Economia

Minas Gerais pretende fomentar cadeia de silício em 2024

Mineral é um dos insumos para a produção de placas utilizadas nas usinas de energia solar
Minas Gerais pretende fomentar cadeia de silício em 2024
Passalio: meta é alcançar a atração de R$ 500 bi em aportes | Crédito: Divulgação/Sede

A meta do governo de Minas Gerais para 2024 é alcançar, de forma sustentável e de modo a diminuir a desigualdade regional, a marca de 1 milhão de empregos gerados e meio trilhão de investimentos atraídos. Para isso, planeja continuar fomentando o Vale do Lítio e setores como turismo e energia renovável. Mas uma novidade está na pauta: o estímulo à cadeia de silício.

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, destaca que existe uma gigantesca demanda global por silício, especialmente para a fabricação de placas fotovoltaicas, e as ricas terras do Estado possuem uma imensa capacidade de fornecê-lo. Sendo assim, ele realça que a intenção do governo é trabalhar fortemente na promoção de investimentos ao mineral. 

“Não podemos divulgar as tratativas de investimentos atraídos, por questões de acordo de confidencialidade, mas Minas Gerais tem um potencial altíssimo em ser um grande polo de silício para o mundo. Lembrando que o silício é a matéria-prima principal, ainda na linha da transição energética, para se fazer painéis solares”, destacou Passalio ao DIÁRIO DO COMÉRCIO. 

Em entrevista exclusiva ao veículo, o secretário também destacou que o governo pretende, neste ano, dar uma maior conotação para as possibilidades em torno do lítio mineiro. Conforme o gestor público, serão abertas linhas de pesquisa, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), para estudos de aplicação do mineral para ir além do uso em baterias.

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“Sabemos das várias aplicações do lítio. Temos um belo exemplo que é a CBL (Companhia Brasileira de Lítio), que já atua no lítio antes das baterias e faz um trabalho de exportação. Vamos investir em pesquisa do lítio para aumentar as possibilidades. O lítio pode ser utilizado para medicamentos, lubrificantes e outros tantos produtos para a geração de outras oportunidades de investimentos no Estado”, disse, ressaltando que a Fapemig terá como foco as pesquisas aplicadas. 

Simplificação de processos para empreendedores e qualificação de mão de obra

Outros dois pontos de atenção do governo mineiro para 2024, de acordo com Passalio, é na continuidade dos programas Minas Livre para Crescer e do Trilhas de Futuro. O primeiro visa auxiliar os municípios a desburocratizar processos e melhorar o ambiente de negócios, enquanto o segundo oferta, gratuitamente, cursos técnicos aos estudantes e egressos do ensino médio.

De acordo com o secretário, em fevereiro, o Estado deve bater a marca de 400 municípios participantes do Minas Livre para Crescer. Em relação ao Trilhas de Futuro, ele salienta que o projeto, que já formou quase 150 mil alunos, é e continuará sendo um propulsor para a atração de investimentos, visto que nas missões internacionais, os gestores vêm escutando de investidores que a qualificação de mão de obra tem sido um conflito para o direcionamento dos aportes.

Taxa de conversão de investimentos e possível ida da Bravo Motor Company para outro estado

Desde o início do primeiro mandato do governador Romeu Zema (Novo), há cinco anos, Minas Gerais atraiu mais de R$ 387 bilhões em investimentos privados, com a previsão de criação de 191 mil empregos em mais de 650 projetos. Mas entre a assinatura do protocolo de intenções do governo com os investidores e a efetivação dos aportes existe um longo caminho a percorrer. 

Nesse sentido, Passalio diz que a taxa de conversão de projetos atraídos pelo Estado que, de fato, viraram empresas e empregos, subiu consideravelmente nos últimos anos. O indicador saltou de 19%, em 2019, para mais de 60% atualmente, percentual superior até mesmo ao da média global, de 48%, conforme dados da agência internacional de atração de investimentos, segundo ele. 

Com uma iminente perda da fábrica de baterias e veículos elétricos da Bravo Motor Company para outra região brasileira, o gestor afirma que o Estado tem feito, como faz com todos os investimentos atraídos, tudo que está ao seu alcance para que o projeto se torne realidade. Enfatiza ainda que os números falam por si e que Minas Gerais tem condições competitivas frente a qualquer outro estado brasileiro, porém, respeita o livre direito de escolha da fabricante.

Estado segue aguardando envio da proposta alternativa ao RRF 

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, também comentou sobre os planos para a solução da grave situação fiscal de Minas Gerais, que engloba uma dívida bilionária com a União, de cerca de R$ 160 bilhões. Conforme ele, o Estado ainda aguarda o envio, por parte do Ministério da Fazenda, de uma proposta alternativa ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

A Pasta ficou responsável por estudar a sugestão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A proposta dele inclui, entre outras medidas, federalizar a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) em troca de um abatimento no débito. 

Enquanto a formalização não chega, Passalio afirma que não há como dizer em retirar ou colocar uma dessas estatais do acordo com o governo federal. Notícias veiculadas na imprensa há alguns dias davam conta de que o governador Zema pretendia excluir a Cemig do plano alternativo. 

O secretário ainda avaliou a intenção do governo com o RRF, proposta que se encontra parada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Segundo ele, existe muita desinformação sobre o regime, uma vez que o Estado está nele há mais de um ano e tem conseguido cumprir com os trabalhos normalmente, investimentos e mantendo as políticas sociais.

“Quem critica o RRF está criticando um governo que emprega. A aprovação do regime pela Assembleia Legislativa não muda nada naquilo que nós estamos fazendo hoje, apenas dá ao Estado mais segurança e serenidade para se planejar melhor, sem precisar contar com liminares periódicas que tornam mais difícil o nosso planejamento”, afirmou Passalio.

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