Economia

Mercedes-Benz quer layoff em Juiz de Fora

Para gerenciar queda na demanda, montadora pode suspender contratos, temporariamente, na fábrica de Juiz de Fora
Mercedes-Benz quer layoff em Juiz de Fora
Empresa pode suspender contratos de até 300 funcionários | Crédito: Divulgação

A Mercedes-Benz do Brasil pretende suspender o contrato de trabalho de parte dos trabalhadores da fábrica de Juiz de Fora, na Zona da Mata. A unidade é responsável pela produção das cabines de todos os modelos de caminhões da marca. A ideia é reduzir os prejuízos da baixa procura por veículos, que afeta as montadoras neste início de ano.

O layoff dos funcionários está sendo negociado com o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e Região (STIM-JF). Conforme o diretor da entidade, Fernando Rocha, foram feitas reuniões na última semana para debater o assunto. Segundo ele, ainda não houve a assinatura do acordo que, se for fechado, terá como início o próximo dia 2 de maio. 

“Tivemos assembleias dentro da fábrica na semana passada sobre o programa do layoff. Já usamos essa ferramenta no passado e é uma forma de garantia de emprego. Suspende o contrato de cerca de 250 a 300 trabalhadores por um período de dois a três meses, com a garantia de retorno dos mesmos. Mas ainda estamos em negociação com a empresa”, ressalta.

Em nota enviada à reportagem, a Mercedes-Benz confirmou as tratativas para a adoção do período de inatividade dos colaboradores de Juiz de Fora pelo prazo de dois meses a partir do próximo mês. Em março, a companhia já havia anunciado que daria férias coletivas a parte dos operários tanto da unidade mineira quanto de São Bernardo do Campo, em São Paulo. 

Para a fábrica paulista, inclusive, a montadora fechou ontem (13) a suspensão temporária do contrato de 1.200 trabalhadores pelo intervalo de dois a três meses, também a partir do mês que vem. Conforme a empresa, durante o período, os funcionários receberão salário líquido integral e passarão por curso de capacitação profissional. 

Iniciativa da montadora visa gerenciar queda na demanda

De acordo com a Mercedes-Benz, as alternativas propostas estão sendo negociadas previamente e com total transparência juntamente aos sindicatos dos trabalhadores com o objetivo de buscar formas de gerenciar a queda da demanda, mantendo o nível de emprego. 

Segundo a companhia, a baixa procura do mercado interno de veículos comerciais já era esperada no começo de 2023 devido a uma mudança na legislação ambiental. No decorrer do primeiro trimestre, porém, em razão de juros elevados e de dificuldades na concessão de financiamentos, foi observada uma demanda ainda menor do que a prevista para este ano. 

Citado pela empresa e em vigência desde janeiro, a legislação do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P8), também conhecido como Euro 6, estabelece normas rígidas no que diz respeito à emissão de gases poluentes por parte dos automóveis, o que impacta o preço dos veículos e, indiretamente, nas vendas.

Férias coletivas foram adotadas por outras fabricantes

Também mencionados pela companhia, os juros elevados e a dificuldade de financiamento vêm afetando, além da Mercedes-Benz, outras montadoras espalhadas pelo Brasil. Visando a ajustar a produção, as fábricas resolveram dar férias coletivas para alguns funcionários. 

No dia 22 de março, a Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, liberou parte dos trabalhadores da fábrica de Goiana, em Pernambuco, com retorno em 10 de abril. Uma semana depois, outra remessa foi liberada pelo grupo, com a volta em 6 de abril. 

Uma semana depois, a Volkswagen suspendeu todas as atividades da planta de Taubaté, em São Paulo, dando férias de 10 dias para cerca de 2 mil colaboradores. O mesmo número de trabalhadores foi liberado pela Hyundai, na unidade de Piracicaba, também no estado paulista, por um período de pouco mais de duas semanas. 

Já a General Motors (GM) parou parte da montagem de São José dos Campos, em São Paulo, concedendo férias coletivas para cerca de 3 mil funcionários até esta quinta-feira.

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