Economia

Minas é o 2º estado com maior receita no comércio, mas paga o menor salário da região Sudeste

Pesquisa do IBGE mostra que, apesar da alta participação na geração de receita e empregos formais, o comércio mineiro registra a menor remuneração média entre os estados do Sudeste
Minas é o 2º estado com maior receita no comércio, mas paga o menor salário da região Sudeste
Foto: Giulia Simmons/Diário do Comércio

Minas Gerais é o segundo estado do Brasil com maior receita comercial bruta e o maior contingente de pessoal ocupado em empresas comerciais. Apesar disso, o Estado paga os salários mais baixos aos trabalhadores desse setor na região Sudeste.

Veja a média de salários mínimos no setor comercial:

  • Brasil: 2,0 salários mínimos;
  • Região Sudeste: 2,1 salários mínimos;
  • Minas Gerais: 1,6 salários mínimos.

A análise é resultado da Pesquisa Anual do Comércio (PAC), referente a 2023, o dado mais recente desde o início da série histórica, em 1996. O documento foi divulgado nessa quinta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme o relatório, 10% da receita comercial bruta e 10,8% do pessoal ocupado do País são oriundos do comércio de Minas, que fica atrás apenas de São Paulo, com 29,2% de receita comercial e 28,8% de pessoal ocupado na participação nacional.

Em 2023, segundo o IBGE, a atividade comercial em Minas Gerais registrou R$ 767,1 bilhões de receita bruta de revenda e de comissões sobre vendas. O setor empregou cerca de 1,13 milhão de pessoas no Estado, em 182.689 unidades comerciais locais.

De acordo com a pesquisa, o setor comercial mineiro pagou R$ 31,2 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações no ano. ““Apesar da posição de destaque na geração de receita, o comércio mineiro paga o menor salário médio da região Sudeste: 1,6 salário mínimo”, observou o instituto.

Enquanto isso, São Paulo pagou 2,4 salários mínimos. Em outras regiões, Mato Grosso pagou 2,2 salários mínimos e Santa Catarina, 2,1 salários mínimos.

Cenário é crítico, diz economista do Corecon-MG

“Minas está abaixo até mesmo da média nacional, que é de 2 salários mínimos. De fato, há uma discrepância entre receita e remuneração, o que evidencia um cenário crítico. Há muito volume, mas falta retorno para os trabalhadores”, afirmou o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Gabriel Vaz.

Segundo ele, entre os motivos para o salário mínimo médio encontrado em Minas ser menor do que nos outros estados da região Sudeste pode estar a comercialização de produtos de menor valor agregado, o que puxa a margem das empresas para baixo e, consequentemente, o salário.

O especialista chama atenção sobre a importância de melhorar esses salários pois, caso contrário, pode haver desinteresse da população em atuar no setor. Ele defende que o Estado atue para atrair empresas com maior margem de lucro, em áreas de maior valor agregado, como tecnologia e logística avançada, a fim de aumentar esses rendimentos.

Comércio é a soma de três segmentos, segundo IBGE

As atividades comerciais, segundo o IBGE, são divididas em três grandes segmentos, baseados nas divisões da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0):

  • comércio de veículos, peças e motocicletas;
  • comércio por atacado;
  • e comércio varejista.

Em 2023, o comércio por atacado, concentrado em vendas a outras empresas, foi responsável por 48,3% da receita bruta de revenda e comissões sobre vendas em Minas, totalizando R$ 370,6 bilhões.

No mesmo ano, o comércio varejista, voltado ao consumidor final, ficou em segundo lugar, com 43,0% de participação, somando R$ 330,2 bilhões.

Já o segmento de veículos, peças e motocicletas respondeu por 8,6% da receita do setor no Estado, com R$ 66,3 bilhões.

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