Minas Gerais amplia exportações em 2025 e alcança 12 novos mercados internacionais

Minas Gerais tem buscado ampliar sua presença no comércio exterior em 2025. Entre janeiro e agosto deste ano, o Estado exportou para 195 países sendo que 11 deles voltaram a importar produtos mineiros após anos de inatividade e um novo mercado foi aberto: Guernsey, no Canal da Mancha.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), esses mercados somaram mais de US$ 860 mil em exportações no período. A diversificação de destinos e de produtos tem papel estratégico na economia mineira, principalmente diante dos desafios enfrentados como as tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA) a produtos brasileiros.

Veja os mercados internacionais retomados e abertos por Minas Gerais em 2025:

• Bósnia-Herzegovina: US$ 442,2 mil
• Santa Lúcia: US$ 191,1 mil
• Malavi: US$ 94,2 mil
• Fiji: US$ 37,6 mil
• Níger: US$ 32,8 mil
• Guernsey: US$ 28,8 mil (1ª exportação) 
• Território Britânico do Oceano Índico: US$ 20,6 mil
• Andorra: US$ 10,8 mil
• Guam: US$ 2,3 mil
• Burkina Faso: US$ 2,3 mil
• Papua Nova Guiné: US$ 900
• Mônaco: US$ 585

Carnes lideram pauta de exportações

A Bósnia-Herzegovina foi o principal destaque dos mercados retomados neste ano, com US$ 442,2 mil em exportações de carnes bovinas congeladas. Em seguida aparece Santa Lúcia, com uma pauta mais variada, incluindo carnes bovinas, suínas e legumes, totalizando US$ 191,1 mil. O Malavi ficou em terceiro lugar, com US$ 94,2 mil, com destaque para óleos de petróleo e produtos manufaturados como ferramentas, alumínio e máquinas automáticas.

A pesquisadora em Ciências Aplicadas e Políticas Públicas e coordenadora de Análise Insumo-Produto da Fundação João Pinheiro (FJP), Carla Aguilar, destaca a importância da abertura de novos mercados após o tarifaço dos Estados Unidos. 

“Essas exportações foram concentradas em produtos de média baixa tecnologia (90,9%), notadamente carnes. Diante da imposição das tarifas americanas de 50%, esses mercados representam alternativas potenciais”, explica.

A entrada em Guernsey nas exportações marca um feito inédito para Minas Gerais. Em janeiro, o país europeu recebeu US$ 28,8 mil em produtos de maior sofisticação como turbopropulsores, obras de titânio, motores e equipamentos eletrônicos, sinalizando uma oportunidade de inserção de bens de alta tecnologia na pauta exportadora mineira.

Ela também destaca que os bens de média-alta e alta tecnologia somaram US$ 43,2 mil, com destaque para o Território Britânico do Oceano Índico e Guernsey. 

“A participação desses dois países nas exportações de bens de alta e média alta tecnologia foi pequena e pontual, mas qualquer sinalização de novos mercados para esses produtos é positiva para a diversificação da pauta mineira, tradicionalmente concentrada em produtos de baixa e de média baixa tecnologia”, ressalta a pesquisadora.

Testes de mercado ou continuidade comercial?

Segundo levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG), alguns mercados receberam embarques ao longo de vários meses, o que pode indicar potencial de continuidade nas relações comerciais. Já os destinos com exportações pontuais podem estar passando por testes de mercado ou operações específicas.

“Ao retomar exportações ou abrir novos mercados, o Estado amplia o leque de parceiros comerciais, diversifica as vendas internacionais com produtos de maior valor agregado e reativa parcerias inativas”, destaca a Sede-MG.

Estratégia estruturada de promoção comercial

A diversificação de mercados é resultado de ações estratégicas do governo de Minas, como a plataforma Minas Business Connection, que conecta empresas mineiras a oportunidades em mais de 170 países e de missões comerciais como a realizada à Argentina, que gerou R$ 30 milhões em novos negócios para o setor calçadista de Nova Serrana.

Também fazem parte da estratégia eventos como o Seminário Brasil – Países Árabes: Conectando Minas Gerais às Oportunidades Internacionais, realizado em Belo Horizonte e Uberlândia, e o Workshop Regional de Capacitação – Explorando Fronteiras, com a presença de autoridades alfandegárias para discutir tratamento tributário e incentivos voltados ao comércio internacional, marcado para o dia 25 de setembro em Varginha.

Desafios e próximos passos para Minas Gerais

De acordo com a Sede-MG, um dos principais desafios enfrentados neste ano foi a imposição de tarifas de 50% pelos EUA a produtos brasileiros. Para mitigar os impactos, o governo de Minas publicou um decreto que libera R$ 100 milhões em créditos de ICMS para empresas atingidas.

Além disso, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) lançou uma linha de crédito de R$ 200 milhões, com juros reduzidos e carência de 12 meses, para apoiar exportadores.

“O montante será rateado em quatro parcelas mensais de R$ 25 milhões entre este mês e dezembro deste ano. A iniciativa atenderá os contribuintes que exportaram para os EUA, mercadorias taxadas no percentual de 50%, como produtos do setor alimentício, metalúrgico, farmacêuticos, cosméticos, automotores, construção, entre outros”, explica a secretaria.

Ainda em 2025, está previsto o lançamento do Plano Estadual de Comércio Exterior, que vai propor soluções para gargalos logísticos, tributários, aduaneiros e de financiamento, além de estratégias para qualificação da mão de obra e promoção comercial.

Para 2026, o foco será ampliar as capacitações técnicas, realizar novas missões comerciais e desenvolver ações de benchmarking com empresas exportadoras e aquelas com potencial para atuar no comércio exterior.