Minas Gerais tem 7,5% a mais de vagas temporárias em 2025, mas falta mão de obra
O número de vagas temporárias em Minas Gerais está 7,5% maior em 2025 na comparação com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Trabalho Temporário (Asserttem). Se preenchidas, evidenciarão a importância do regime jurídico do trabalho temporário para a qualificação profissional e a possibilidade de ingresso no mercado de trabalho.
A avaliação é do diretor da Asserttem em Minas Gerais, Glaucus Botinha. Segundo ele, o varejo e o e-commerce são os que mais contratam no fim do ano, visando a maior demanda da Black Friday e do Natal. No entanto, a falta de mão de obra continua sendo um grande obstáculo para o comércio, assim como o desinteresse dos profissionais.
“O temporário chega a ser um desafio, pois como a vaga tem um prazo curto, as empresas precisam ter maior poder de convencimento. As comparações com outras modalidades acabam acontecendo e é preciso superá-las”, comenta.
Apesar disso, o dirigente ressalta que o trabalho temporário é uma porta de entrada para as empresas e há grandes possibilidades de efetivação. “Praticamente 25% das contratações temporárias são efetivadas ao final dos contratos. É uma grande oportunidade de inserção”.
O diretor pontua ainda que o mercado informal e as bolsas sociais têm sido grandes concorrentes do trabalho temporário. “O trabalho informal está bem mais ativo do que era no passado e as bolsas governamentais tiram um pouco da atratividade do mercado de trabalho”, justifica.
Por outro lado, pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) mostra que menos empresas vão contratar este ano. De acordo com os dados, 7,2% das empresas do Estado estão contratando mão de obra extra, número abaixo das intenções do ano passado, quando 10,4% sinalizavam admissão de funcionários temporários.
A economista da Federação, Gabriela Martins, explica que a menor expectativa de contratação de temporários pode estar atrelada a um cenário de cautela no varejo mineiro. Fatores como a desaceleração do consumo, reflexo da renda comprimida e do elevado nível de endividamento das famílias, que limita expectativas de aumento expressivo no fluxo de clientes no fim do ano, podem, segundo a economista, estar afetando as intenções.
“Isso porque, conforme a pesquisa, 34,5% das empresas consideram sua equipe atual suficiente, o que sugere que os empresários do comércio varejista de Minas Gerais estão com projeções mais conservadoras quanto à demanda de final de ano”, ressalta.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, comenta que apesar do número de lojistas com intenção de contratação ser menos expressivo que nos últimos anos, as vagas temporárias representam uma oportunidade de efetivação.
“Nosso levantamento mostra que mais da metade dos empresários que irão contratar na temporada acredita na possibilidade de efetivação desses profissionais. As empresas estão em busca de pessoas comprometidas e dispostas a aprender”, diz.
Segundo o presidente da CDL/BH, o comércio vive neste momento, o aquecimento das contratações e que a tendência é de pico nas próximas semanas. As vagas mais ofertadas em Belo Horizonte são para vendedores, caixas e atendentes. Ele ressalta, porém, que as contratações têm sido “um pouco difíceis” já que os profissionais ainda não demonstram o interesse ou a disponibilidade esperados para o período.
No mês passado, a Associação Mineira de Supermercados (Amis) divulgou que os supermercados de Minas Gerais pretendem contratar cerca de 5 mil colaboradores no regime temporário. Mas, na ocasião, o presidente do conselho diretor da Amis, Alexandre Poni, lembrou que 2025 tem sido um ano desafiador para o varejo, principalmente, em função da baixa oferta de mão de obra qualificada. E contou que para superar esse desafio, muitas empresas têm oferecido oportunidades a pessoas com 50 anos ou mais e aposentados que desejam retornar ao mercado de trabalho.
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