Municípios mineiros se destacam em índice de desenvolvimento, mas ainda enfrentam desigualdades
 
                            Minas Gerais apresentou desempenho acima da média nacional no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) 2025, com 60,6% dos municípios mineiros classificados com desenvolvimento moderado ou alto, frente a 52,7% no Brasil. Apesar disso, apenas 1,9% dos municípios atingiram a classificação de alto desenvolvimento. Os dados, referentes ao ano de 2023, são da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
No cenário estadual, Poços de Caldas se destacou como o município mais bem posicionado, sendo o único de Minas Gerais entre os 100 melhores IFDMs do País. Além disso, o Estado emplacou 42 cidades entre as 500 mais bem avaliadas do Brasil.
A maioria das cidades em Minas apresentou desenvolvimento moderado (58,7%) ou baixo (39%). Os dados revelaram um retrato atualizado do avanço e dos desafios socioeconômicos em 852 municípios mineiros, sendo que quatro deles — Fronteira dos Vales, Santa Helena de Minas, Bertópolis e São José das Missões — figuraram na faixa crítica.
“É inadmissível que ainda hoje, apesar da melhora nos últimos anos, a gente tenha um Brasil tão desigual. Nossos cálculos indicam que as cidades críticas têm, em média, mais de duas décadas de atraso em relação às mais desenvolvidas do País. É como se parte dos brasileiros ainda estivesse vivendo no século passado”, ressalta o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
Minas Gerais em destaque, mas com lições a tirar
A nova edição do IFDM analisou 5.550 municípios brasileiros, que respondem por 99,96% da população, e confirmou que Minas Gerais avança no caminho do desenvolvimento, com municípios como Belo Horizonte, Uberlândia, Poços de Caldas e Pouso Alegre sustentando boas posições desde o início da série histórica em 2013. Inclusive, Uberlândia e Pouso Alegre, além de Poços de Caldas, são os únicos municípios consolidados no Top 10 de Minas Gerais desde o início da série histórica.
Na comparação com os dados de 2013, Minas Gerais apresentou um avanço expressivo no índice de desenvolvimento dos municípios. A média estadual saltou de 0,5059 para 0,6257 em 2023, um crescimento de 23,7%, superando a média nacional de 0,6067.
Esse progresso foi impulsionado, principalmente, pela evolução na área da Educação, que cresceu 40,5% no período, seguida por melhorias na Saúde (19,8%) e no indicador de Emprego & Renda (12,8%). Dos 852 municípios mineiros avaliados, 838 apresentaram evolução em relação a 2013.
Belo Horizonte avança e cresce em desenvolvimento
A capital mineira apresentou evolução significativa na última década, com crescimento de 8,7% no seu índice de desenvolvimento, saindo de 0,7417 em 2013 para 0,8063 em 2023, o que garantiu a Belo Horizonte a classificação de alto desenvolvimento e a 5ª colocação entre todas as capitais brasileiras. O desempenho reflete avanços consistentes nas áreas de Educação, Saúde e Emprego & Renda, componentes avaliados pelo IFDM.
A boa colocação de Belo Horizonte reforça seu papel estratégico no cenário econômico de Minas Gerais e do País. Segundo o estudo, 13,2 milhões de mineiros (62,4%) vivem em municípios com desenvolvimento moderado e 4,6 milhões (21,9%) em cidades com alto nível, totalizando 84,3% da população do Estado em faixas elevadas. No entanto, 3,3 milhões (15,6%) ainda vivem em localidades com baixo desenvolvimento e 28 mil (0,1%) em áreas de desenvolvimento crítico.
“Através do IFDM conseguimos chamar a atenção para a situação crítica de muitas cidades, que nem sequer tem quantidade razoável de médicos para atender a população, em que a diversidade econômica é tão baixa que sete em cada dez empregos formais são na administração pública”, explica o presidente da Firjan.
Educação puxa desenvolvimento em Minas, mas desafios persistem
O principal fator para o avanço de Minas Gerais no índice foi a melhoria no indicador de Educação, com crescimento de 40,5% em dez anos. A Saúde e o Emprego & Renda também evoluíram, com aumentos de 19,8% e 12,8%, respectivamente. Mesmo com os avanços, o IFDM Educação aponta déficit na formação de professores, altas taxas de distorção idade-série e baixa cobertura em creches, especialmente nos municípios mais vulneráveis.
Nas cidades com desempenho crítico, 57% das turmas do Ensino Fundamental são ministradas por professores sem formação adequada, e apenas 19% das crianças de até três anos estão matriculadas em creches — índice muito inferior aos 53% nas cidades com alto desenvolvimento.
Saúde ainda sofre com falta de médicos e infraestrutura precária em Minas Gerais
Na Saúde, apenas 1,9% dos municípios brasileiros atingem o alto desenvolvimento, e Minas Gerais segue tendência semelhante. O levantamento mostra que, nos municípios críticos, há apenas um médico para cada dois mil habitantes, sete vezes menos do que nas cidades mais desenvolvidas. Problemas como gravidez na adolescência, mortalidade infantil evitável e internações por falta de saneamento básico continuam desafiando gestores municipais.
Desenvolvimento de emprego e renda revela dependência do setor público
O IFDM Emprego & Renda evidencia fortes contrastes regionais e baixa diversidade econômica. Nos municípios mineiros com desenvolvimento crítico, apenas 9,3% da população adulta possui emprego formal, contra 39,4% nas cidades mais avançadas. Além disso, quase sete em cada dez empregos formais nesses locais estão na administração pública, o que evidencia uma economia pouco diversificada.
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