Indústria nacional de desenvolvimento de games cresce e alcança faturamento anual de R$ 1,2 bilhão

A indústria brasileira de desenvolvimento de jogos eletrônicos vem crescendo e conquistando cada vez mais relevância no cenário internacional, resultando em um futuro promissor para o setor de games no Brasil. O número de empresas brasileiras atuando nesse segmento também tem aumentado nos últimos anos.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), o País é o décimo maior mercado do mundo e o líder do setor na América Latina, com mais de 100 milhões de jogadores. Além disso, a indústria de games movimenta cerca de R$ 13 bilhões por ano no Brasil, com faturamento anual de R$ 1,2 bilhão.
O presidente da associação, Rodrigo Terra, afirma que o mercado nacional está em franco crescimento. Ele destaca que o setor tem como uma de suas principais características a criação de propriedades intelectuais próprias, além de uma atuação significativa no setor de serviços.
Para o dirigente, o setor de serviços tem sido uma fonte importante de receita para estúdios que investem na criação de jogos autorais. Isso também está conectado ao cenário de fortalecimento do “mercado indie”, ou seja, dos desenvolvedores independentes. “O segmento independente está muito alinhado a uma tendência global que busca novas formas de produzir jogos de maneira mais eficiente em termos de custo”, diz.
No entanto, o especialista ressalta que isso não significa que o País seja um mercado barato, como a China ou a Índia, por exemplo. O mercado interno apresenta boa competitividade no cenário internacional, o que contribui diretamente para o crescimento do setor nacional.
Uma pesquisa realizada pela Abragames, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), demonstra que o número de empresas desenvolvedoras de jogos cresceu mais de 400% nos últimos anos, passando de 200, em 2014, para mais de 1.000 em 2023. Segundo o estudo, a indústria de games é um componente importante do ecossistema de inovação no Brasil.
Leia também: Pedidos de patentes de propriedade industrial de softwares têm alta de 19,8%
Para o diretor da Associação dos Criadores de Jogos de Minas Gerais (AC Jogos-MG), Marcelo Gomes, o movimento de conscientização e formalização do segmento de desenvolvimento de jogos eletrônicos organizado por algumas entidades tem contribuído para gerar mais oportunidades.
Ele relata que o mercado nacional vem crescendo nos últimos anos, com mais políticas públicas e empresas brasileiras se destacando no segmento. Segundo Gomes, o setor está começando a ser visto como uma ferramenta de desenvolvimento social e econômico.
Participação do Brasil no mercado internacional de jogos eletrônicos

O cenário tem feito com que mais empresas consigam exportar seus conteúdos para o exterior. “Nós também estamos conseguindo trazer investidores de fora para conhecer nossos produtos”, diz o diretor da AC Jogos-MG.
Já Terra avalia que a boa relação de trabalho com a Europa, os Estados Unidos e com a Ásia, além da posição geográfica, são alguns dos principais fatores que têm beneficiado o setor no País. Principalmente em um momento em que grandes players internacionais estão em busca tanto de alternativas de custo quanto de novas matrizes culturais no mercado global de games.
“Temos uma cultura riquíssima, ainda pouco explorada no desenvolvimento de jogos, que pode dar origem a novas histórias, novos gêneros e formas de narrativa únicas, com uma identidade diferente daquela que tem dominado os videogames nos últimos 40 anos”, afirma.
De acordo com o dirigente, o cenário atual é de otimismo, apesar dos desafios causados por uma crise ligada à transição de paradigmas na indústria. Os grandes títulos, com orçamento de centenas de milhões de dólares, devem dar espaço a jogos com orçamentos menores, mas com modelos de distribuição e propostas diferentes.
“Para o Brasil, isso pode representar uma grande oportunidade. Temos uma base crescente de talentos que, embora talvez ainda não esteja se expandindo na velocidade ideal, já demonstra força e potencial”, completa.
A segunda edição da Pesquisa da Indústria Brasileira de Games, feita pela Abragames e pela ApexBrasil, mostra que a maioria (58%) das empresas brasileiras desenvolvedoras de jogos realiza vendas internacionais e que 9% delas já possuem filiais no exterior. Isso demonstra o potencial para um aumento na internacionalização desse segmento da indústria brasileira.
Ouça a rádio de Minas