Micro e pequenas empresas voltam a apresentar superávit de empregos

As micro e pequenas empresas (MPEs) de Minas Gerais fecharam o segundo mês do ano com superávit de empregos formais. Os pequenos negócios do Estado registraram um saldo positivo de 24.879 postos de trabalho, resultado decorrente de 209.790 admissões e 184.911 demissões realizadas no período. Foi o melhor desempenho apurado desde fevereiro de 2022.
A performance dos pequenos negócios do Estado ainda foi a segunda melhor do Brasil. Apenas São Paulo esteve à frente, com saldo positivo de 61.063 vagas de emprego. As informações constam no levantamento feito pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae Minas), com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Para o analista da entidade, André Costa, o superávit indica uma retomada da abertura de vagas nas micro e pequenas empresas após dois meses seguidos apurando saldo negativo. Ele afirma que um dos fatores que podem ter impulsionado o resultado foi a alta expectativa dos empresários quanto às festividades carnavalescas. Vale lembrar que as tradicionais comemorações da data não ocorriam em larga escala desde a pandemia de Covid-19.
“Foram dois anos sem o Carnaval. Então os micro e pequenos empresários acabaram demandando mais mão de obra para neste ano, justamente porque a expectativa era maior com a festividade do período acontecendo em grande escala”, explica.
Saldo de vagas das pequenas empresas por setor
Em relação aos grupos da economia, o setor de serviços foi quem liderou as contratações das micro e pequenas empresas, com a abertura de 15.019 novas vagas. Além do estímulo do Carnaval, Costa destaca que o segmento foi influenciado pelo retorno das aulas, principalmente as presenciais, que demandou mais admissões de profissionais da educação.
Os dados do Sebrae Minas mostram ainda que a indústria da transformação, com a criação de 5.669 postos de trabalho; a agropecuária, com saldo de 2.632 novas vagas; a construção civil, com a criação de 2.596 postos de trabalho; e a indústria extrativa mineral, com superávit de 395 empregos, tiveram desempenhos positivos no período.
Por outro lado, o setor de comércio registrou saldo negativo, com o fechamento de 1.432 vagas. Costa afirma que ainda se observa uma desaceleração deste grupo e que pode ser reflexo de desligamentos de contratos temporários. Ele também acredita que pode ter a ver com a diminuição de gastos por parte dos consumidores e com ajustes operacionais.
“Neste período, pode haver alguns ajustes nas operações comerciais. Muitas pequenas empresas de comércio podem estar ajustando suas operações de início de ano e isso pode levar a uma redução da necessidade de funcionários. Esse reajuste pode ser feito para reorganizar estoque, revisar processo e definir estratégia para o restante do ano. Mas com certeza, o comércio é um setor que muito em breve vai voltar a contratar mais”, ressalta.
Números são animadores, mas é preciso cautela
O analista diz que o resultado de fevereiro traz uma boa perspectiva para os próximos meses e que pode-se esperar que o mercado permaneça favorável às micro e pequenas empresas. Ele ressalta, no entanto, que é preciso ter cautela e atenção ao cenário econômico, que ainda está dando apenas sinais tímidos de melhora.
“Existem projeções de desaceleração da economia mundial e incertezas com relação à inflação e à taxa de juros. Isso pode refletir na contratação das micro e pequenas empresas. Precisamos ficar atentos a essas tendências. Caso haja uma retomada gradual no cenário econômico, os números podem aumentar, mas o que a gente espera é estabilidade”, diz.
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