Mercosul-UE pode ser alternativa ao tarifaço e ampliar exportações de Minas

–
- O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia pretende fortalecer relações comerciais com foco em sustentabilidade e transição energética, apresentando-se como alternativa ao tarifaço dos EUA.
–
- O governador Romeu Zema destacou avanços em sustentabilidade, afirmando que Minas Gerais busca aproveitar oportunidades de comércio com a UE, apesar de desafios como a baixa competitividade causada por gastos do governo federal.
–
- A embaixadora da UE no Brasil, Marian Schuegraf, ressaltou a importância da cooperação em inovações verdes e tecnologias sustentáveis para aumentar a competitividade internacional de ambos os blocos econômicos.
–
- Apesar da expectativa positiva de parceria, o acordo Mercosul-UE enfrenta forte oposição na Europa, especialmente por parte da França, e necessita de aprovação de uma minoria significativa de Estados-membros para ser estabelecido.
O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) deve impulsionar a relação comercial de Minas Gerais com os europeus, com destaque para a sustentabilidade e a transição energética. A iniciativa pode servir como alternativa ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas o Brasil ainda precisa aumentar sua competitividade para aproveitar plenamente as oportunidades da abertura comercial.
A avaliação é do governador Romeu Zema (Novo), que falou à imprensa após o encontro do governo mineiro com a comitiva europeia, formada por embaixadores de 18 países da UE, nesta quinta-feira (25), em Belo Horizonte. A coletiva, realizada no Palácio da Liberdade, também contou com a presença do vice-governador Mateus Simões (Novo) e da embaixadora da União Europeia no Brasil, a alemã Marian Schuegraf.
O acordo Mercosul-UE criará uma área de livre comércio com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 22 trilhões e uma população de 720 milhões de habitantes. O governador e a embaixadora europeia convergiram em torno da economia verde para o crescimento econômico.
Zema afirmou aos europeus que Minas Gerais tem avançado na sustentabilidade, sendo hoje, segundo ele, um Estado mais seguro em relação às barragens, com produção agrícola de responsabilidade ambiental e papel importante na transição energética, graças à geração de energia elétrica por usinas solares e à exploração de minerais críticos.
Marian Schuegraf declarou esperar que europeus e sul-americanos trabalhem em conjunto em inovação, especialmente em tecnologias verdes e sustentáveis, para impulsionar a competitividade internacional dos dois blocos econômicos no futuro.
O governador ainda afirmou que os volumes de exportações e importações estimados com a abertura comercial tornarão a economia mineira mais competitiva, mas alertou que o Brasil tem perdido competitividade em razão dos gastos do governo federal. Para ele, isso gera inflação e impede a redução da taxa básica de juros, dificultando novos investimentos empresariais em modernização e aumento da produtividade. “Enquanto o Brasil não corrigir esse problema, não seremos um país competitivo”, observou.
“Temos esse problema estrutural no Brasil, mas também contamos com grandes investimentos de diversos países europeus, e esses fabricantes que estão aqui têm interesse em modernizar suas plantas. Eles conseguem captar dinheiro lá fora e trazer para cá. Já quem opera apenas no Brasil fica em desvantagem”, completou.
Tarifaço de Trump e oposição ao acordo Mercosul-UE
Durante a coletiva, Mateus Simões destacou que o governo de Minas tem expectativa positiva de encontrar mercados alternativos para os produtos mineiros, especialmente os que enfrentam dificuldades em razão do tarifaço de Trump, como os equipamentos eletroeletrônicos de grande porte.
“Hoje, a entrada de nossos produtos no mercado europeu enfrenta muitas restrições e, como a lógica é bilateral, há também limitações para os produtos europeus aqui. O que conseguimos é negociar investimentos diretos, pois essa é outra forma de viabilizar a parceria. Não é preciso trazer o produto pronto; é possível trazer a empresa. E isso conseguimos fazer diretamente entre o Estado e o país”, pontuou.
O tarifaço está no radar da presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. Vale destacar que a Alemanha está bastante empenhada no acordo com o Mercosul, pois necessita de novos mercados para sua pauta exportadora. O país é a maior economia da Europa e vive um período de estagnação econômica.
O tratado entre os blocos, no entanto, enfrenta forte oposição de países influentes na Europa, especialmente da França. Pelas regras do bloco europeu, uma minoria de Estados-membros — composta por quatro países que somem ao menos 35% da população da UE — pode vetar o acordo. Questionada sobre a resistência de franceses, além de italianos e poloneses, a embaixadora europeia limitou-se a dizer que espera a aprovação do tratado comercial em breve.
“Estamos em processo de discussão. A Comissão da União Europeia enviou a proposta desse acordo ao Conselho Europeu, que dará uma resposta aos estados-membros, o que espero que ocorra em breve. Depois, o Parlamento Europeu votará, e minha expectativa é finalizarmos esse acordo até o fim do ano”, declarou Marian Schuegraf.
Ouça a rádio de Minas