Com US$ 690 milhões em aportes, Minas é o segundo estado do País em investimento da China

Minas Gerais recebeu US$ 690 milhões em investimentos chineses em 2024 o que garantiu ao Estado a segunda posição no ranking nacional de aportes diretos vindos da China, atrás apenas de São Paulo. Foram seis projetos, que representaram 14,3% do total investido no Brasil, segundo levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
No cenário nacional, o volume de investimentos chineses cresceu 113% em 2024, alcançando US$ 4,8 bilhões. O Brasil foi o principal destino dos recursos entre países emergentes e o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e União Europeia.
“Em 2024, empresas chinesas investiram em 14 estados brasileiros, seis a mais do que no ano anterior e o maior número registrado desde 2019, quando 17 estados receberam projetos chineses”, detalha o relatório.
Para o professor de Relações Internacionais do Ibmec, Pedro Hudson, a leve queda no número de projetos em Minas não significa perda de relevância.
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“Essa redução está ligada à estratégia de diversificação dos investimentos chineses entre os estados. Mas perder protagonismo é difícil, porque Minas é um dos principais produtores de insumos como minério de ferro e produtos agropecuários, fundamentais para a economia chinesa”, explica.
Vale do Lítio como trunfo mineiro
Um dos principais atrativos do Estado para os investidores internacionais é o Vale do Lítio, no Jequitinhonha. A região, historicamente pobre, atrai atenção pelo potencial ligado à transição energética e às baterias de veículos elétricos.
“As empresas chinesas têm grande interesse no Vale do Lítio. O mineral é fundamental para tecnologias limpas e pode transformar a realidade do Jequitinhonha, gerando empregos e renda. Se bem explorado, o projeto será decisivo tanto para a transição energética quanto para a economia mineira”, destaca Hudson.
Indústria no Sul de Minas também atrai capital chinês
Os aportes no Estado não se restringem à mineração. A China também investe na indústria de maior valor agregado, principalmente no Sul de Minas, pela proximidade com São Paulo.
“A Midea Group, por exemplo, já investe em plantas industriais voltadas para eletrodomésticos. Isso mostra que os chineses olham para Minas não apenas como fornecedora de matérias-primas, mas também como base produtiva”, ressalta Hudson.
Brasil como parceiro prioritário
De acordo com Hudson, o salto dos investimentos está relacionado a fatores cíclicos e à estratégia chinesa de diversificar parceiros.
“O Brasil é a maior economia da América Latina e um parceiro comercial sólido da China. Exporta produtos fundamentais e importa uma série de bens tecnológicos, o que explica esse interesse crescente”, avalia.
Em 2024, os principais setores de destino dos investimentos chineses no Brasil foram:
- eletricidade (34%)
- petróleo (25%)
- automotores (14%)
- mineração (13%)
- transporte terrestre (12%)
Mesmo com a busca chinesa por diversificação geográfica, Minas Gerais segue como um dos polos mais estratégicos do país, equilibrando mineração, indústria e projetos ligados à transição energética.
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