Inadimplência nas empresas de Minas Gerais fecha ano abaixo da média nacional

Em dezembro de 2024, 26% dos negócios de Minas Gerais estavam com as contas negativadas, de acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. A taxa de inadimplência dos negócios do Estado é menor do que a registrada no mesmo mês do ano anterior (26,6%) e está abaixo da média nacional, de 31,6% do total de companhias existentes.
Entretanto, segundo o levantamento, eram pouco mais de 615,4 mil negócios inadimplentes em território mineiro no último mês do ano passado, montante 1,9% superior a dezembro de 2023, quando o Estado concentrava 603,9 mil companhias com as contas no vermelho.
A economista do Serasa, Camila Abdelmalack, aponta que o quadro de inadimplência das empresas mineiras e do Brasil mudou de patamar de um ano para outro. “Embora a gente veja uma economia bastante aquecida, que beneficia as empresas no lado da receita, por outro lado, no lado dos custos das empresas, temos um patamar bastante elevado da taxa de juros”, disse.
O atual patamar da Selic é restritivo para as empresas, especialmente para as Micro e Pequenas Empresas (MPEs), aponta a economista, que contam com menores opções para captação de crédito do que os grandes negócios e em condições mais caras.
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Cerca de 94,5% dos negócios em situação de inadimplência em Minas Gerais, em dezembro de 2024, são MPEs. O levantamento também registrou o volume de 4,3 milhões de dívidas das empresas mineiras no mês, um crescimento de 11,5% na comparação ano a ano.
Todas as dívidas das empresas de Minas Gerais equivalem à soma de R$ 12,7 bilhões. O montante é 31% superior à soma das dívidas das companhias mineiras no mesmo período de 2023, de R$ 9,7 bilhões. O endividamento médio das empresas mineiras era de R$ 20,6 mil, resultado 28,6% superior ao registrado em dezembro de 2023 (R$ 16 mil). Em média, cada CNPJ negativado no Estado possuía sete contas atrasadas no último mês do ano passado.
Camila Abdelmalack afirma que a perspectiva para os próximos meses de 2025, com a continuidade do processo de elevação da Selic e de pressão inflacionária, desafia as empresas em dois pontos. Um é na estrutura de custos, pelo lado da Selic, e outro na desaceleração da demanda por bens e serviços, pelo lado da inflação, que reduz o poder de compra da população.
“A gente tem um quadro que está se desenhando bastante desafiador. Muito provavelmente podemos ver um patamar recorde de inadimplências nas empresas, porque a combinação disso tudo será provavelmente um patamar recorde de inadimplência”, analisa a economista.
Ela aponta que o quadro pode não ser tão negativo, caso o governo federal consiga recuperar a confiança dos investidores em relação à situação fiscal do País, o que poderia fazer o processo de elevação da taxa de juros não ser no patamar que tem sido estimado pelos analistas.
Endividamento das empresas no Brasil sobe 19,4%
Em todo o País, eram 6,9 milhões de empresas que estavam com as contas no vermelho em dezembro de 2024. O resultado é 4,5% superior ao registrado no mesmo período de 2023. Cerca de 6,5 milhões dos negócios inadimplentes no Brasil eram MPEs.
O levantamento da Serasa Experian também registrou o volume de 50,2 milhões de dívidas no último mês do ano passado, um crescimento de 7% na comparação ano a ano. Todas essas dívidas das empresas brasileiras equivalem a R$ 150,6 bilhões, valor 19,4% superior à soma das dívidas das companhias do País em dezembro de 2023.
O endividamento médio das empresas no Brasil é de R$ 21,6 mil, resultado 13,9% acima do registrado em dezembro de 2023. Somente as dívidas das MPEs no Brasil somadas ultrapassaram R$ 130 bilhões no último mês de 2024. O valor é 19,7% maior à soma das dívidas das MPEs brasileiras no mesmo período de 2023.
Entre os estados, Alagoas registrou a maior taxa de inadimplência das empresas no País, com 41% de suas companhias com pendências financeiras. Em seguida, aparecem Distrito Federal (39,8%) e Pará (39,2%) como os estados com a maior taxa de CNPJs no vermelho.
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