Minas Gerais inicia ano com alta na taxa de inadimplência das empresas

Em janeiro deste ano, 26,3% dos negócios de Minas Gerais estavam com as contas negativadas, de acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. A taxa de inadimplência dos negócios do Estado voltou a subir em relação ao mês anterior (26%). Entretanto, é menor do que a registrada em janeiro do ano passado (26,7%) e está abaixo da média nacional, de 31,4% do total de companhias existentes.
Segundo o levantamento, eram pouco mais de 634,5 mil negócios inadimplentes em território mineiro no primeiro mês do ano, montante 4,3% superior a janeiro de 2024, quando o Estado concentrava 608,3 mil companhias com as contas no vermelho.
Para entender a dinâmica da inadimplência das empresas de Minas Gerais e do Brasil, é preciso observar a inadimplência do consumidor, afirma a economista do Serasa, Camila Abdelmalack. “Acaba tendo um efeito cascata. E a gente viu uma piora bastante importante no quadro de inadimplência do consumidor”, disse.
O atual cenário da economia, com expectativa de elevação da taxa básica de juros (Selic) e desaceleração econômica, gera uma dificuldade para as empresas tentarem se refinanciar, já que os CNPJs têm a sua estrutura de custos prejudicada. “Haverá desaceleração do consumo e, dado esse desenho, muito provavelmente a gente vai ver aí um novo recorde para o número de empresas inadimplentes”, aponta a economista.
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Cerca de 95% dos negócios em situação de inadimplência em Minas Gerais, em janeiro de 2025, são MPEs. O levantamento também registrou o volume de 4,4 milhões de dívidas das empresas mineiras no mês, um crescimento de 12,7% na comparação ano a ano.
Todas as dívidas das empresas de Minas Gerais equivalem à soma de R$ 13,2 bilhões. O montante é 33,8% superior à soma das dívidas das companhias mineiras no mesmo período de 2024, de R$ 9,8 bilhões. O endividamento médio das empresas mineiras era de R$ 20,8 mil, resultado 28,3% superior ao registrado em janeiro de 2025 (R$ 16,2 mil). Em média, cada CNPJ negativado no Estado possuía 7 contas atrasadas no primeiro mês deste ano.
Camila Abdelmalack também destaca o crescente número de pedidos de recuperação judicial (RJ) no País como consequência desse quadro do inadimplemento empresarial. “Se não conseguirmos prever um quadro melhor na inadimplência do consumidor e das empresas, o que podemos ver em 2025 é um novo recorde de pedidos de recuperação judicial”, pontua.
A economista ressalta que este cenário macroeconômico de desaceleração, Selic elevada e aumento da inflação, não só aumentará os pedidos de RJ, como também reduz o acesso ao crédito, já que a inadimplência gera um custo para o mercado desse recurso financeiro.
Endividamento das empresas no Brasil sobe 21,2%
Em todo o País, eram 7,1 milhões de empresas que estavam com as contas no vermelho em janeiro de 2025. O resultado é 5,9% superior ao registrado no mesmo período de 2024. Cerca de 6,6 milhões dos negócios inadimplentes no Brasil eram MPEs.
O levantamento da Serasa Experian também registrou o volume de 50,6 milhões de dívidas no primeiro mês do ano, um crescimento de 7,2% na comparação ano a ano. Todas essas dívidas das empresas brasileiras equivalem a R$ 154,9 bilhões, valor 21,2% superior à soma das dívidas das companhias do País em janeiro de 2025.
O endividamento médio das empresas no Brasil é de R$ 21,9 mil, resultado 14,5% acima do registrado em janeiro de 2024. Somente as dívidas das MPEs no Brasil somadas ultrapassaram R$ 133,9 bilhões no primeiro mês de 2025. O valor é 21,7% maior à soma das dívidas das MPEs brasileiras no mesmo período de 2024.
Entre os estados, Alagoas registrou a maior taxa de inadimplência das empresas no País, com 41,1% de suas companhias com pendências financeiras. Em seguida, aparecem Distrito Federal (39,9%) e Pará (39,3%) como os estados com a maior taxa de CNPJs no vermelho.
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