Economia

Mercado de loteamentos em Minas cresce 6% no 2º trimestre, apesar da queda nos lançamentos

Estudo aponta crescimento nas vendas e destaca alta na preferência por loteamentos abertos; lançamentos, no entanto, caem 66% no período
Mercado de loteamentos em Minas cresce 6% no 2º trimestre, apesar da queda nos lançamentos
Foto: Freepik

Mesmo com uma forte retração no número de lançamentos, o mercado de loteamentos em Minas Gerais mostrou resiliência e manteve um ritmo positivo de vendas no segundo trimestre de 2025. De acordo com levantamento realizado pela Brain Inteligência Estratégica, o período entre abril e junho registrou a venda de 2.054 unidades, um crescimento de 6% em relação aos três primeiros meses do ano.

O estudo também apontou que o Valor Geral de Vendas (VGV) alcançou R$ 453 milhões, representando um avanço de 7% na comparação com o primeiro trimestre. A pesquisa cobre municípios responsáveis por 41% da população e 57% do potencial de consumo de Minas Gerais, o que reforça a representatividade do levantamento para o Estado.

O levantamento foi feito a pedido da Associação das Empresas de Loteamento de Minas Gerais (Aelo-MG), do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e do sindicato patronal das empresas do mercado imobiliário (Secovi-MG).

Loteamentos são alternativa segura

Segundo o presidente da Aelo-MG, Gustavo Amorim, os dados confirmam que o consumidor mineiro continua vendo nos loteamentos uma alternativa segura tanto para morar quanto para investir.

“Esse crescimento demonstra a confiança do consumidor e a percepção de que os loteamentos seguem como uma alternativa segura de investimento e moradia. A demanda se mantém firme e o setor continua contribuindo de forma significativa para a economia mineira”, afirma Amorim.

O perfil predominante dos compradores de lotes atualmente em Minas Gerais abrange pessoas de 25 a 60 anos, com renda familiar média em torno de R$ 7 mil. A finalidade da compra é equilibrada entre moradia e investimento, segundo Amorim.

“A procura para lotes de moradia e investimentos no geral é bem equilibrada. Quanto mais popular o produto, maior a demanda por moradia, justificada pelo déficit habitacional que temos no Estado”, explica.

Consumidores mudam de perfil

Um dado que chama a atenção no estudo é a mudança no perfil das vendas. Enquanto os loteamentos fechados, que historicamente dominam o setor, representaram 92,2% do VGV no primeiro trimestre, sua participação caiu para 47% entre abril e junho. Em contrapartida, os loteamentos abertos assumiram a liderança com 53% do VGV.

Essa reconfiguração pode indicar uma mudança no comportamento dos consumidores, que agora buscam soluções mais acessíveis ou modelos urbanos mais integrados à cidade.

“O principal momento de venda é o lançamento, pois o consumidor tem a expectativa de valorização do imóvel. Mas a consolidação dos bairros também traz uma demanda por moradia. O mercado de loteamentos está se consolidando pela segurança no investimento e rentabilidade constante com a valorização dos imóveis nos últimos anos”, destaca Amorim.

Regiões com mais vendas e destaque no Estado

As regiões que concentraram o maior volume de vendas no segundo trimestre foram a Região Metropolitana de Belo Horizonte, o Triângulo Mineiro e o Norte de Minas. O destaque é para os municípios de Lagoa Santa, Nova Lima, Uberlândia e Montes Claros.

“Nova Lima, por exemplo, teve crescimento acima da média no primeiro semestre por conta do lançamento do Residencial Águas, que teve excelente desempenho de vendas”, pontua Amorim.

Queda nos lançamentos preocupa setor de loteamentos

Apesar do bom desempenho nas vendas, o trimestre registrou uma queda acentuada no número de lançamentos. Foram apenas 962 novos lotes, 66% a menos em comparação ao primeiro trimestre e 73% a menos que no mesmo período de 2024. O Valor Geral de Lançamentos (VGL) também despencou, passando de R$ 1,26 bilhão para R$ 191 milhões.

Segundo Amorim, a principal causa da retração está ligada ao processo burocrático de aprovação dos projetos pelas prefeituras.

“O principal fator que explica a queda nos lançamentos foi a demora na aprovação. Tivemos eleições municipais em 2024 e os novos prefeitos assumiram em janeiro de 2025, nomeando responsáveis pelas pastas. Isso gerou atraso nas aprovações. Existe uma relação direta entre queda nos lançamentos e a redução na velocidade de aprovação nos municípios”, explica.

A redução nos lançamentos foi generalizada em todo o Estado e afetou diretamente a oferta de novos empreendimentos. No entanto, o cenário já apresenta sinais de reversão.

“A queda foi pontual no segundo trimestre. Já constatamos uma concentração de lançamentos no terceiro trimestre, o que indica uma retomada do volume de novos projetos”, detalha o presidente da Aelo-MG.

Gustavo Amorim alerta para o risco de desequilíbrio entre oferta e demanda no futuro. “A retração nos lançamentos pode criar um cenário de desequilíbrio futuro entre oferta e demanda. Por isso, é fundamental que políticas públicas e o ambiente regulatório favoreçam a continuidade dos projetos, garantindo previsibilidade e segurança para empreendedores e consumidores”, finaliza.

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