Economia

Minas Gerais aposta na articulação para avançar na mobilidade verde

Consumo de combustível na mobilidade ainda é responsável por 27% da emissão de poluentes do Estado
Minas Gerais aposta na articulação para avançar na mobilidade verde
Um dos desafios citado no evento passa pela estruturação do ambiente regulatório por parte do Estado | Crédito: Diário do Comércio / Leonardo Morais

Minas Gerais, um dos principais polos de inovação em sustentabilidade no Brasil, segue intensificando esforços para viabilizar tecnologias a partir da mobilidade verde. O tema esteve presente na primeira edição do congresso C-Move Minas, realizado quinta-feira (22), na Casa Fiat de Cultura, com o objetivo de fomentar discussões sobre os desafios e oportunidades do Estado no desenvolvimento sustentável.

Para que a mudança de fato aconteça no Estado, a especialista em negócios inovadores e moderadora do painel, Janayna Bhering, destaca a necessidade de integração dos esforços, sejam eles públicos ou privados, em prol da mobilidade sustentável. “Isso permitirá que as ações impactem cada vez mais o ecossistema e viabilizem um plano nacional de mobilidade sustentável para o nosso País”, argumenta. 

A medida é atualmente considerada um dos maiores desafios em termos de mobilidade no Brasil e parte da elaboração de uma agenda de enfrentamento. Segundo o Superintendente de Gestão Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), Diogo Melo Franco – um dos painelistas presentes no evento – o consumo de combustível na mobilidade é responsável por 27% da emissão de poluentes do Estado.

Apesar dos desafios, ele garante que Minas Gerais segue articulando para integrar soluções sustentáveis à atração de oportunidades locais. “É necessário investirmos em infraestrutura de mobilidade, veículos, alternativa aos combustíveis fósseis. Apesar de ser uma agenda de enfrentamentos, é também uma fonte de oportunidades”, diz.

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Presente na abertura do evento, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, avalia que o Estado tem trabalhado para garantir sustentabilidade ambiental, sem deixar de lado a sustentabilidade econômica. Segundo ele, dos R$ 440 bilhões de investimentos atraídos nos últimos anos, cerca de 30% está inserido na economia verde, em setores como sucroalcooleiro e energia solar, que somam hoje R$ 15 bilhões e R$ 75 bilhões respectivamente.

Em relação ao tema proposto no evento, Passalio analisa que a ação é importante para que seja possível alinhar demandas do mercado e da tecnologia às políticas públicas que poderão acelerar e viabilizar as práticas apresentadas. “Investir em mobilidade sustentável é um bom negócio hoje para Minas Gerais e uma medida importante para as futuras gerações”, pontua.

Outra ação destacada pelo secretário está pautada no incentivo ao consumo de etanol. Segundo ele, estão sendo idealizadas políticas de incentivos e metas para o mercado, além de ações que partem de dentro da gestão estadual, que a curto prazo terá frota abastecida 100% a etanol. 

Estruturação de ambiente regulatório é desafio para avanços no Estado

“O desafio da descarbonização passa pela eficiência durante a transição”, destaca o CEO da Invest Minas, João Paulo Braga – que também foi painelista no evento – o trajeto para que Minas Gerais se torne carbono neutro até 2050 passa pelo olhar de identificar tecnologias que proporcionarão o melhor custo efetivo para empresas e consumidores.

Outro desafio citado passa pela estruturação do ambiente regulatório por parte do Estado. Segundo ele, alguns empresários demoram de dois a três anos para conseguir o licenciamento para atuar em uma área onde já atuam outras empresas. “O Estado também precisa olhar para suas políticas públicas. Não adianta falar em descarbonizar se o ambiente regulatório não está favorável a essas medidas de descarbonização. Estamos buscando essa estruturação junto ao Estado para que ele possa fazer isso ao longo de vinte ou trinta anos”, observa.

Uma vez concretizados os desafios, aliados à presença de um desenho de políticas regulatórias e políticas de incentivo, João Paulo Braga argumenta que o cenário estará ainda mais propício para que Minas Gerais avance exponencialmente na atração de investimentos e tecnologias sustentáveis. “O que a gente faz enquanto Invest Minas é encontrar soluções que sejam efetivas. Não fechamos portas a nenhuma tecnologia e temos trabalhado de forma que as tecnologias sustentáveis que sejam mais baratas e eficazes para sejam implementadas”, argumenta.

Entre os resultados mais notórios em sustentabilidade, Braga destaca a geração de energia solar, que avançou 16 vezes em cinco anos e a produção de biocombustíveis que supera a casa dos R$ 12 bilhões. Além disso, ele também menciona o potencial de produção do Estado de minerais estratégicos para a transição energética, como lítio e nióbio. 

“Sem planejamento de longo prazo não podemos embarcar em aventuras”

A ausência de um plano de mobilidade a longo prazo é um dos entraves destacados pelo superintendente de mobilidade da Prefeitura de Belo Horizonte, André Dantas, que também esteve presente na abertura do evento. Segundo ele, a gestão municipal tem realizado ações com cautela até a obtenção de informações necessárias para a realização de investimentos significativos.

“Quando se pensa em mobilidade não é só veículo. Precisamos pensar na produção e distribuição das atividades de forma eficiente. Sem planejamento de longo prazo, não podemos embarcar em aventuras”, avalia.

Apesar dos desafios, Dantas destaca que a capital mineira segue avançando no tema a partir do incentivo a caminhada, uso da bicicleta, além do transporte público para permitir a redução de emissões. Entre as ações recentes da prefeitura, ele cita o financiamento de R$ 317 milhões para a aquisição de 100 veículos elétricos e estrutura de recarga com previsão de implementação no próximo ano.

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