Mesmo com pouco acesso ao crédito, maioria dos MEIs em Minas Gerais pretende ampliar os negócios

Quase todos os microempreendedores individuais (MEIs) de Minas Gerais pretendem se transformar em micro e pequena empresa (MPEs) ou empresa de pequeno porte (EPP) no futuro, mas a maioria ainda tem uma cultura conservadora na busca de crédito no mercado. Segundo a pesquisa MEI 2025, realizada pelo Sebrae Minas, 87% dos empreendedores mineiros planejam ampliar suas atividades, mas 62% nunca buscaram um recurso financeiro.

O maior acesso ao crédito, inclusive, é apontado por 35% dos respondentes da pesquisa como a maior vantagem de ser microempreendedor individual em comparação a um empreendimento informal, atrás apenas da possibilidade de obter mais vendas, por conta da emissão de nota fiscal (37%) e à frente do fato de ter melhores condições de compra de fornecedores (33%).

“Tem essa questão, até um pouco contraditória, que é vista como uma vantagem, mas também não é procurada. Tem uma cultura ainda de pouco uso de crédito pelo MEI”, afirma a analista do Sebrae Minas, Izabella Siqueira.

Ela destaca que essa cultura pode estar relacionada a um perfil mais cauteloso e a uma priorização de um crescimento mais orgânico do MEI de Minas Gerais, já que a captação do recurso financeiro depende da capacidade de pagamento da empresa.

Izabella Siqueira ressalta ainda a existência de requerimentos das próprias instituições financeiras para conceder o acesso ao crédito aos microempreendedores individuais.

A dificuldade em acessar crédito é apontada por 42% dos profissionais que trabalham como MEI como o principal desafio enfrentado pelos empreendedores em Minas Gerais, com certa distância para o segundo desafio mais destacado na pesquisa – manter o pagamento do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) em dia (29%).

Em seguida, aparecem a falta de conhecimento administrativo e a falta de infraestrutura adequada para realizar o trabalho, destacados como os principais desafios da atividade do microempreendedor individual mineiro, ambos citados por 26% dos respondentes da pesquisa do Sebrae Minas.

A maioria dos microempreendedores individuais de Minas Gerais que buscaram crédito não teve acesso a nenhum recurso, enquanto o restante se divide entre quem conseguiu um valor menor do que o necessário e quem obteve o montante financeiro solicitado.

O levantamento do Sebrae Minas mostra que o investimento em equipamentos e tecnologias foi o principal objetivo da busca por recursos financeiros, destacado por 17% dos microempreendedores mineiros que buscaram crédito, seguido das necessidades de criar capital de giro (15%) e de expandir a operação (13%).

Planejamento para expansão do MEI

A analista do Sebrae Minas pontua ainda que o planejamento é fundamental para o microempreendedor individual expandir os negócios para uma MPE ou EPP, tanto por uma análise do mercado de atuação, quanto no funcionamento da própria gestão do MEI. “É preciso ver a capacidade do que pode ser expandido e também capacitar a gestão, para entender formas mais otimizadas de atuar no negócio”, aponta Izabella Siqueira.

Neste mês de maio, o Sebrae Minas realiza a Semana do MEI, uma iniciativa voltada para apoiar e fortalecer o microempreendedor individual mineiro. O evento é voltado para quem já atua como MEI ou deseja se formalizar e será promovido gratuitamente em várias cidades mineiras, adaptado à realidade de cada município, para atender às necessidades dos empreendedores locais.

A programação inclui oficinas, palestras, capacitações e atendimentos especializados, com uma oferta de conteúdos práticos e atualizados sobre temas essenciais para a sustentabilidade e o crescimento dos pequenos negócios. Entre os assuntos abordados, estão o marketing digital, vendas, finanças, atendimento ao cliente, inteligência artificial e acesso a crédito.