Mercado livre responde por 59% do consumo de energia em Minas Gerais
O mercado livre já responde por 59% do consumo energético de Minas Gerais. É o que aponta o Boletim da Energia Livre de novembro, da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), publicado nesta terça-feira (2), número um ponto percentual acima dos dados de outubro.
Minas Gerais lidera o setor no País. O diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, afirma que a forte presença de indústrias, muitas delas que possuem a eletricidade como um insumo importante do processo produtivo, é responsável por esse posto.
“Esse número alto em Minas é porque é um estado com um nível de industrialização elevado e que trabalha com indústrias eletrointensivas, como siderúrgica, fabricante de ferroliga. Para quem fabrica alumínio, por exemplo, a energia é de 25% a 30% do custo, por isso eles migraram muito cedo para o mercado livre”, comentou.
Em segundo lugar, aparece o Pará, com 56% da participação do mercado livre, muito por causa da atuação da Alumínio Brasileiro (Albrás), maior produtora de alumínio primário do Brasil, que é responsável pelo maior consumo de energia num só local do País.
Mercado livre em expansão
A tendência é de que o setor siga se expandindo ao longo dos próximos meses. Walter Fróes estima que o mercado tem um potencial de mais 250 mil agentes e que, apesar da grande quantidade de clientes, não corresponde a um consumo energético tão expressivo.
“Hoje o mercado livre está com 50 mil novos consumidores no mercado varejista. Pulou de 30 mil para 80 mil, até agora. Esse mercado tem potencial para mais 250 mil agentes. É um número expressivo de agentes, mas o volume de energia nem tanto. O mercado livre consome 40% da energia gerada no Brasil. Talvez vá a 44% ou 45%, porque são consumidores com menor consumo de energia”, explica o diretor.
Apenas em Minas Gerais, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), até o momento 1.596 unidades consumidoras migraram para o mercado livre. Em 2023, foram 472 mudanças e, em 2024, houve um salto para 1.748 migrações, aumento superior a 270%.
O aumento nos dados é um reflexo da aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a abertura do mercado livre de energia elétrica, realizado em dezembro de 2023, ressalta Walter Fróes.
“Todo mundo conectado em média e alta tensão com demanda contratada acima de 500 kW podia ir para o mercado livre. A partir de janeiro passado, essa exigência de demanda contratada caiu para nada. Não precisa ter demanda”, afirma.
A medida, alega Fróes, fez com que vários consumidores buscassem energia no mercado livre, principalmente empreendimentos menores, que antes não consumiam tanta energia a ponto de poder comprar das comercializadoras de energia.
“Se você tem uma pequena loja de supermercado, uma loja única, que não cumpria essa exigência, ela não estava no mercado livre. Agora (com a mudança) todo mundo está indo para o mercado livre”, celebra.
Benefícios da mudança
O mercado livre permite que consumidores possam negociar sem restrições a energia elétrica com os fornecedores. No mercado regulado, uma única empresa compra energia em leilões do governo federal e repassa para os consumidores. Já no livre, a empresa negocia a compra de usinas e repassa ao consumidor, o que pode representar uma considerável economia.
“(O benefício é de) 20% a 30% de desconto na conta de energia. As distribuidoras do Sudeste são obrigadas a contratar energia de Itaipu, que é uma energia cara, em dólar. Eu, por exemplo, compro energia de uma usina solar fotovoltaica diretamente e forneço para um cliente, sem nenhuma intermediação”, explica Walter Fróes.
Ele ainda destaca que o Estado tem a vantagem de possuir boa parte da energia produzida por hidrelétricas e por usinas de energia fotovoltaicas, conhecida como energia solar. “Nossa energia é praticamente toda renovável”, afirma.
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