Minas Gerais perde mercado e exportações para Israel recuam quase 30%

Em 2023, as exportações de Minas Gerais para Israel caíram 28,8% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 23,6 milhões. Os dados são de um levantamento encomendado pela Câmara Minas Gerais-Israel de Comércio e Indústria (CMGI) e mostram que o Estado perdeu espaço no mercado israelense, inclusive, para outras unidades da Federação.
Conforme a pesquisa, à exceção do café, os embarques do Estado para o país do Oriente Médio são relativamente instáveis em termos de permanência no fornecimento do produto, observando certa sazonalidade e consolidação de mercado. Logo, itens que antes eram importantes para a relação não constam mais na pauta ou passaram a ter baixa participação.
“Os números mostram que Minas Gerais perdeu mercado para outros estados. Antigamente, exportávamos carne bovina para Israel, hoje, Israel não compra mais de Minas e, sim, do Mato Grosso”, sublinha a presidente da CMGI, Fernanda Pitchon, acrescentando que os mineiros também perderam mercado no que diz respeito à exportação de açúcar e grãos.
De acordo com o estudo, o setor cafeeiro respondeu pela maior parte da pauta de embarques do Estado para os israelenses, com 80,8%, seguido pelos setores de pedras preciosas (7,5%) e o calçadista (3%) – Minas Gerais é o maior fornecedor brasileiro tanto de café quanto de diamantes e pedras preciosas para Israel, segundo a câmara de comércio e indústria.
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O município que mais vendeu café foi Manhuaçu (25,5%), já a cidade que mais forneceu pedras preciosas foi São Gonçalo do Abaeté (45,8%). Enquanto a maioria dos calçados, polainas e artefatos semelhantes quem vendeu foi Montes Claros (95,9%).
Importações também caem
As importações de Minas Gerais oriundas de Israel, em 2023, somaram US$ 27,1 milhões e também foram menores se comparadas ao ano imediatamente anterior, com baixa de 57,2%.
O levantamento mostra que produtos químicos/orgânicos, com uma participação de 17,4% do total importado, lideram o ranking de compras mineiras, seguido por aparelhos e instrumentos mecânicos (16,3%) e cosméticos (14,2%).
Varginha (77,8%) foi a cidade que mais comprou produtos químicos/orgânicos israelenses. Enquanto Uberlândia (44,9%) foi quem mais importou máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos. Já Extrema foi responsável, sozinha, por 100% das importações de cosméticos.
“As relações entre Minas Gerais e Israel ainda são muito voltadas às iniciativas particulares. Por exemplo, no caso dos cosméticos, podemos ver, pelos valores, que é fruto da compra de uma só pessoa. Então, por conta dessa pouca constância, a balança acaba oscilando, embora tenhamos produtos consolidados, como o café”, diz Fernanda Pitchon.
Conforme a presidente da Câmara Minas Gerais-Israel de Comércio e Indústria, os resultados de 2023 não podem ser associados à guerra Israel-Hamas, que iniciou no dia 7 de outubro daquele ano. Contudo, em 2024, é possível que os números tenham reflexo dos conflitos e de movimentos políticos internacionais de boicote aos produtos israelenses.
Relação comercial entre Minas Gerais e Israel tem potencial para crescer
A relação comercial entre Minas Gerais e Israel, cujos valores são pequenos neste momento, pode crescer, de acordo com a presidente da CMGI.
Segundo ela, existe um interesse dos mineiros em estabelecer parcerias com os israelenses, principalmente porque o país do Oriente Médio é conhecido como startup nation, estando à frente de questões de tecnologias aplicadas a diversas áreas, como medicina, inteligência artificial e comunicação. Porém, Israel está distante, e a câmara trabalha para fomentar essa interação para que os dois lados vejam que a relação comercial pode ser profícua.
Fernanda Pitchon também destaca que Minas Gerais é forte no agronegócio e na pecuária. A executiva afirma que o Estado tem totais condições de recuperar a participação no mercado de Israel no que se refere à carne bovina e ainda avançar no de carne de aves.
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