Economia

Minas Gerais tem superávit de US$ 12,9 bilhões na balança comercial do 1º semestre de 2025

O Estado registrou US$ 21,5 bilhões em exportações e US$ 8,6 bilhões em exportações ao longo da primeira metade do ano
Minas Gerais tem superávit de US$ 12,9 bilhões na balança comercial do 1º semestre de 2025
Foto: André Kasczeszen / APPA

A balança comercial de Minas Gerais registrou saldo positivo de US$ 12,9 bilhões no primeiro semestre deste ano. De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), esse superávit comercial foi impulsionado por recordes históricos tanto nas exportações (US$ 21,5 bilhões) quanto nas importações (US$ 8,6 bilhões).

O pesquisador da FJP Lucio Barbosa avalia que o resultado foi positivo, apesar de estar abaixo do registrado no mesmo período de 2024, devido a um crescimento maior das importações. Na primeira metade do ano passado, o Estado registrou US$ 20,9 bilhões em exportações e US$ 7,5 bilhões em importações, resultando em um superávit de US$ 13,4 bilhões na balança comercial.

Segundo ele, o montante apresentado na primeira metade de 2025 está dentro das expectativas iniciais. Isso porque, as exportações mineiras, e do Brasil de forma geral, mudaram de patamar desde o fim do período da pandemia de Covid-19, com variações nos preços das commodities vendidas por Minas e ganho substancial no volume exportado. “Nós temos níveis de exportações superiores aos registrados em 2019”, relata.

O levantamento – feito com base em dados da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) – demonstra que as exportações de café ultrapassaram as de minério de ferro pela primeira vez desde 2010. Apesar de uma redução de 8,9% no volume do grão exportado na comparação com o mesmo período de 2024, houve crescimento de 61,2% no valor do produto, o que reflete a escassez da oferta global.

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“Esse ‘casamento’ de oferta e demanda tem sido o responsável pelo aumento dos preços e, consequentemente, pela mudança nas posições do café e do minério de ferro”, explica Barbosa.

Já as vendas de minério de ferro registraram queda de 24,2% na primeira metade do ano, retração que está diretamente ligada a uma demanda menor da China, principal comprador do produto. No entanto, a commodity se mantém como segunda mais vendida por Minas, respondendo, junto com o café, por 49,9% do valor exportado pelo Estado.

Em seguida aparecem as exportações de soja, com 8,6% de participação no valor total. O valor exportado do grão apresentou queda de 13,4% no primeiro semestre de 2025 frente ao primeiro semestre do ano passado, enquanto o volume diminuiu 4,9% na mesma base de comparação.

Por sua vez, a participação das vendas de ferro-nióbio foi de 4,5%, com aumento de 9% do valor exportado e de 3,9% do volume vendido. As exportações de ouro cresceram 48,6% em valor e 12,4% em volume, registrando participação 4,4% nas vendas internacionais mineiras.

Parceiros comerciais de Minas Gerais

Navio sendo carregado com minério de ferro para exportação.
Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Conforme os dados reunidos pela FJP, a China se mantém como o principal destino das exportações mineiras, com 33,7% de participação no primeiro semestre de 2025. Em seguida aparecem: Estados Unidos (11,6%), Argentina (4,7%) e Canadá (4,1%).

Quanto às importações, os principais parceiros comerciais de Minas Gerais nos seis primeiros meses do ano foram a China (25,8%) e os EUA (13,5%), com destaque para as compras de bens de capital e de insumos industriais. A Argentina foi o terceiro parceiro mais relevante do Estado no período, respondendo por 8% das importações, seguida pela Itália (5,9%) e Alemanha (4,6%).

Barbosa pontua que a participação da China, Estados Unidos e até da Argentina é um padrão recorrente nos últimos anos. No caso dos dois primeiros, a explicação é o tamanho desses mercados, que são as maiores economias do mundo e, portanto, geram um fluxo natural de comercialização de produtos.

No entanto, o especialista destaca uma diferença entre esses dois parceiros comerciais. No caso da China, as exportações são, majoritariamente, de produtos de baixo valor agregado, como minério de ferro e soja. Já as vendas para os Estados Unidos incluem produtos siderúrgicos e demais bens manufaturados e de maior valor agregado, além do café, que é a principal commodity exportada para o país.

Quanto à Argentina, a parceria pode ser explicada por ser uma importante economia da América do Sul e pela proximidade. “Geralmente, o comércio é determinado pelo tamanho da economia e pela distância geográfica”, diz.

Segundo o pesquisador da Fundação João Pinheiro, essa integração produtiva com o país vizinho é baseada na comercialização de veículos e demais produtos do setor automotivo como peças de carros.

Ainda sobre as importações, as compras de máquinas e equipamentos mecânicos, especialmente de partes de turborreatores ou de turbopropulsores, tiveram um aumento de 24,3%, totalizando uma participação de 17,5% no total do Estado. Já os produtos químicos orgânicos registraram um crescimento de 55,4% e tiveram participação de 6,6%, resultado influenciado pelo crescimento de 553,3% das compras de bifetrin, utilizado no combate a pragas na agricultura.

Além disso, os produtos farmacêuticos fecharam o período com alta de 130,9%, registrando 6,1% de participação na pauta de importações de Minas. Esse aumento foi impulsionado pelas compras de outros produtos imunológicos que avançaram 246,3%, oriundas, principalmente, da Alemanha e de Porto Rico.

Perspectiva positiva para o restante do ano

Navio carregado de grãos para exportação.
Foto: Paulo Whitaler/Reuters

Conforme análises da FJP, o cenário para Minas Gerais segue positivo, mesmo com a perspectiva de desaceleração da economia global, especialmente na China e nos Estados Unidos. A perspectiva para o segundo semestre de 2025 é de estabilidade nos preços das principais commodities exportadas e manutenção do ritmo das importações, o que deve manter o saldo comercial elevado, ainda que inferior ao apresentado no mesmo período de 2024.

Barbosa ressalta que existem algumas questões a serem resolvidas, que podem prejudicar o resultado no segundo semestre do ano. Quanto às novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, o especialista esclarece que elas ainda serão implementadas em agosto, possibilitando um período de adaptação. Para ele, mesmo que elas sejam implementadas, os impactos não deverão ser sentidos na segunda metade deste ano.

“Eu acredito que este ano ainda terá resultado bastante favorável, mesmo que tenha uma aplicação de tarifas maiores sobre os produtos exportados para os Estados Unidos”, completa.

O pesquisador ainda destaca que Minas Gerais é um dos principais produtores de café no mundo, o que torna mais difícil para que os Estados Unidos encontrem outros mercados além do mineiro. Ele acredita que possa haver uma queda no consumo de café entre os norte-americanos, devido ao aumento de preços, mas dificilmente isso poderá prejudicar as exportações do Estado.

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