Economia

Minas atinge pleno emprego histórico com a menor taxa de desocupação em 12 anos

Especialistas apontam que sinergia entre setor público e privado impulsionaram investimentos e novas oportunidades de emprego no Estado
Minas atinge pleno emprego histórico com a menor taxa de desocupação em 12 anos
Minas Gerais ocupa a segunda posição nacional na geração de empregos com carteira assinada | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Em meio aos desafios na economia nacional, Minas Gerais segue se destacando no mercado de trabalho, atingindo, no segundo trimestre de 2025, uma taxa de desocupação estimada em 4,0%. O indicador, que mede a proporção de pessoas em busca de emprego em relação à força de trabalho, é o menor já registrado em 12 anos e pode ser resultado ações conjuntas que possibilitaram maior sinergia entre setor público e privado.

Ao comparar com o mesmo trimestre de 2024, quando ficou em 5,3%, a desocupação no Estado apresentou queda de 1,3 ponto percentual, com nível de ocupação estimado em 63%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os bons indicadores no Estado, superiores aos registrados a nível nacional – que obteve taxa de desocupação a 5,8% -, podem ser explicados por iniciativas governamentais com foco na atração de investimentos e redução de burocracias junto ao setor privado. “Notamos que as ações conjuntas têm funcionado. Projetos, que antes passariam por diferentes etapas de aprovação, aceleraram graças a programas que incentivaram a liberdade econômica para municípios mineiros”, avalia a professora de economia do Centro Universitário Una, Vaniria Ferrari.

Programas elaborados pela gestão estadual, como o Minas Livre para Crescer e o Invest Minas, estariam desempenhando um papel relevante nesse cenário de dinamismo econômico no Estado. O primeiro busca reduzir a burocracia e ampliar a liberdade econômica, criando um ambiente mais favorável ao empreendedorismo, enquanto o segundo articula e simplifica processos para atração de investimentos nacionais e estrangeiros no Estado.

Segundo a docente, ambas as iniciativas permitiram a descentralização de projetos, com ampliação de alcance para além do eixo metropolitano. Além da Capital, regiões como Vale do Jequitinhonha, Triângulo Mineiro e Sul de Minas seguem recebendo importantes aportes em segmentos como tecnologia, agronegócio e indústria.

“Quanto mais indústria e empresa atrairmos, mais geramos emprego. Com isso, cria-se um ciclo virtuoso na economia, com aumento da renda, consumo e estímulo a uma maior produção”, destaca Vaniria Ferrari.

Dados da Invest Minas apontam que, entre 2019 e 2024, foram atraídos R$ 432,26 bilhões em investimentos privados, com uma média anual de R$ 78,6 bilhões. As iniciativas contemplaram 743 projetos em 269 municípios mineiros, permitindo a geração de mais de 400 mil empregos diretos e indiretos.

Maior geração de emprego também indica maior número de trabalhadores com carteira assinada, contribuindo para a redução na informalidade em Minas Gerais. “Isso pode ser positivo porque aumenta arrecadação do Estado, que consegue ter mais recurso para reinvestir, além de proporcionar maior segurança para o trabalhador”, pontua a docente.

Programas de incentivo podem atenuar impactos da Selic

Embora desmotive financiamentos, o impacto da elevada taxa básica de juros, a Selic, hoje em 15% ao ano, deve se restringir ao crédito livre, o que explicaria a ascensão de empregos em meio à desaceleração na economia. De acordo com Vaniria Ferrari, a partir do crédito direcionado, que pode ser contratado a partir de programas de incentivo, empreendedores conseguem taxas reduzidas e prazos mais favoráveis, o que garante fôlego para investimentos produtivos e novas contratações.

“Se o governo federal ou estadual intervirem a partir de programas de incentivo, o mercado de trabalho pode ir na contramão ao resultado da Selic”, destaca.

Entretanto, a alta dívida pública federal pode ser um importante entrave para atração de investimentos e fomento a novos empregos nos próximos meses. O endividamento crescente, segundo a docente, limita a capacidade de ampliar incentivos e pressiona o custo do crédito, sobretudo em setores que dependem de financiamento de longo prazo.

“Isso requer uma supertarefa em futuras negociações, o que pode frear investimentos e consequentemente novas oportunidades de empregos”, conclui Vaniria Ferrari.

Puxado por café e alho, agropecuária lidera em contratações

Em junho, informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) pontuaram 24.228 novos postos de trabalho em Minas Gerais, um aumento de 15,2% em relação ao mês anterior. Os resultados posicionaram o Estado na segunda posição na criação de postos de trabalho formais no País, atrás apenas de São Paulo.

O levantamento apontou que as micro e pequenas empresas (MPEs) foram responsáveis por oito a cada dez empregos gerados (80,4%) somando 19.476 contratações, com avanço de 8,2% em relação a maio. Já as médias e grandes empresas registraram saldo positivo de 4.734 vagas, correspondendo por 18,5% do total de contratações no Estado.

Dentre os setores em destaque, a agropecuária liderou na abertura de oportunidades, com 9.491 contratações no período, seguido por serviços (4.267) e comércio (2.245). Com relação às atividades, o protagonismo ficou com o cultivo de café (5.558) e alho (2.141), além das atividades de apoio à agricultura (435), comércio atacadista de alimentos (419) e supermercados (376).

Para a analista do Sebrae Minas, Bárbara Castro, mesmo com cenário positivo, indicadores em queda, como o saldo de novas vagas, com recuo de 7,9% frente a maio e 12,4% no acumulado semestral, tornam o cenário incerto para o mercado de trabalho nos próximos meses. “Tensões comerciais com os Estados Unidos, somados às indefinições fiscais, como as negociações em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a liberação de emendas parlamentares, aumentam os riscos e demandam constante acompanhamento”, avalia.

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