Minas Gerais é o sexto estado com melhores condições para inovação no País

Minas Gerais ocupa a sexta posição geral no Brasil no que se refere às melhores condições para o desenvolvimento da inovação, conforme os resultados da primeira edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (Ibid), criado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, para retratar o País no campo da inovação.
Com desempenho acima da média brasileira, o Estado destaca-se especialmente por aproximar do TOP 5 formado pelos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nessa ordem. “É mais fácil ultrapassarmos o quinto lugar do que cairmos para o sétimo, que é o Distrito Federal e que está mais distante”, disse o professor e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Carlos Arruda.
Para chegar ao resultado final, o índice é subdividido em dois grupos: contexto, referentes às condições que tornam um estado ou região mais ou menos propício à inovação; e resultados, quando são analisados os produtos do processo inovativo.
Estes dois grandes grupos se dividem em sete pilares da inovação: instituições, capital humano, infraestrutura, economia, negócios, conhecimento e tecnologia e economia criativa. Os pilares de inovação vinculam-se a 21 dimensões que, por sua vez, são construídas a partir de 74 indicadores obtidos a partir de fontes oficiais disponíveis publicamente.
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Minas Gerais desempenhou bem nos pilares instituições, ao ocupar o 3º lugar nacional e em conhecimento e tecnologia, ao ocupar o quarto lugar nacional. Porém, tem como um dos desafios, o item infraestrutura ao ocupar a 8ª posição.
Conforme Arruda, esse oitavo lugar em infraestrutura reflete três dimensões: infraestrutura geral observando o acesso principalmente à energia que impacta a inovação; tecnologia da informação quando é observado, o acesso à internet, e sustentabilidade.
Minas ficou em 4º em infraestrutura geral. Do ponto de vista de acesso à energia, há disponibilidade em todo o Estado. Em compensação, ele ressalta que o Estado ficou em 11º lugar no quesito tecnologia de informação, quando é observado o acesso à internet.
“Minas Gerais é um estado grande com muita diversidade, em Belo Horizonte, no Sul de Minas ou nos grandes centros a internet não é um problema, mas na zona rural sim. A internet tem restrições pelas características e dimensão do Estado. São características que a gente pode pensar em investir mais, mas eu diria que é um indicador que a gente vai conseguir alterar pouco. Uma solução seria um esforço maior para promover a digitalização das zonas rurais, como fizemos com a energia no passado”, analisou.
Outro indicador que puxa o Estado para a oitava posição em infraestrutura é o item sustentabilidade, em que Minas ficou na 12ª posição nacional. “Esse indicador mostra quantas das grandes e médias empresas possuem certificado ISO 14001 que é o que avalia os impactos ambientais. Em Minas, esse número não é tão grande”, observou.
Para solucionar este quesito, ele sugere mais divulgação e eventos mostrando a importância do ISO 14001 nas empresas. Também sugere que os órgãos públicos exijam o certificado de seus fornecedores.
O pilar crédito foi outro responsável pelo pior desempenho do Estado entre as dimensões analisadas ao atingir apenas o 18º lugar entre as unidades federativas. Este pilar é formado por indicadores como o volume de crédito em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB) e o financiamento de investimentos em inovação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Formato a que o presidente da Fapemig tece críticas.
“Foi injusto. O próprio coordenador do relatório reconheceu que eles consideram apenas o Fundo Nacional. Nós temos o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e sugerimos que estes recursos sejam considerados nas próximas avaliações. O volume de crédito disponibilizado é alto”, frisa o professor.
Diversidade da economia mineira é refletida no relatório
Nos quesitos que Minas desempenhou melhor, o instituições foi o que apresentou o resultado mais expressivo. Esse item avalia o ambiente institucional, regulatório e de negócios. O Estado ficou em segundo no quesito que avalia a disponibilidade de recursos para a educação e para a ciência. Também ocupa o segundo lugar no ambiente regulatório, que são as condições para que Minas incentive a inovação, oferecendo isenções e incentivos do governo. Por último, o indicador que avalia a existência de diversidade de setores.
“Nesse item, o Estado fica em terceiro, que é o item que mede a riqueza do ambiente institucional do ponto de vista de regulamentação e diversidade. Apesar de ser um Estado com características tradicionalmente de agricultura e mineração, temos uma boa indústria, você tem a automobilística, a indústria farmacêutica, é um Estado que se caracteriza por diversidade e isso foi refletido no relatório”, ressaltou.
Continuidade de políticas públicas é maior desafio
Nesse cenário, o presidente da Fapemig afirma que o principal desafio para a inovação no Estado é a continuidade das políticas de atração de investimentos. “Ficamos em sétimo lugar em economia e negócios. Aqui são os pontos onde podemos trabalhar de maneira mais contundente no sentido de manter e promover a inovação”, frisou.
Na visão dele, o Estado tem potencial de crescimento significativo. “Podemos qualificar a mão de obra, atrair talentos, reter os nossos talentos. Apoiar as instituições de apoio e inovação como incubadoras aceleradoras, os parques tecnológicos. E usar as mesmas estratégias para atrair não só empresas que vão extrair o minério, mas as que vão agregar valor ao minério. Transformando lítio em baterias de lítio. É legal que o Estado tenha potencial para a produção de lítio, mas é mais interessante atrair investimentos para a produção da bateria de lítio com a maior agregação de valores”, defendeu.
O professor afirma ainda que a infraestrutura é o item mais difícil de trabalhar, com exceção da conscientização das empresas em valorizar as certificações e fazer com as gestões tenham uma perspectiva mais avançada nos quesitos ambiental e social.
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