fundos de investimento cresceu 1,5% no acumulado, chegando a R$ 1,5 trilhão em setembro. A maior parcela está concentrada nos multimercados, com R$ 675,9 bilhões.
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