Minas Gerais lidera expectativa de contratação no Brasil para o 3º trimestre de 2025

Minas Gerais aparece na liderança nacional da expectativa de contratação de trabalhadores formais para o terceiro trimestre de 2025. De acordo com a Pesquisa de Expectativa de Emprego do ManpowerGroup, 40% dos empregadores mineiros afirmaram que pretendem aumentar seus quadros de funcionários entre os meses de julho e setembro.

A média nacional também é otimista: 51% das empresas brasileiras projetam novas contratações no período, o que representa um avanço de três pontos percentuais em relação ao segundo trimestre. A Expectativa Líquida de Emprego do Brasil atingiu 33%, colocando o País na 4ª posição entre os 42 avaliados mundialmente, atrás apenas de Emirados Árabes Unidos (48%), Índia (42%) e Costa Rica (41%).

Minas puxa crescimento da intenção de contratação no País

Entre os estados com maior intenção de contratação, Minas Gerais aparece à frente de São Paulo (32%) e Rio de Janeiro (33%), superando também o Paraná (36%). A explicação pode estar na força de setores estratégicos da economia mineira como logística, indústria, saúde, serviços especializados e tecnologia.

“O otimismo vem de um cenário de crescimento real da economia. Todos os segmentos demandam bastante, e isso gera necessidade de novas contratações”, destaca o professor de Ciências Contábeis da Estácio BH Alisson Batista.

Ele ressalta que fatores estruturais, como localização estratégica, dinamismo logístico e um mercado diversificado, contribuem para o bom momento no Estado.

“O fato de estar situado no centro do Sudeste favorece bastante empresas que possuem sede aqui. Grandes corporações contratam em Minas para desdobrar suas atividades em outros estados. O desenvolvimento logístico e a malha rodoviária também são diferenciais competitivos relevantes”, completa.

Economia aquecida aumenta expectativa de contratação

A perspectiva positiva para o mercado de trabalho mineiro também é influenciada pelo aquecimento da economia nacional. A recente elevação da taxa Selic para 15% ao ano sinaliza justamente esse cenário de expansão.

“A indústria aquecida demanda mão de obra. Esse fator sinaliza que o comércio está forte, com pessoas produzindo e desenvolvendo produtos para abastecer a cadeia produtiva. O setor de serviços é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento na região Sudeste”, explica Batista.

Ele lembra também que, apesar dos impactos dos feriados no segundo trimestre, muitas contratações represadas podem se concretizar no terceiro trimestre.

Segundo o professor, o cenário geopolítico internacional também exige atenção. “Os conflitos em andamento podem impactar o setor produtivo em Minas, especialmente em empresas que dependem de combustíveis ou estão expostas a variações cambiais”, alerta.

“Já tivemos impacto da volatilidade nos combustíveis. Isso afeta diretamente setores como transporte e distribuição. Embora ainda não haja impacto direto e duradouro, o empresário precisa estar atento às movimentações internacionais”, explica Batista.

Setores que mais vão contratar no 3º trimestre

No recorte setorial, a pesquisa mostra que Transporte, Logística & Automotivo (53%) lideram as intenções de contratação no Brasil. Em seguida, aparecem Tecnologia da Informação (51%), Indústria & Materiais (43%) e Saúde & Ciências da Vida (39%).

“O crescimento de 35 pontos percentuais no setor logístico, comparado ao trimestre anterior, é impressionante e reforça a tendência de digitalização e modernização da infraestrutura de transporte”, afirmou o Country Manager do ManpowerGroup Brasil, Nilson Pereira.

Entre os setores com desempenho mais tímido estão Energia & Serviços de Utilidade Pública (-32%) e Serviços de Comunicação (25%).

Empresas buscam funcionários qualificados

Apesar do cenário favorável, o momento exige atenção das empresas na hora de contratar. Para Alisson Batista, é fundamental apostar em processos seletivos qualificados para evitar alta rotatividade.

“É preciso contratar profissionais que tenham perfil para se manter na função. O turnover alto gera prejuízo para as empresas. Alguns segmentos têm rotatividade naturalmente elevada, e isso precisa ser considerado na hora da gestão.”

A tendência, segundo o ManpowerGroup, é que o mercado de trabalho siga aquecido até o fim de 2025. Uma nova rodada da pesquisa será divulgada em setembro, com as projeções para o quarto trimestre.

“Vale lembrar que decisões como a elevação da Selic demoram de 120 a 180 dias para fazer efeito real na economia. O que estamos vendo agora é reflexo de decisões tomadas há 4 ou 6 meses. Isso significa que o cenário atual ainda pode melhorar mais até o fim do ano”, explica Batista.