Minas Gerais lidera recuperação de crédito no Sudeste em 2022

Mesmo diante de numerosas adversidades socioeconômicas no ano passado, o consumidor de Minas Gerais conseguiu regularizar parte de seus débitos em atraso. É o que aponta o Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian. Conforme o levantamento, 61,1% das dívidas de inadimplentes do Estado foram pagas em até 60 dias após a negativação.
Para efeitos de comparação, este mesmo índice em 2021 foi de 55%, ou seja, houve um aumento de 6,1 pontos percentuais (p.p.) entre os períodos. Já em 2020, ano do início da pandemia de Covid-19, que refletiu diretamente na vida financeira da população, o indicador foi de 57,4%, o que também mostra uma elevação, entretanto, um pouco menor, de 3,7 p.p.
Em uma análise regional, a taxa de pagamentos de Minas Gerais foi destaque no Sudeste. Entre as unidades da Federação, o Estado teve a quinta maior recuperação de crédito, atrás apenas da Paraíba (68,7%), Rio Grande do Sul (66%), Goiás (63%) e Sergipe (62,4%). O índice de quitação de dívidas dos mineiros ainda foi superior ao da média nacional, de 57,9%.
Cadeia exportadora favoreceu a recuperação de crédito
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, explica que o comportamento de alta registrado em alguns estados têm relação com o fim da crise sanitária, mas está mais ligado ao momento econômico vivido por cada um. Isso porque tem unidades federativas que dispõem de grandes atividades exportadoras, enquanto outras dependem bastante do mercado doméstico.
Ele destaca, por exemplo, que Minas Gerais, assim como o Rio Grande do Sul e Goiás – três dos cinco primeiros colocados – possuem um forte agronegócio, com relevante participação na economia. Logo, estão tendo desempenhos melhores no que diz respeito à diminuição dos índices de inadimplência e elevação dos indicadores de recuperação de crédito.
Ao passo que o Amapá (23%), Distrito Federal (44,6%) e Roraima (46,8%) – três últimos do ranking –, ainda não têm um agronegócio tão bem constituído. Em vista disso, esses estados precisam de bons números no mercado consumidor interno, como o setor de serviços, que foi duramente afetado pela pandemia e que vem sofrendo com os impactos da inflação elevada.
“Isso deve continuar sendo uma característica para este ano, porque ainda estamos com inflação alta, desemprego relativamente elevado e a economia mundial continua crescendo. Então esses estados, que têm um pé bem consolidado em alguma cadeia exportadora, devem continuar tendo desempenho melhores, pelo menos em 2023”, afirma.
No Brasil, contas básicas e financiamentos lideraram a regularização
Nacionalmente, a Serasa Experian indica quais setores receberam mais pagamentos de dívidas em atraso ao longo do ano. As companhias de utilities, que incluem contas básicas de água, luz e gás, com 65,4%, e os bancos e cartões, com 65,1%, lideraram a regularização. Na sequência ficaram os empreendimentos do varejo (51,5%), financeiras (44,2%), outros (40,6%), serviços (34,2%), telefonia (9,8%) e securitizadoras (7,5%).
“A conta básica, se não for paga, fica difícil até mesmo de sobreviver. Então a necessidade de manter o fornecimento de água, luz e gás dentro das residências acaba forçando o cidadão a tentar regularizar esse tipo de conta o mais rapidamente possível”, explica Rabi.
“E no caso dos bancos, as pessoas priorizam o pagamento das redes bancárias, justamente para manter o crédito disponível, principalmente em um momento de dificuldade financeira”, acrescenta o economista.
O indicador de recuperação de crédito também aponta quais débitos foram priorizados pelos consumidores no que se refere a valor. Os encargos acima de R$ 10 mil tiveram a maior taxa de pagamento, com 68,2%. Em seguida ficaram as contas até R$ 500 (59,9%), entre R$ 500 e R$ 1 mil (55,2%), entre R$ 2 mil e R$ 10 mil (51,6%) e entre R$ 1 mil e R$ 2 mil (51%).
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