Linha 2 do metrô já impacta mercado imobiliário do Barreiro, com aumento de lançamentos e preços
A implantação da Linha 2 do metrô, prevista para chegar ao Barreiro até 2028, já produz reflexos no mercado imobiliário da região. Canteiros de obras e movimentação de empreendimentos no entorno da futura estação reforçam a expectativa de aumento na demanda comercial. No mercado, o preço do m² em áreas estratégicas do Barreiro já apresenta alta puxada pela projeção de maior circulação de pessoas e de novas atividades econômicas.
Para a CEO da Lima Imóveis, Aline Lima, o movimento de antecipação é claro. Ela afirma que bairros próximos ao eixo previsto da Linha 2, composto pelo Barreiro de Cima, Petrópolis, Cardoso e parte do Milionários, registram variação média entre 8% e 15% no valor de venda dos imóveis em comparação com o ano passado. Nos aluguéis, a alta tem ficado entre 10% e 18%. “O anúncio de uma obra de mobilidade urbana muda o comportamento do mercado. Investidores entram primeiro, compradores finais vêm em seguida”, observa.
A executiva explica que a imobiliária reorganizou sua atuação a partir da confirmação do metrô, com reposicionamento de preços, captação focada no raio de influência da estação e materiais de venda que destacam a infraestrutura em implantação. “O metrô não é apenas uma obra: é um vetor de desenvolvimento. E no Barreiro essa transformação já está sendo precificada pelo mercado”, diz.
Mesmo com o avanço das obras preparatórias na região, parte das imobiliárias observa um cenário mais cauteloso. Para o diretor da Casa Grande Netimóveis, Pedro Augusto Rezende, a valorização ainda não ocorreu de forma consistente em todos os segmentos. Ele afirma que a população mantém certa desconfiança devido ao histórico de promessas de expansão do metrô. “Ainda não vemos mudança nos valores, mas há uma movimentação forte na busca por terrenos”, comenta.
Rezende aponta, no entanto, que incorporadoras já aceleraram lançamentos próximos ao traçado da Linha 2. Entre os empreendimentos estão Lisboa Residence, Arbo Residence, Del One e projetos do grupo MartMinas, que avança com a primeira etapa e desenvolve novas fases. Segundo ele, o planejamento inclui unidades compactas e studios sem vaga de garagem, modelo favorecido pela perspectiva de maior mobilidade.
Na avaliação do supervisor comercial da Casa Grande, Edson de Moro, o efeito do metrô pode surgir de forma desigual nos bairros. Ele cita o Santa Margarida, área historicamente desvalorizada, que pode apresentar mudanças progressivas. “Ainda não estamos vendo variações significativas. E percebo que o preço se mantém”.
A percepção de Moro é endossada pelo diretor da Câmara do Mercado Imobiliário e do Secovi-MG, Luís Lara Rezende, que afirma que o setor ainda não registra uma valorização mensurável influenciada pelo metrô. Segundo ele, estudos já indicam tendência de produtos imobiliários menores, voltados a moradores que pretendem viver perto da estação e abrir mão do veículo próprio. “Há projetos sendo avaliados com esse perfil, mas sem impacto direto nos valores até o momento”, avalia.
Linha 2 deve atender cerca de 50 mil passageiros por dia
Segundo a Metrô BH, a Linha 2 terá 10,5 km de extensão e sete estações. O trajeto partirá da estação Nova Suíça, criando integração entre as linhas 1 e 2, passando por Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem até chegar ao Barreiro. A expectativa é atender aproximadamente 50 mil passageiros diariamente apenas na nova linha, alcançando cerca de 90 bairros da Região Metropolitana.
Com a conclusão das obras, o sistema poderá transportar uma média de 200 mil usuários por dia. Para o governo estadual, o projeto faz parte de um conjunto de iniciativas destinadas a reduzir gargalos históricos de mobilidade no Barreiro e ampliar a integração entre regiões.
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