Saldo desacelera e Minas Gerais cria 3,4 mil empregos em julho, aponta Caged

O saldo de empregos formais em Minas Gerais desacelerou em julho, conforme dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No sétimo mês de 2025 foi registrado superávit de 3,4 mil vagas com carteira assinada no Estado.
Após crescer por dois meses consecutivos, o saldo mineiro voltou a ficar abaixo do apurado no mês anterior, quando foram abertos 24,1 mil novos postos de trabalho.
De acordo com o Caged, nos últimos 12 meses, ou seja, de agosto de 2024 a julho de 2025, Minas Gerais somou 115,7 mil vagas de emprego geradas. Assim, o Estado apresentou um estoque de 5,062 milhões de postos de trabalho, resultado praticamente estável em relação ao estoque de junho, quando terminou o mês com 5,058 milhões de empregos com carteira assinada.
Minas teve o décimo maior saldo de vagas de trabalho no Brasil. São Paulo, com a abertura de 42,7 mil vagas de trabalho no período, liderou o ranking entre os estados, seguido do Mato Grosso (9,5 mil) e da Bahia (9,4 mil). Paraná (8,1 mil) e Pernambuco (7,3 mil) completam a lista dos cinco estados com maior saldo de empregos no sétimo mês deste ano.
No País, o saldo de empregos de julho deste ano foi de mais de 129,7 mil postos de trabalho. O resultado foi fruto de mais de 2,251 milhões de admissões e 2,121 milhões de desligamentos no mês. Além disso, o saldo ficou positivo em 25 das 27 unidades da federação.
Geração de empregos em Minas Gerais por setores
Quatro dos cinco grandes grupos de atividade econômica do Caged encerraram o mês de julho com saldo de vagas positivo em Minas Gerais. São eles:
- comércio (1,8 mil),
- construção (1 mil),
- indústria (947),
- e serviços (529).
Na direção oposta, a agropecuária apresentou saldo negativo. O setor registrou o fechamento de 911 vagas de empregos com carteira assinada no período, o que reduziu o desempenho do Estado.
Tarifaço de Trump começa a afetar a nível de emprego em Minas Gerais
O economista e professor do Centro Universitário Arnaldo Janssen Alexandre Miserani aponta que o tarifaço do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, começa a afetar o ritmo de contratação em Minas Gerais, já que boa parte das empresas está na siderurgia e em outros setores que exportam ao mercado norte-americano e são alvo das novas tarifas. “Ou diminuiu a empregabilidade ou não criaram novas vagas por conta disso”, disse.
A sobretaxa dificulta ainda mais o desempenho das empresas, que contam com uma demanda já impactada pelo patamar elevado da taxa básica de juros, no maior nível desde 2006.
Na comparação ano a ano, o saldo de empregos em Minas Gerais em julho deste ano é 71,1% menor. Quatro dos cinco grandes grupamentos da atividade econômica analisados pelo Caged registraram retração nesta base de comparação, em diferentes níveis. O destaque foi o setor de serviços, com um saldo 93,4% menor do que o observado no mesmo período de 2024.
Resultado que é fruto, aponta Miserani, de um aumento geral dos custos dos serviços, que diminui a demanda e, consequentemente, reduz a oferta de emprego na área. Situação que afeta sobretudo a capital mineira, que tem uma economia voltada principalmente para o setor.
O saldo de empregos do comércio no Estado encolheu 12,3% em julho na comparação ano a ano, enquanto a criação de postos de trabalho da indústria mineira no mês foi 64,1% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. “O tarifaço do Trump não reflete somente nos produtos a serem exportados para os Estados Unidos, mas as indústrias que fornecem produtos para aquelas que vão exportar também sofreram”, explica Miserani.
A agropecuária, único setor do Estado com saldo de vagas negativo em julho, obteve desta vez um saldo negativo menor do que no mesmo mês de 2024, quando fechou 2,1 mil vagas.
Ouça a rádio de Minas