Migração para o mercado livre de energia pode beneficiar industriais e comerciais

A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) vê como ideal a abertura do mercado livre de energia em 2026 para os clientes da indústria e comércio do Grupo B (baixa tensão) – atualmente, apenas quem consome em média e alta tensão, no Grupo A, dispõe dessa opção. A entidade enxerga também uma janela de oportunidade ao observar milhares de consumidores que ainda compram no mercado cativo, embora estejam habilitados para migrar.
O pleito da Abraceel tem como justificativa a economia que os industriais e comerciais podem ter ao migrarem do ambiente de contratação regulada (ACR) para o ambiente de contratação livre (ACL). A organização alega ainda que os gastos economizados nesses setores tendem a ser reinvestidos na contratação de pessoal e em melhorias nos processos produtivos, ou seja, recursos seriam liberados para investimentos, geração de empregos e ganhos de produtividade.
Um estudo feito pela Volt Robotics para a associação identificou que o Brasil tem mais de 455 mil unidades consumidoras do setor industrial no mercado regulado. Considerando isso, os benefícios com a migração desses clientes para o mercado livre de energia somariam R$ 4,2 bilhões em redução de custos por ano, com estimativa de gerar 91 mil novas vagas de trabalho.
No setor comercial, o levantamento apontou que o País possui mais de seis milhões de unidades consumidoras no ACR. Sendo assim, as vantagens da transferência para o ACL totalizariam R$ 13,5 bilhões em diminuição de custos anuais, com previsão de criar 290 mil novos empregos.
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Especificamente em Minas Gerais, conforme os dados da Volt Robotics, os clientes da indústria que estão no mercado cativo poderiam economizar, anualmente, R$ 106,8 milhões com a transferência para o mercado livre, gerando até 2,8 mil empregos. Ao mesmo tempo que os consumidores do comércio economizariam R$ 679,3 milhões, podendo abrir 12,7 mil vagas.
Competitividade para o setor elétrico
A abertura do mercado livre traz competitividade para o setor elétrico, de acordo com o presidente-executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira. Ele ressalta que a competição, no entanto, não é só na ponta final para o consumidor, com as comercializadoras disputando as contas dos clientes, com preços, produtos e condições mais aderentes, é também na geração de energia.
Ferreira explica que, no ambiente regulado, os geradores vendem contratos de longa duração e indexados à inflação, o que impacta altas anuais de custos para os clientes. De forma oposta, no ambiente livre, os acordos duram menos e a cada momento o gerador precisa vender novamente uma parcela do parque de geração, competindo com projetos novos que são competitivos.
Defesa da abertura do mercado livre de energia perante stakeholders, Congresso e governo
Em fevereiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse à imprensa que o governo está trabalhando com a possibilidade de abrir totalmente o ambiente de contratação livre até 2030. Para o presidente-executivo da Abraceel, esse prazo é absolutamente possível.
“A abertura do mercado pode e deve ser feita antes de 2030. Temos diversos estudos na associação que comprovam isso, de tal forma, que defendemos a abertura do Grupo B para comércio e a indústria já a partir de 2026 e para os demais consumidores em 2027”, afirmou Ferreira. “Estamos defendendo isso amplamente perante aos stakeholders, Congresso Nacional, Ministério de Minas e Energia e governo federal como um todo”, reiterou.
Segundo ele, para que o pleito avance de forma equilibrada, ou seja, sem impactar a vida dos clientes que optem por não migrar para o mercado livre, é necessário ajustes legais, como não estender subsídios para compra de energia incentivada aos consumidores de baixa tensão.
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