Com 11 novos projetos, Minas Gerais lidera expansão de energia no País
Com forte protagonismo da energia solar, Minas Gerais registrou, em outubro, a maior expansão do País na matriz energética. No último mês, o Estado recebeu 11 novos projetos, adicionando 485,10 megawatts (MW) de capacidade. Todas as operações estão concentradas em Novo Oriente de Minas, no Vale do Mucuri.
No acumulado do ano, Minas Gerais ultrapassa a marca de 1.038,35 MW, em novas operações, desempenho inferior apenas ao Rio de Janeiro (1.672,60 MW). Os dados constam no Relatório de Acompanhamento da Expansão da Oferta de Geração de Energia Elétrica (Ralie), comandado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O consultor de mercado de energia da Fiemg, Sérgio Pataca, destaca que o resultado reflete uma tendência já confirmada: a vocação de Minas Gerais deixou hidrelétricas, virou celeiro da energia solar. No ano passado, 95% das novas usinas no Estado eram de fonte solar e em 2025 atingiu 100% até o momento.
A adesão à energia solar cresce especialmente no Norte de Minas e no Triângulo, onde a fotovoltaica ganha espaço, impactado pelo clima local. “Hoje, em potência instalada, ela já é a segunda maior fonte do Estado: as hidrelétricas respondem por 51% e a solar por 33%”, destaca Pataca.
O avanço da energia renovável no Norte do Estado e Vale do Jequitinhonha é encarado como um dos principais vetores potenciais para o desenvolvimento da região. Para o consultor, os territórios, que antes careciam em infraestrutura de energia, receberam novos empreendimentos, elevando qualidade de vida e geração de mão de obra qualificada em dezenas de cidades.
“Além de ser uma alternativa sustentável, a ampliação segue desenvolvendo a região, com qualificação de empregos, como técnico em elétrica e eletromecânica, para atender ao mercado pujante”, ressalta.
Até dezembro, estão previstas mais quatro usinas entrando em operação no Estado, todas de energia solar. Três delas estarão localizadas no Vale do Mucuri, reforçando o potencial de geração na região.
Crescimento da demanda está diretamente ligado ao avanço da produção e do PIB
Apesar do crescimento, especialmente entre 2022 e 2024, a expectativa é de estabilidade, especialmente na criação de novas usinas. Segundo Pataca, com a desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, associado ao atual contexto econômico, a tendência é de estabilidade em novos projetos.
“O crescimento da demanda está diretamente ligado ao avanço da produção e do PIB. Quanto mais a economia cresce, maior é o consumo de energia solar, seja industrial, residencial ou comercial”, avalia.
Dentre as oportunidades, o crescimento da inteligência artificial, associado ao amplo uso da internet, revela um mercado potencial no Brasil, especialmente na atração de grandes empresas, à exemplo dos data centers.
O avanço, na opinião do consultor, está condicionado à ampliação da discussão de descarbonização da energia no nível global. “Se ser mais renovável não for uma tendência global, o Brasil perde a chance de hospedar grandes negócios”, destaca.
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