Economia

Em Minas, ferro-gusa se livra de tarifaço dos Estados Unidos, mas café será afetado

Café será sobretaxado por Trump em 50% a partir de 6 de agosto e preocupa o setor no Brasil, que é o maior fornecedor do mercado norte-americano
Em Minas, ferro-gusa se livra de tarifaço dos Estados Unidos, mas café será afetado
De janeiro a junho, 90% das exportações mineiras de gusa foram destinadas aos Estados Unidos | Foto: Divulgação Ronaldo Guimarães

O decreto do governo dos Estados Unidos publicado nesta quarta-feira (30) trouxe alívio para alguns setores, como o de ferro-gusa, produto que seguirá com uma tarifa de 10%, e aflição para outros, por exemplo, o de café, que será sobretaxado em 50% a partir de 6 de agosto. As duas atividades estão entre as que mais vendem para os norte-americanos.

Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano, 90% das vendas externas das usinas de ferro-gusa em Minas Gerais foram destinadas aos EUA, somando 1,3 milhão de toneladas. No mesmo período, os embarques de café ao país totalizaram US$ 955,9 milhões, 17,5% do total exportado do principal produto da pauta mineira de exportações.

Os dados do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer) e da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic) mostram a importância dos Estados Unidos para ambos os setores.

No caso do primeiro, havia uma forte preocupação com o possível aumento da tarifa para o ferro-gusa, que não se concretizou, conforme a lista de exceções divulgada pela Casa Branca. Somente com a ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, em elevar a alíquota de importação do produto, empresas foram impactadas com o cancelamento de embarques e decidiram paralisar as operações e conceder férias coletivas aos trabalhadores.

Agora, após a publicação da ordem executiva que autoriza o tarifaço e exclui o ferro-gusa da medida, o setor espera voltar ao normal. Segundo o presidente do Sindifer, Fausto Varela, por ser um anúncio recente, a categoria segue avaliando se haverá algum tipo de impacto, mas a tendência é que as atividades, de fato, retornem à normalidade.

Ele ressalta que podem acontecer remanejamentos nas datas de algumas exportações, uma vez que ocorreram suspensão de embarques em razão da ameaça da sobretaxa. A ideia, de acordo com o dirigente, neste momento, “é buscar diálogo com os compradores norte-americanos para retomar o processo corriqueiro das comercializações ao país”.

Contudo, Varela pondera que, independente da taxação, o setor de ferro-gusa já enfrentava uma situação desfavorável que levava as empresas a pensarem e optarem por paralisar temporariamente operações e, enquanto isso, realizarem manutenções preventivas, por exemplo. O cenário negativo decorre de custos elevados e de um preço baixo do produto.

Setor cafeeiro, por outro lado, está aflito

Por outro lado, o setor cafeeiro vê com bastante preocupação a confirmação do governo norte-americano da elevação da tarifa de importação do produto. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) ainda não emitiu posicionamento sobre, mas outras entidades emitiram comunicados a respeito.

Em nota assinada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Márcio C. Ferreira, e pelo diretor-geral Marcos A. Matos, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, com o intuito de que o café passe a integrar a lista de exceções. Conforme a entidade, “na relação comercial cafeeira entre EUA e Brasil, as nações são imprescindíveis uma à outra”.

Já a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) afirmou que, se mantida, a medida “impactará a comunidade do café especial e os segmentos envolvidos com cafés de qualidade em todo o mundo, principalmente o Brasil, como maior fornecedor, e os EUA, maiores consumidores do produto”. A entidade reiterou a necessidade de diálogo para que o tarifaço seja revertido e, consequentemente, não prejudique o setor e nem empregos.

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