Mesmo com desemprego estável, 184 mil pessoas deixaram de ter uma ocupação em Minas
Com o mercado de trabalho favorável, a taxa desocupação permanece em ritmo de estabilidade durante o ano e foi estimada em 4,1% em Minas Gerais no terceiro trimestre. O indicador, que engloba pessoas que não possuem uma atividade remunerada, seja formal ou informal, é o segundo menor da série histórica, logo após a mínima de 4,0% registrada no trimestre anterior.
Apesar do percentual estável, a população ocupada no Estado sofreu uma redução de 1,7% em relação ao 2º trimestre de 2025, o que equivale a 184 mil pessoas. Os dados foram coletados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre julho e setembro, a força de trabalho em Minas Gerais atingiu aproximadamente 11,4 milhões de pessoas, um declínio se comparado aos 11,58 milhões do trimestre anterior e levemente estável na comparação com o mesmo período de 2024 (11,44 milhões). Do total de trabalhadores, 10,93 milhões se firmam como ocupados no mercado de trabalho e 473 mil, desocupados.
O rendimento médio real, um dos principais indicadores de receita da população ocupada, atingiu R$ 3.217 em Minas Gerais no 3º trimestre. O número é avaliado como estável frente ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado, quando os valores giravam entorno de R$ 3.229 e R$ 3.137 respectivamente.
Em Belo Horizonte, a taxa de desocupação alcançou 6,1% no mesmo período, uma variação estável se comparado aos 5,2% registrados entre abril e junho. Com relação ao mesmo trimestre de 2024, o número é ainda mais semelhante, de 6,3%.
Quanto ao rendimento médio mensal, a capital mineira se posicionou acima do observado no Estado, R$ 4.939 no 3º trimestre. O crescimento foi 9,7% em relação ao 2º trimestre de 2025 (R$ 4.502) e estável em comparação ao 3º trimestre de 2024 (R$ 4.526).
Indicadores mostram resiliência do mercado de trabalho mineiro
A economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Stela Gomes explica que os resultados para o Estado são favoráveis, especialmente ao analisar o atual cenário econômico brasileiro, marcado pela desaceleração no crescimento.
“A baixa taxa de desocupação mostra que o Estado está reagindo bem mesmo com desafios econômicos, alta taxa de juros e alguns resquícios de impactos da pandemia. É uma recuperação positiva até mesmo se comparado ao Brasil”, comenta.
No País, a taxa de desocupação no terceiro trimestre deste ano chegou a 5,6%, registrando o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Pernambuco (10,0%), Amapá (8,7%) e Bahia (8,5%) corresponderam pelas maiores taxas, e as menores, foram de Santa Catarina (2,3%), Mato Grosso (2,3%) e Rondônia (2,6%).
Sobre a redução no número de ocupados, a economista frisa que o percentual pode não ter relação com o desempenho do mercado de trabalho, tampouco da economia. “Os trabalhadores podem sair da força de trabalho por diferentes motivos, como saúde, gestação, ou decisão de não atuar. Se tivéssemos migração de ocupados para desocupados, ou aumento no desemprego, seria preocupante, mas isso não ocorreu”, complementa.
Para o último trimestre do ano, as expectativas são otimistas, especialmente por uma maior intenção de contratações temporárias. O período é marcado por importantes datas, como Black Friday, Natal e Ano-Novo, que tradicionalmente elevam o consumo e ampliam a demanda por mão de obra, sobretudo no varejo e no setor de serviços.
“Apesar da redução em setores como construção e indústria, muito influenciada pelo cenário atual de juros, esperamos um último trimestre mais aquecido, impulsionado pelas contratações temporárias e pelo fortalecimento das vendas de fim de ano”, reforça Stela Gomes.
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