Ritmo do mercado de trabalho em Minas Gerais desacelera no primeiro semestre

Minas Gerais criou 149.282 vagas de emprego com carteira assinada no primeiro semestre de 2025, ao registrar cerca de 1,509 milhão de admissões e 1,360 milhão de demissões. O saldo positivo, no entanto, diminuiu 8,6% em comparação ao mesmo intervalo do ano passado, sinalizando uma perda de ritmo do mercado de trabalho mineiro.
Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta segunda-feira (4) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Apenas em junho, o Estado gerou 24.228 vagas, superávit derivado de 237.555 contratações e 213.327 desligamentos. Em relação à igual mês do ano anterior, houve queda de 15,4%.
“O resultado da geração de empregos formais foi positivo e surpreendeu, ainda que menor que o de 2024”, diz o professor de pós-graduação em Finanças do Ibmec Gilberto Braga.
Segundo o docente, se espera que, neste ano, a performance do mercado de trabalho seja inferior à do exercício passado, porém ressalta que, tradicionalmente, o segundo semestre costuma ser aquecido. Ele pontua que, no período, há o pagamento do 13º salário aos trabalhadores, e, a partir do último trimestre, começam as contratações temporárias – que, muitas vezes, se tornam permanentes – para atender a demanda de fim de ano.
“A taxa de juros elevadas e a indefinição com relação à economia de uma forma geral, tanto no mercado interno, quanto as questões de comércio exterior e a possibilidade disso vir afetar a estabilidade do trabalho, tem mantido o empresariado ainda em compasso de espera. Então, muitas contratações não foram feitas por conta do custo financeiro e de uma falta de previsibilidade com relação ao ambiente empresarial”, explica.
Conforme análise da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apesar da taxa Selic em 15% ao ano, patamar elevado historicamente, o mercado de trabalho tem se mostrado resiliente.
“Isso se deve, em parte, às transferências governamentais, que tem atuado na direção oposta a do aperto monetário, reduzindo a efetividade da taxa de juros como freio à atividade”, diz.
Minas Gerais foi o 2º estado que mais gerou vagas no País, apesar da desaceleração
Mesmo com a desaceleração do mercado de trabalho, Minas Gerais teve o segundo maior saldo positivo entre as unidades da Federação no primeiro semestre deste ano, atrás somente de São Paulo, com 349.904 vagas. Nacionalmente, apenas Alagoas apresentou déficit (-8.761). Ao todo, foram gerados mais de 1,2 milhão de empregos no Brasil.
Igualmente, no mês de junho, o Estado ficou em segundo lugar do ranking, atrás de São Paulo, que criou 40.089 empregos. Das 27 unidades federativas, apenas o Espírito Santo apresentou déficit (-3.348). Em todo o território nacional, foram abertas 166.621 vagas.
Setor de serviços se destaca no ano e agropecuária no mês
Ainda conforme os números do Caged, os cinco grandes setores econômicos apresentaram resultados positivos em Minas Gerais. O fato aconteceu tanto no semestre quanto em junho.
No que se refere ao acumulado dos primeiros seis meses, o principal destaque ficou com o setor de serviços, que abriu 57.832 postos de trabalho. Na sequência ficaram: agropecuária (37.903), indústria (27.929), construção (19.921) e comércio (5.702).
No mês que encerra a primeira metade do ano, o desempenho do Estado foi puxado, principalmente, pela agropecuária, com a abertura de 12.278 vagas de emprego. Em seguida, vieram: serviços (5.621), indústria (3.167), comércio (2.241) e construção (922).
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