Meteoric inaugura planta-piloto de terras-raras em Poços de Caldas
A Meteoric Resources inaugurou oficialmente, nesta sexta-feira (12), uma planta-piloto de processamento de terras-raras em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais. A empresa australiana investiu cerca de 1,5 milhão de dólares australianos (em torno de R$ 5,4 milhões na cotação atual) na estrutura, onde serão produzidos 455 kg de carbonato misto por ano.
A unidade está instalada no Centro de Inovação e Pesquisa da mineradora. Ela é considerada um passo relevante para o desenvolvimento do Projeto Caldeira, que visa extrair terras-raras no município de Caldas e produzir o carbonato para atender às necessidades de produtos utilizados na transição energética e tecnologias modernas.
Com capacidade para processar 25 kg de argila iônica por hora, a planta-piloto reúne todas as etapas necessárias para transformar o minério extraído em carbonato misto de terras-raras. Isso inclui, por exemplo, lixiviação, remoção de impurezas, circuito de decantação em contracorrente (CCD), precipitação e filtração.
Ao longo dos últimos meses, ocorreram os testes de cada fase do processo, além do treinamento da equipe responsável pela operação – são 14 colaboradores, no total. Com os comissionamentos finalizados entre outubro e novembro, a estrutura entrou em funcionamento e o primeiro lote de carbonato já foi produzido.
Importância para setor de minerais críticos
Conforme a Meteoric, a instalação em Poços de Caldas permitirá validar em escala real o processo de produção de terras-raras. A estrutura também será usada para aprofundar estudos de rotas de separação dos elementos, como extração por solventes e novas tecnologias que podem ampliar a capacidade de agregar valor ao produto no País.
“Esta inauguração representa muito mais do que o início da operação da planta. É um marco para a Meteoric e para a cadeia de materiais críticos no Brasil”, destaca o CEO, Stuart Gale.
Segundo a empresa, os dados gerados pela unidade serão incorporados ao estudo de viabilidade definitivo do Projeto Caldeira. O empreendimento, que será implantado em Caldas, está na fase de licenciamento, com previsão de começar a operar em 2028, e deve receber um investimento da ordem de US$ 450 milhões.
O diretor-executivo da Meteoric, Marcelo de Carvalho, explica que o trabalho na planta-piloto é semelhante ao que será realizado em uma escala maior, quando a instalação final for desenvolvida. A mineradora coleta e processa argila para obter o carbonato misto de terras-raras, o primeiro produto de processamento mineral da cadeia produtiva.
Ele ressalta que o carbonato produzido na estrutura terá como destino refinarias do mundo inteiro para testes. E salienta que a empresa desenvolverá na unidade tecnologia para separar óxidos de terras-raras, a segunda etapa da cadeia industrial dos elementos.
Mineração sustentável para competir com a China
Ainda de acordo com Carvalho, a planta-piloto vai servir para afinar os processos do Projeto Caldeira e também para mostrar a sustentabilidade do empreendimento, que terá 100% de energia renovável, reutilizará 100% da água e reusará 99% dos reagentes, por exemplo. O diretor-executivo diz que a produção da China, país que domina o mercado de terras-raras, acontece de forma completamente diferente, sem práticas sustentáveis.
“O Brasil e esse projeto têm a capacidade de ser a base de uma nova indústria sustentável em terras-raras, para suprir os mercados americano e europeu”, observa, citando também o potencial de reidustrializar o País em toda a cadeia produtiva desses elementos.
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