Micro e pequenas empresas geram 62,8% das vagas de trabalho em MG, diz Sebrae

A criação de pequenos negócios em Minas Gerais segue registrando resultados positivos e contribuindo para a geração de empregos. A movimentação é essencial já que o segmento é o que mais gera postos de trabalho, sendo fundamental para a retomada econômica após os impactos mais severos causados pela pandemia de Covid-19.
De acordo com levantamento realizado pelo Sebrae Minas divulgado ontem, das cerca de 36 mil vagas formais de emprego criadas no Estado em setembro, 62,8% ou 22.937 foram nas micro e pequenas empresas (MPEs). Já o número de pequenos negócios abertos no Estado até outubro está 1,31% maior que no mesmo período de 2019.
Segundo os dados, em Minas, foram registrados 291.545 novos CNPJs de janeiro a outubro, entre microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Os MEIs correspondem a cerca de 84% do total de pequenos negócios abertos em Minas Gerais este ano, um crescimento de 2% na representatividade total de MPE em relação a 2019. Foram 243.891 novos registros nesta categoria entre janeiro e outubro, um aumento de 3,24% comparado ao mesmo período de 2019. Somente em outubro, foram 19.317 formalizações de MEI no Estado.
A assistente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Gabriela Martinez, explica que um dos fatores que tem contribuído para a abertura de novas empresas, principalmente de MPEs, é o aumento do desemprego, em função da crise provocada pela pandemia.
“Em relação à abertura, muitas pessoas que perderam os empregos, em março e abril, principalmente, optaram pelo empreendedorismo. A decisão de abrir um negócio é uma saída para continuar tendo renda. Além disso, devido à crise, empresas de portes variados podem ter mudado de categoria, passando de micro e pequenas para MEIs”, explicou.
Gabriela ressalta que os pequenos negócios geram dinamismo na economia. “Estas empresas são as que mais sofrem em um período de recessão, mas, quando a economia mostra sinais de melhora, são as pequenas empresas que primeiro reagem. Por isso, são importantes para reaquecer a economia, gerar empregos, renda e proporcionar um maior consumo”, disse.
Empreendedor por necessidade – O economista e professor de Economia e Finanças da UNA, Cleyton Izidoro, avalia que, em momentos de crise e de aumento de desemprego, surgem os empreendedores por necessidade. Geralmente, é a pessoa que vai pegar os valores do acerto trabalhista e investir no negócio próprio para manter a geração de renda.
“O grande problema é que, nem sempre, esse novo empreendedor tem a capacidade técnica necessária para administrar a empresa, o que faz com que a chance de a empresa morrer seja grande em dois ou três anos. Acaba criando um volume de negócio no início, mas pela falta de capacidade técnica acaba fechando. Por isso, é importante que o empreendedor busque capacitação, mesmo após a abertura do negócio”, destacou.
Entre os problemas mais comuns enfrentados pelos novos empreendedores estão a dificuldade de precificar os produtos, principalmente levando em conta os custos ocultos, e de separar a vida financeira pessoal da jurídica.
Maioria dos setores tem contribuição positiva
Em relação à geração de empregos, os dados divulgados pelo Sebrae mostram que, em setembro, os resultados positivos foram vistos em todos os setores, exceto na agropecuária. As micro e pequenas empresas (MPEs) da indústria foram responsáveis por 6,6 mil das vagas geradas no mês, seguidas pelas do comércio (6,3 mil), serviços (6 mil) e construção civil (4,36 mil).
Obras de montagem industrial (1.102), construção de edifícios (765) e transporte rodoviário de carga (694) foram as atividades que tiveram o melhor saldo de empregos nas MPEs no nono mês do ano.
Todas as regiões do Estado apresentaram resultado positivo na geração de postos de trabalho, com destaque para a região Central, onde foram criadas 8.476 vagas. Belo Horizonte registrou o maior saldo de empregos em setembro (4.015 vagas) e Três Marias, o menor saldo (com fechamento de 84 vagas).
Apesar do bom desempenho no mês de setembro, o saldo de empregos das MPEs nos nove primeiros meses do ano ainda é negativo em Minas Gerais, com um déficit de 26.840 vagas.
Segundo a assistente da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas, Gabriela Martinez, nos primeiros meses da pandemia, em abril e maio, com o fechamento das atividades econômicas para o enfrentamento do período mais forte da pandemia, foram registradas taxas elevadas de desemprego. Porém, a partir de junho, a situação começou a reverter. De forma gradual, os meses de julho, agosto e setembro apresentaram evolução positiva, com as empresas de pequeno porte liderando.
“Isso são indícios de retomada da economia. Muitas empresas que demitiram estão recontratando. Mas, embora nos últimos meses tenham sido registrados resultados positivos, no acumulado do ano até setembro, o saldo de empregos é negativo. Então, a gente considera que apesar de uma retomada bastante positiva, ainda não se recuperou tudo que se perdeu ao longo do ano”.
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