Minas é o 2º estado que mais exportou

O faturamento do setor de rochas nacional com exportações em 2022 foi de US$ 1,28 bilhões. Esse resultado é 4% menor que o obtido no ano anterior, quando o setor alcançou o seu recorde histórico, é o que apontam os dados divulgados pelo Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas). Minas Gerais foi o segundo estado brasileiro que mais exportou rochas naturais em 2022, o Estado foi responsável por 10,9% das exportações do País.
No ano passado, Estados Unidos (58%), China (13%) e Itália (8%) foram responsáveis por quase 80% das exportações brasileiras. Mesmo com a menor taxa entre os três, o envio de rochas naturais do Brasil para a Itália cresceu 19,65% na comparação com 2021; logo em seguida vem a China com uma elevação de 5,89% no acumulado do ano e US$ 162,7 milhões em importações de produtos nacionais. Já o faturamento com as exportações para os EUA caiu cerca de 10% nesse período.
Para o presidente do Centrorochas, Tales Machado, esse comportamento nos EUA, principal cliente brasileiro, pode ter ocorrido pela alta nos estoques dos principais distribuidores do país. “As vendas para os Estados Unidos seguiram de forma positiva até setembro. A partir daí, com os estoques abastecidos e tendo que arcar com altos custos de frete, as compras foram freadas pelos distribuidores”, explicou.
Machado também aponta a forte subida da inflação e dos juros nos Estados Unidos, a níveis que os americanos não estavam acostumados, como o principal causador dessa redução das vendas em 2022. Ele explica que quando o consumidor dos EUA fosse simular o financiamento necessário para realizar um investimento em uma nova casa e dava conta dos juros, esse consumidor acabava desanimando e desistindo de investir na nova habitação; e assim, contribuindo para a desaceleração da demanda no mercado imobiliário americano.
Além disso, teve os problemas logísticos que também impossibilitaram que o setor de rochas ornamentais superasse os resultados obtidos em 2021. “A gente teve, depois de sair da pandemia, uma procura muito grande por frete marítimo em todo o mundo, principalmente na Ásia, e isso elevou o preço do frete, e com isso, surgiu uma dificuldade de se conseguir navios e contêineres”, relata o presidente do Centrorochas. O transporte de cargas é vital para o segmento de rochas ornamentais que tem Estados Unidos, China e Itália como principais clientes.
Outro fator citado por ele foi a concorrência com o mercado asiático, principalmente Índia e China, que antecipou a redução dos preços de seus materiais básicos exportados para os EUA, tornando-os mais competitivos que os produtos brasileiros. No caso da Índia, ainda houve uma forte demanda por seus materiais sintéticos antes da implementação de uma sobretaxa antidumping que estava prevista para o final do ano. Ele também destaca que assim como a pandemia, a guerra na Ucrânia ocasionou uma queda não apenas no setor de rochas, mas em todos os setores da economia no mundo.
Neste ano estão previstas várias ações voltadas para o mercado externo no País, que serão realizadas pela Centrorochas que, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), conduz o It’s Natural – Brazilian Natural Stone, projeto para promoção das rochas brasileiras no mercado internacional.
O presidente do Centrorochas afirma que o setor está otimista e resiliente e tem buscado expandir o mercado e desenvolver novas formas de atender os mercados tradicionais. Ele descreve ainda que o comportamento do setor de rochas nos três primeiros trimestres de 2022 apontavam para uma possível estabilidade ou até um crescimento frente ao ano anterior, mas os resultados negativos do último trimestre levaram o mercado de rochas ornamentais a uma redução na comparação entre os anos.
“Enfrentamos muitos desafios como a complexidade logística, alta no valor do frete marítimo, principais clientes com estoque abastecido e, claro, a concorrência com os materiais artificiais. Os números do último trimestre de 2022 apontaram uma expressiva retração nas exportações, podendo haver ainda reflexos no primeiro bimestre de 2023, mas temos a expectativa de que o mercado venha a reagir. Acreditamos, também, que ações em desenvolvimento com vistas à ampliação e abertura de novos mercados e estímulo à comercialização de produtos de maior valor agregado irão contribuir positivamente para a reversão do cenário observado ao final de 2022”, declara Machado.
Machado conta que o setor sabe que esse primeiro semestre de 2023 deve apresentar mais dificuldades e por isso, o Centrorochas têm recomendado a seus associados para serem um pouco mais conservadores nesse período e manter suas contas equilibradas. Mas quanto ao segundo semestre, o presidente da entidade espera que possa ser bem melhor do que o último de 2022 e o primeiro deste ano. “Acho que no segundo semestre de 2023 as coisas devem retomar a um ritmo bem diferente e contribuir muito para o crescimento e comercialização das rochas ornamentais”, diz.
Atuação de Minas no setor de Rochas
Minas Gerais esteve entre os estados brasileiros que mais exportaram rochas naturais em 2022, com 10,9% das exportações do País, ficando atrás apenas do Espírito Santo, com 81,8%; outro destaque foi o Ceará (3,1%). O estado capixaba lidera o ranking, com US$ 1,05 bilhão em produtos exportados, mesmo com uma queda de 5,9% frente ao ano anterior. Por outro lado, Minas Gerais e Ceará registraram alta na comparação com 2021, de 5,2% e 5,4% respectivamente.
Machado destaca que Minas Gerais é um dos maiores fornecedores de quartzitos do país, que por sua vez, é um dos maiores do mundo. “O Brasil é hoje um dos maiores fornecedores de quartzitos do mundo, ele cresceu muito na procura por esse produto, e os principais estados fornecedores são Minas, Ceará e um pouco também na Bahia” relata.
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