Economia

Minas Gerais deve concentrar 11% do crescimento da matriz elétrica brasileira

Em janeiro, Estado se destacou dentre as maiores ampliações decorrentes de empreendimentos liberados para operação comercial
Minas Gerais deve concentrar 11% do crescimento da matriz elétrica brasileira
Geração fotovoltaica responde pela maior parte dos novos empreendimentos no Brasil | Crédito: Reprodução Adobe Stock

A matriz elétrica brasileira deve ter mais um ano de importantes ampliações a nível nacional com expectativa de crescimento de 9,95 gigawatts (GW) na oferta de energia. Minas Gerais, um dos mercados energéticos mais promissores, deve concentrar 11% da projeção esperada, com predominância total da energia fotovoltaica.

Em janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) observou um incremento de 1.350,54 megawatts (MW) em território nacional. Das 26 usinas que iniciaram as operações, 13 foram centrais solares fotovoltaicas, dez eólicas, duas termelétricas, além de uma pequena central hidrelétrica.

Com a adição de sete usinas e 336,83 MW de capacidade instalada, Minas Gerais se destaca como um dos estados com maior expansão na geração no primeiro mês do ano. O Estado perde apenas para o Mato Grosso do Sul, que somou 384,00 MW e fica a frente do Rio Grande do Norte (283,48 MW), Bahia (211,5 MW) e São Paulo (75 MW).

De acordo com o consultor de Mercado de Energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca, o clima favorável de intensa predominância do sol aliado à infraestrutura necessária de produção colocam o Estado como um dos principais potenciais na geração de energia, especialmente solar. “Hoje, 100% das usinas em construção em Minas Gerais são fotovoltaicas e um sexto da expansão total nacional está prevista para acontecer aqui”, destaca.

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Entretanto, o especialista considera que desafios operacionais ainda precisam ser contornados para alavancar a geração no Estado. “O avanço de energias como solar e eólica podem gerar sobrecarga no sistema. É uma oportunidade, mas ao mesmo tempo temos dificuldade operacional, já que esses sistemas precisam de energia de base, como hidrelétricas ou termelétricas”, pontua.

Atualmente, segundo ele, o Brasil consome dois terços do potencial de recursos hidrelétricos, o que permitira um crescimento de um terço do potencial para o futuro. No entanto, o acesso às terras e discursos contra o sistema prejudicam os avanços da matriz no Brasil.

“O setor hidrelétrico foi nossa base de crescimento e hoje é o nosso diferencial como energia de base 100% renovável frente a outros países. Nos anos anteriores tivemos um investimento muito forte e hoje observamos um avanço das termelétricas que são muito mais poluentes. Estamos lutando para transformar esse cenário”, destaca Pataca.

Incertezas políticas e econômicas podem afetar projetos

Após um ano desafiador, o economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), Paulo Casaca, avalia que o volume de chuvas no início de 2025 poderá evitar graves crises para o setor de energia em Minas Gerais ao longo do ano. Entretanto, medidas econômicas como a alta na taxa básica de juros (Selic) deverá afetar projetos.

Segundo ele, a Selic acelerada e a inflação pressionada não incentiva investimentos e o que precisamos para avançar em demanda são novos investimentos. Além disso, incertezas internacionais como a elevação de alíquota de importação podem gerar desaquecimento econômico e menos espaço para que a demanda de energia elétrica avance.

Outro fator preocupante apontado são eventuais movimentos políticos de desincentivo à economia verde, que pode gerar desaceleração, especialmente no desenvolvimento tecnológico para fontes renováveis. Apesar disso, a Casaca considera que, para além de sustentável, a energia elétrica verde é economicamente vantajosa e por isso não deverá ser deixada de lado completamente.

“Esse movimento pode desacelerar e prejudicar o processo, mas não vai conseguir parar totalmente. Vejo este setor ainda com investimentos consistentes, tanto para aumento da capacidade produtiva, quanto melhoria tecnológica para redução de custo de produção”, conclui.

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