MG tem menor renda do Sudeste

O rendimento médio mensal do mineiro é o menor do Sudeste do País. Os dados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relacionados aos rendimentos das famílias de Minas Gerais revelam que, em 2020, aquelas pessoas que têm algum tipo de renda no Estado tiveram ganhos de R$ 1.983, enquanto o rendimento médio do brasileiro chega a R$ 2.213.
Obtido por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o levantamento é realizado junto a pessoas a partir de 14 anos, que sinalizem diversos tipos de rendimentos, sendo que a metodologia utilizada para a pesquisa considera dois aspectos diferentes para as médias: salários oriundos do trabalho (ocupação) e a renda proveniente de outras fontes, como é o caso de aposentadorias, pensões, aluguéis, seguros, bolsas de estudos etc.
À frente do Estado, estão os rendimentos médios também apresentados na pesquisa do Espírito Santo, com R$ 2.135, Rio de Janeiro, com R$ 2.701, e São Paulo, que tem o maior rendimento médio da região, com R$ 2.849. Os valores apresentados incluem a média da soma dos rendimentos não só das ocupações, mas de qualquer rendimento percebido pelas pessoas.
No caso da média que considera apenas os rendimentos frutos de todos os trabalhos, o rendimento no Estado era, em 2020, de R$ 2.063,00, enquanto o brasileiro registrou o patamar de R$ 2.447,00. Da mesma forma, o indicador mineiro foi o menor da região Sudeste, seguido, na ordem crescente, por Espírito Santo (R$ 2.263), Rio de Janeiro (R$ 2.950) e São Paulo (R$ 3.108).
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A força dos salários
Essa discrepância, segundo o analista do IBGE da unidade de Minas Gerais, Alexandre de Lima Veloso, é resultado das diferenças de ocupações e os salários pagos que são registrados no extenso território mineiro.
“Nós temos uma área, na região do Jequitinhonha e Mucuri, em que as ocupações são mais parecidas com as do Norte e Nordeste do Brasil. Como o Estado é grande, você também tem áreas mais ao Sul que registram médias de rendimentos mais elevadas. A parte de cima (no mapa do Estado) faz com que essa média seja inferior”, aponta o analista do IBGE.
Veloso explica que essa realidade, que se relaciona com o tipo de trabalho, é fruto também da natureza das atividades econômicas instaladas nas regiões que apresentam menor média, algo que é percebido desde o início da Pnad Contínua (2012) e se mantém estável na série histórica.
Reflexos da pandemia
Entre os pontos que chamam a atenção na pesquisa, está o que o IBGE chama de massa de rendimento mensal real, referente ao valor recebido em todos os trabalhos por aquelas pessoas que têm ocupações, e demonstra a situação do País como um todo.
Em 2020, a massa estimada nacional foi de, aproximadamente, R$ 207,4 bilhões, valor 5,6% menor que a estimada em 2019, quando a massa estava no patamar de R$ 220 bilhões, conforme dados do instituto.
A diferença pode ser explicada, segundo o IBGE, pela redução de pessoas ocupadas em 2020 devido às demissões registradas em decorrência da pandemia da Covid-19, sendo que a queda no número de pessoas ocupadas, no ano de referência, foi de 8,7% (8,1 milhões de pessoas).
Para além da constatação anterior, o analista do IBGE em Minas Gerais ressalta um segundo ponto importante: a média salarial das pessoas ocupadas, a nível nacional, aumentou em 3,4% entre 2019 e 2020, o que revela os impactos da desigualdade social e das lacunas que a crise sanitária trouxe aos menos favorecidos.
“Isso mostra que as pessoas que tinham ocupações com menor rendimento é que deixaram o mercado de trabalho. Então, o dado que seria positivo, em função do aumento do rendimento, traz a percepção de que as pessoas que perderam o emprego tradicionalmente tinham rendimentos mais baixos. E assim a gente vê também a importância dos programas sociais, do auxílio emergencial, porque, do contrário, a gente teria uma queda total de rendimentos muito maior que a registrada”.
País registra maior queda em 8 anos
Rio de Janeiro – A participação da renda do trabalho no Brasil no total de rendimentos registrou a maior queda em oito anos e registrou o menor patamar da série histórica em 2020, quando quase um quarto das residências do País recebeu um benefício social no primeiro ano da pandemia de Covid-19.
Dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram ainda que pela primeira vez em uma região do Brasil, o Nordeste, a renda do trabalho perdeu para demais rendimentos – que incluem ajuda social.
O número de pessoas que receberam outros rendimentos saltou de 16,4 milhões em 2019, ou 7,8% da população, para 30,2 milhões, o que representa 14,3% da população.
Por outro lado, o total de pessoas com rendimento de trabalho caiu em 8,1 milhões, passando de 92,8 milhões para 84,7 milhões, ou de 44,3% para 40,1% da população, na maior queda percentual desde o início em 2012 da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), atingindo ainda o nível mais baixo.
“No ano passado o mercado de trabalho foi um problema por conta da pandemia, e o auxílio emergencial foi um colchão que segurou a renda das outras fontes”, disse a analista do IBGE Alessandra Saraiva.
De acordo com o IBGE, entre 2019 e 2020 o auxílio emergencial e o desemprego mudaram o perfil do rendimento domiciliar. No ano passado, a proporção de domicílios com pessoas recebendo outros programas sociais saltou de 0,7% para 23,7%.
Houve aumento em todas as regiões. Os destaques foram os Estados do Norte e do Nordeste, onde a população foi profundamente impactada pelo desemprego.
No Norte, a parcela de pessoas que recebia ajuda social subiu de 0,5% em 2019 para 32,2% em 2020, enquanto no Nordeste a proporção saltou de 0,8% para 34,0%.
“O mercado de trabalho sofreu com quarentena e restrições. As pessoas perderam emprego, especialmente com carteira de trabalho. Com menos gente tendo renda do trabalho, que é historicamente o mais importante e o que segura a renda, o auxílio emergencial evitou um estrago maior e mais grave”, explicou Saraiva.
Por outro lado, caiu a proporção de domicílios que recebiam o Bolsa Família no Brasil de 14,3% para 7,2%, uma vez que parte dos beneficiários passou a receber o auxílio emergencial. (Reuters)
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