Minas Gerais tem bom potencial para produzir biometano

As medidas para incentivar a produção e o uso sustentável do biometano lançadas pelo governo federal prometem alavancar os investimentos em novas plantas no País, especialmente em Minas Gerais. É que o biometano, gás 100% renovável equivalente ao gás natural, é obtido pela purificação do biogás e o Estado já é referência na produção desse biocombustível para a produção de energia elétrica.
Das 379 plantas de biogás existentes no Brasil, 173 estão instaladas em terras mineiras.
A ENC Energy Brasil já estuda a possibilidade de agregar a produção do biometano em sua usina de biogás localizada no município de Santana do Paraíso, no Vale do Aço. Segundo o Diretor de Novos Negócios, Igor Urasaki, a empresa possui oito plantas do tipo em operação no Brasil e a inclusão do biocombustível gasoso já vinha sendo estudada, mas em alguns casos, como nas unidades mineiras, era economicamente inviável. Agora, com as mudanças promovidas pelo programa Metano Zero, as conversões poderão ser realizadas.
Além da planta em Santa do Paraíso, a ENC também tem usina em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Já as demais operações se encontram no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Pernambuco e Maranhão e todas são voltadas para produção de biogás para energia. “Os incentivos vão ajudar a viabilizar muitos projetos. Alguns já existiam para o biogás, mas não para o biometano. Agora, com as mudanças, poderemos usar o excedente para mais uma aplicação”, resume.
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O biometano é um biocombustível gasoso obtido pela purificação do biogás, fonte energética renovável e ambientalmente sustentável que pode contribuir para a redução de resíduos, para a emissão de gases de efeito estufa, aumentar a segurança energética e fornecer energia limpa para diferentes fins. É utilizado na indústria ou nos transportes, em substituição ao GLP (gás de cozinha), óleo diesel e outros derivados de petróleo, como a gasolina. A redução de custos é da ordem de 30%.
Governo incentiva biometano
O programa Metano Zero, lançado pelo governo federal na última segunda-feira (21), inclui os investimentos em biometano no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), suspendendo a cobrança de PIS e Cofins para aquisição de máquinas, materiais de construção, equipamentos, dentre outros componentes – o que vai alavancar a construção de novas unidades.
Além disso, um decreto assinado pelo Jair Bolsonaro (PL) instituiu a Estratégia Federal de Incentivo ao Uso Sustentável de Biogás e Biometano, em vistas de fomentar programas e ações para reduzir as emissões de metano e incentivar o uso de biogás e biometano como fontes renováveis de energia e combustível.
O documento tem diretrizes para incentivar o mercado de carbono, em especial o crédito de metano, a promoção da implantação de biodigestores e sistemas de purificação de biogás e de produção e compressão de biometano. Prevê também o fomento ao desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas sobre biogás e biometano e o incentivo à cooperação nacional e internacional para a implementação de ações de redução das emissões de metano, entre outros.
A partir destes incentivos, já estão estimados investimentos superiores a R$ 7 bilhões e geração de 6.500 empregos em 25 novas plantas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com isso, a produção deve saltar de 400 mil metros cúbicos por dia para 2,3 milhões de metros cúbicos por dia em 2027, suficiente para abastecer mais de 900 mil veículos leves por ano. Além disso, serão evitadas as emissões de quase 2 milhões de toneladas de carbono na atmosfera, o que corresponde ao plantio de 14 milhões de árvores em termos de captura de carbono.
Para a gerente executiva da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Tamar Roitman, a medida do governo federal vai impulsionar o setor. “O biometano é equivalente ao gás natural e pode ser utilizado em diferentes frentes, sendo importante insumo para a indústria e para o transporte. Sua produção ocorre tanto a partir da agropecuária quanto por aterros sanitários. O potencial é enorme”, diz.
Ela lembra ainda que o biocombustível é obtido pela purificação do biogás e que hoje há produções no Brasil apenas no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Ceará e no Paraná – mas que a demanda existe em todo o País.
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