Economia

Abertura de empresas perde ritmo em Minas Gerais

No País, a expansão é especialmente visível no segmento das micro e pequenas empresas, que lideram o movimento
Abertura de empresas perde ritmo em Minas Gerais
Foto: Adobe Stock

Minas Gerais conta, atualmente, com mais de 2,2 milhões de empresas ativas, o que representa quase 10% na participação do mercado nacional em 2024 e foi o segundo Estado no quesito de abertura de empresas, contabilizando mais de 500 mil no ano passado. Em contrapartida, Minas Gerais também ocupou a segunda colocação como o Estado que mais apresentou fechamento de empresas, com 387 mil negócios encerrados no ano anterior.

Os dados são da segunda edição do estudo “CNPJs do Brasil” realizado pela BigDataCorp, que traz uma análise do cenário das empresas no País, indicando que o avanço na quantidade de empreendimentos em operação demonstra o dinamismo do mercado brasileiro, que segue em franca expansão.

Em março deste ano, o Brasil superou a marca de 64 milhões de CNPJs registrados, número 7,72% maior do que o verificado no mesmo período do ano anterior. Quando analisadas somente as empresas ativas, o crescimento foi de 16,11%, saindo de 21,8 milhões de estabelecimentos para 25,3 milhões.

De acordo com o CEO da BigDataCorp, Thoran Rodrigues, Minas Gerais ainda é um dos Estados com maior número de empresas no Brasil, mas o ritmo de abertura de empreendimentos tem ficado abaixo da média nacional. “Isso indica uma possível perda de protagonismo no cenário empreendedor, especialmente diante da expansão de outros estados. A relação entre população e número de empresas permanece equilibrada, mas o dinamismo tem sido menor”, observa.

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Uma das formas de análise da distribuição geográfica das empresas no País é a avaliação da proporção entre a população do estado e a quantidade de empresas que estão sediadas no mesmo. “Se todas as condições para o empreendedorismo fossem exatamente iguais ao redor do Brasil, considerando que a maioria (88,49%) das empresas são micro e pequenas, o número de empresas em um determinado estado deveria estar diretamente relacionado com o número de pessoas que moram nele”, explica.

“Em outras palavras, a proporção entre o percentual das empresas do Brasil que tem sua sede em um estado e da população brasileira que habita nele deveria ser muito próxima ou igual a 1. Em Minas esse valor é 1.03, o que indica uma relação entre empresa e pessoa física mais saudável. Em compensação, São Paulo tem a razão de 1.45”, compara o executivo.

No País, a expansão é especialmente visível no segmento das micro e pequenas empresas, que lideram o movimento. As microempresas individuais (MEIs) cresceram 20,90% nos últimos 12 meses e já são 78,74% dos CNPJs ativos. Pequenas empresas familiares, que possuem dois ou mais sócios, todos da mesma família, são a segunda maior categoria, representando 9,75% do total. Ao todo, 88,49% das organizações brasileiras são micro ou pequenas empresas familiares e a evolução desse tipo de negócio é um reflexo de transformações importantes na sociedade e na economia brasileira.

Rodrigues destaca que o crescimento observado é resultado de duas grandes tendências em curso no mercado. “Primeiramente, temos o forte fenômeno da ‘pejotização’ das relações de trabalho. Nesse contexto, muitas pessoas que antes eram empregadas com carteira assinada no modelo tradicional passaram a atuar como prestadoras de serviços, estruturando suas atividades como empresas”, observa.

Essa transformação na forma como as pessoas são contratadas pode ser vista no crescimento das empresas que declaram a “promoção de vendas” ou o “apoio administrativo” como suas atividades econômicas principais. Essas duas atividades são comumente utilizadas por trabalhadores que estão migrando para um modelo de PJ e foram os dois tipos de atividade mais presentes nas novas empresas. 6,76% dos CNPJs abertos ao longo de 2024 tinham uma delas como sua principal área de atuação.

“A formalização de pequenos negócios, especialmente aqueles vinculados à chamada gig economy, é a segunda grande tendência apontada pelo estudo. Como exemplo, observamos que diversas atividades no setor de transporte, tanto de passageiros quanto de cargas, tiveram uma participação acima do esperado nas aberturas de empresas”, complementa Rodrigues.

Além do setor de transporte, a formalização também se reflete no pequeno comércio e em serviços essenciais como cabeleireiros e manicures, segmentos que seguem com forte crescimento no número de empresas abertas.

Mortalidade de empresas também é alta

Apesar do crescimento total da quantidade de empresas ativas, o estudo também revelou um aumento na mortalidade empresarial. Proporcionalmente, mais empresas encerraram suas atividades ao longo de 2024 do que em qualquer ano anterior, exceto em 2021, quando o País ainda lidava com os efeitos da pandemia. Uma grande parte dessa mortalidade está relacionada com um retorno à normalidade na economia.

Observou-se, por exemplo, uma quantidade desproporcional de empresas no setor de preparação de alimentos para entrega, refletindo uma contração em um segmento que teve grande crescimento de 2020 até 2022. Ao longo de 2024, 1,66% dos negócios encerrados atuavam nessa área.

“Essa aceleração nos fechamentos, quando combinada com o aumento das aberturas, aponta para uma maior volatilidade no mercado brasileiro, com empresas menos longevas e mais churn (rotatividade ou taxa de cancelamento de clientes ou assinantes de uma empresa)”, constata o executivo.

Cenário econômico exige cada vez mais inovação das empresas

Ainda que nos últimos anos, a busca pelo termo ‘MEI’ no Google venha apresentando queda, já existe uma sinalização de possível alta em 2025. É o que apontam os insights coletados pela Timelens, empresa de tecnologia e inteligência de dados para negócios, marcas e creators.

De acordo com levantamento da empresa, até 2022 houve aumento de mais de 10% na procura, enquanto em 2023 e 2024 o cenário foi de redução de -7% e -11%, respectivamente. Em 2025, até o momento, foi registrado o crescimento superior a 22% comparado com o mesmo período dos anos anteriores.

Em contrapartida, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem sido tema recorrente em diversos debates nas redes sociais, internet e sociedade. A Timelens levantou que o volume de conversas sobre o modelo de trabalho ultrapassou 1 milhão de menções entre 2021 e 2025.

O assunto divide opiniões, principalmente dos jovens da Geração Z que associam a CLT à falta de liberdade e oportunidades. Influenciadores e usuários expressam ‘desdém’ pelas estruturas tradicionais de emprego, defendendo, em vez disso, a liberdade e a flexibilidade empresarial. Os comentários negativos cresceram em ritmo mais acelerado: 236%, contra 221% dos positivos. 

Ainda segundo a Timelens, as palavras-chave mais procuradas foram “Como abrir MEI gratuito” (com variações entre 400% e 5000%); e “Como abrir MEI pelo celular” (650%). A análise indica que os usuários estão buscando cada vez mais praticidade, autonomia e soluções digitais ágeis e simplificadas.

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