Minas Gerais tem segunda maior expansão do País em micro e minigeração distribuída

Em janeiro, Minas Gerais registrou 6.219 novas usinas de micro e minigeração distribuída de energia elétrica (MMGD), o que resultou na adição de 83,2 megawatts (MW), segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No período, o Estado foi o segundo do País no número de sistemas instalados e na ampliação da capacidade.

No primeiro mês do ano, São Paulo liderou tanto a instalação de sistemas, com 13.465 novas usinas, quanto a expansão da potência, com a adição de 122,4 MW. Todas as novas usinas instaladas no País em janeiro geram energia integralmente a partir de painéis solares fotovoltaicos.

Frente ao mesmo mês de 2024, os números de Minas Gerais em janeiro deste ano representam um aumento de 41,3% no número de instalações realizadas e de 6,8% na expansão de potência de micro e minigeração distribuída de energia elétrica.

O coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bruno Catta Preta, afirma que a tecnologia ainda é desconhecida pela maior parte da população e aponta a continuidade do crescimento no número de sistemas e capacidade de geração de energia de MMGD no Estado no decorrer deste ano.

“A gente está com muita esperança e ansiedade que venha logo uma estabilidade econômica e política, com a queda da Selic (taxa básica de juros). Os juros baixando, os financiamentos ficam mais acessíveis, os bancos vão ter mais apetite para emprestar para pessoas das classes C e D poderem financiar seus sistemas e usufruir de uma energia limpa e renovável”, disse.

Na MMGD, o consumidor gera sua própria energia elétrica e lança o excedente de geração de energia na rede de distribuição, para usar nos momentos em que não há mais produção. A microgeração distribuída ocorre em centrais geradoras com potência instalada de até 75 quilowatts (kW). Já a minigeração distribuída é para centrais com potência acima de 75 kW até 3 MW, ou até 5 MW em situações específicas.

Catta Preta ressalta que, para a expansão deste mercado continue, é necessário um trabalho atento do integrador, que é o agente responsável que faz de fato a instalação fotovoltaica. São os profissionais e empresas que vão às residências verificar as condições de instalação e entram em contato com a concessionária da rede de distribuição de energia, no caso de Minas, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), para homologação dos projetos.

“A gente precisa que este integrador esteja atento às oportunidades que o mercado vem apresentando, as novidades, como os inversores híbridos e as baterias, que vão ajudar muito no crescimento do nosso setor”, declarou.

Solução para a disputa em Minas na geração distribuída

Essas oportunidades, principalmente as baterias, disse Catta Preta, podem ser uma solução frente aos problemas que a MMGD enfrenta em Minas Gerais, relacionados à limitação da capacidade da rede de distribuição. As empresas do setor criticam que as alegações de inversão de fluxo da Cemig em novas conexões impedem um crescimento maior do mercado.

“A solução para isso seria um grande investimento em novas subestações, novas linhas de transmissão, que a concessionária alega que está fazendo, mas é um plano de longo prazo, que demora e a população tem pressa. As pessoas querem economizar agora, querem acesso à energia solar agora”, pontua o coordenador da Absolar.

Em nota, a Cemig declarou que, após o pedido de conexão, faz uma análise se a rede local comporta a ligação de um novo ponto de geração. Nos casos em que a rede não suporta, há risco de inversão de fluxo, que ameaça a segurança do sistema elétrico. A estatal aponta que nessas situações o solicitante pode armazenar a energia gerada e utilizar no período noturno.

Esta é a solução encontrada pelo mercado para o caso mineiro, disse Bruno Catta Preta. Os sistemas “zero grid”, em que a usina de geração de energia continua conectada à rede de distribuição, mas o excedente de energia gerado é armazenado em baterias durante o processo de produção, durante o dia, e injetado na rede durante a noite.