Intoxicação por metanol: Abrasel-MG recomenda que donos de bares verifiquem procedência das bebida

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) manifestou preocupação com os dez casos de intoxicação por metanol registrados neste mês na Grande São Paulo. Em Minas Gerais, a entidade informou que, até o momento, não adotou medidas específicas, já que não há suspeitas de contaminação no Estado, mas orientou os empreendedores a redobrar a atenção na aquisição de bebidas para seus estabelecimentos.
Nesta terça-feira (30), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou que a Polícia Federal abriu inquérito para rastrear a origem do metanol que contaminou as vítimas em municípios paulistas e apurar a extensão da distribuição das bebidas adulteradas. A corporação investiga, inclusive, se a contaminação tem ligação com o crime organizado. “Ao que tudo indica, a distribuição transcende o Estado de São Paulo. Há indícios de que existe uma rede mais ampla”, afirmou o ministro.
O alerta mobiliza o setor em Minas Gerais, que tem forte tradição de bares e restaurantes. Segundo a Abrasel-MG, o Estado possui 71.773 estabelecimentos registrados, sendo 11.116 em Belo Horizonte. Para a entidade, a amplitude do consumo torna o mercado mineiro mais suscetível à entrada de bebidas adulteradas.
Em nota, o ministério e a associação reforçaram que a falsificação e a adulteração de bebidas configuram crimes contra o consumidor. “Essas práticas colocam em risco a saúde da população e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios e comprometidos com a legalidade. Trata-se de um problema de saúde pública que exige ação coordenada entre autoridades, setor produtivo e sociedade”, destacou a Abrasel.
Produção clandestina
O advogado especializado no setor de bares e restaurantes, Percival Maricato, aponta a elevada carga tributária como um dos fatores que estimulam a produção clandestina de bebidas. “A tributação elevada favorece o contrabando e a falsificação, ampliando os riscos à saúde e à segurança dos consumidores”, avaliou.
O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, reforça que o preço elevado das bebidas alcoólicas produz efeito contrário ao pretendido pelas políticas de inibição do consumo. “O combate ao abuso de álcool deve ser feito por meio de educação e campanhas de conscientização, e não com medidas que penalizam o consumidor, especialmente o de menor poder aquisitivo, favorecendo práticas criminosas”, afirmou.
Lewandowski lembrou que, em ocorrências anteriores, a ingestão de metanol era mais comum entre pessoas em situação de vulnerabilidade, que consumiam o produto encontrado em postos de combustíveis. “Observamos uma mudança de padrão a partir de setembro, quando as intoxicações passaram a ocorrer em bares e restaurantes”, afirmou o ministro.
Riscos do metanol
O metanol é um solvente amplamente usado na indústria química brasileira, com estrutura semelhante à do etanol, mas com metabolismo distinto e altamente tóxico. No organismo, ele é convertido em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico, cuja eliminação é lenta, favorecendo o acúmulo em órgãos e tecidos.
Esse processo sobrecarrega o sistema nervoso, em especial o nervo óptico, provocando sintomas como alterações visuais e, em casos graves, cegueira temporária ou permanente. Mesmo em pequenas doses, a substância pode causar danos irreversíveis e até levar à morte.
(Com informações da Agência Brasil)
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